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Ele faz a economia circular [test]

Albano Schmidt profissionalizou a gestão e redefiniu os rumos da Termotécnica, que se destaca pela inovação e se tornou a maior em seu ramo, além de principal referência brasileira em reciclagem de EPS.

Tanto Albano Schmidt quanto a Termotécnica nasceram em 1961, com poucos meses de diferença. Foi só no final da década de 1990, contudo, que os caminhos do empresário e da empresa que ele lidera se uniram em definitivo. Desde então, a fabricante de produtos feitos com EPS – denominação oficial do isopor – vem ganhando consistência e reputação ano após ano. Hoje, a Termotécnica é reconhecida pela inovação, preocupação ambiental e gestão de pessoas, políticas que a têm colocado repetidamente na lista das mais sustentáveis e melhores para se trabalhar no País.


Albano tem o mesmo nome do avô, que em 1938 foi um dos fundadores da Fundição Tupy, em Joinville. Com a morte do líder, em 1958, o comando da empresa passou às mãos do filho Hans Dieter Schmidt, que à época tinha apenas 26 anos. Visionário, Dieter criou a Escola Técnica Tupy, que se tornaria referência nacional na formação de profissionais para a indústria.


Em 1973, aos 11 anos, Albano ingressou na instituição de ensino criada pelo pai, de onde sairia formado técnico em Metalurgia em 1979. Na sequência, iniciou o curso de Engenharia de Produção no Instituto de Ensino de Engenharia Paulista (IEEP), em São Paulo. Estava no segundo ano do curso quando recebeu a trágica notícia da morte do pai, ocorrida num acidente aéreo na região Oeste de Santa Catarina.

Schmidt diz que "um reconhecimento internacional como este é um atestado de que estamos no caminho certo"
Schmidt diz que "um reconhecimento internacional como este é um atestado de que estamos no caminho certo"


Depois que se formou, em 1984, Albano partiu em busca de experiências internacionais. Trabalhou um ano na Alemanha, em alguns fabricantes de máquinas e equipamentos parceiros da Tupy, e fez MBA no Babson College, nos Estados Unidos. Ao concluir o curso, resolveu se dedicar a empreendimentos próprios. Um deles foi a importação de caixas de fósforos.


Em 1995, quando o controle acionário da Tupy foi transferido para fundos de pensão, a Termotécnica, que fazia parte do grupo, não entrou no negócio e continuou sob administração da família. A empresa, uma das pioneiras brasileiras na fabricação de produtos de isopor, chamava-se originalmente Tupiniquim. No momento em que o portfó­lio até então baseado em atividades de recreação (incluindo bolas, peças de carnaval, adereços e caixas de isolamento térmico para bebidas) ganhou um perfil mais técnico, especialmente soluções para câmaras frias industriais, o nome foi mudado para Termotécnica.


Naquele mesmo ano de 1995 Albano assumiu o cargo de secretário adjunto de Indústria e Comércio do Estado de Santa Catarina. Mudou-se para Florianópolis interessado em contribuir para o desenvolvimento do Estado e, de certa forma, resgatar a trajetória interrompida do pai – que sofrera o acidente justamente enquanto ocupava o cargo de secretário de Indústria e Comércio.


Depois de um ano de experiência na administração pública, Albano decidiu retornar a Joinville e assumiu a diretoria industrial da Termotécnica. Ao mesmo tempo, passou a presidir a Associação Comercial e Industrial de Joinville (ACIJ). Em 1999, ao final do mandato frente à entidade, assumiu a presidência da Termotécnica – em meio a conflitos societários entre os familiares – com um projeto de longo prazo. Convicto da viabilidade da empresa e apoiado em sua visão estratégica do negócio, ele profissionalizou a gestão, superou as divergências e, ao final de uma série de negociações, adquiriu a totalidade das participações societárias da Termotécnica.

40 mil toneladas: Quantidade de EPS reciclado pela Termotécnica.
40 mil toneladas: Quantidade de EPS reciclado pela Termotécnica.


Uma das marcas que imprimiu à frente da empresa – que detém 65% de participação em seu mercado – é a da inovação. Constantemente reforçado por lançamentos, o portfólio inclui novidades como a iPack – embalagem leve, resistente a compressão, impacto e vibração, ideal para produtos que vão desde a linha branca até a automotiva – e o Upally, base de movimentação até 90% mais leve que as soluções tradicionais (os pallets feitos de madeira ou plástico), propiciando reduções significativas no custo do frete aéreo.


A empresa passou a atuar também no agronegócio com a linha DaColheita, que inclui produtos como conservadoras para hortifrúti, bandejas de mudas e caixas para abelhas. Um desses produtos, a Conservadora para Cumbucas de Frutas, foi premiado este ano com o “Oscar” mundial das embalagens, o prêmio World Star, concedido pela World Packaging Organisation, entidade que reúne associações de embalagens de todo o mundo. Depois de vencer o prêmio da Associação Brasileira de Embalagem (ABRE) no ano passado, o produto concorreu no prêmio mundial com 319 embalagens de 35 países. Foi reconhecido pela combinação entre leveza, que diminui os custos logísticos, e resistência, que reduz os impactos no transporte – e, acima de tudo, por possibilitar um aumento de até 30% no tempo de vida dos produtos na prateleira (shelf life), sem perda das propriedades nutricionais. “Um reconhecimento internacional como este é um atestado de que estamos no caminho certo”, orgulha-se Albano.


Referência | Outra grande contribuição da Termotécnica para o meio ambiente é a atuação decisiva da empresa no desenvolvimento de tecnologia e logística para a reciclagem do EPS, incluindo a implementação do ciclo reverso para a reciclagem de embalagens de eletrodomésticos de linha branca no Brasil. “O EPS é um material 100% reciclável, cuja fabricação não traz riscos à saúde e ao meio ambiente, além da baixa utilização de recursos naturais, como água e energia”, descreve Albano, que também preside o Comitê Estratégico para Logística Reversa da FIESC.

Termotécnica
  • Ano de Fundação: 1961
  • Número de Funcionários: 900
  • Matriz: Joinville
  • Outras Unidades: São José dos Pinhais (PR), Rio Claro (SP), Petrolina (PE) e Manaus (AM)
 


O Programa Reciclar EPS desenvolvido pela Termotécnica – que hoje conta com mais de 1.200 pontos de coleta e 170 empresas parceiras – é responsável por um terço de todo o EPS reciclado no País, contribuindo para a renda de mais de 5 mil famílias em 370 cooperativas. O case virou referência e levou representantes da empresa a realizar mais de 200 palestras nos últimos quatro anos sobre a temática da economia circular, conceito que abrange a reciclagem e a reutilização de materiais. A companhia já coletou mais de 40 mil toneladas de EPS e as transformou em novos produtos. A qualidade da gestão da Termotécnica foi reconhecida pelo Prêmio Catarinense de Excelência 2019, concedido em outubro.


A experiência acumulada levou Albano à decisão de não ter parentes trabalhando na empresa. Os três filhos do casamento de 33 anos com Scheila – a quem ele faz questão de destacar como “companheira incansável na superação das adversidades que a vida de empresário enfrenta” – sempre foram incentivados a buscar caminhos próprios. O mais velho, Albano Francisco, formado em Direito, atua como advogado, tem uma desenvolvedora de softwares e uma loja de games. Antônio está estudando Psicologia e a caçula Kamile, 13 anos – que chegou à família quando já tinha três anos –, ainda tem muito tempo para decidir o caminho profissional que seguirá. Além do convívio com a família, Albano gosta de relaxar jogando golfe e praticando kitesurfe.

Por Maurício Oliveira

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