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Dário ataca os juros altos e diz que o Brasil tem pouco a comemorar

Senador participou da reunião de diretoria da FIESC, nesta sexta-feira (17), em Florianópolis

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Florianópolis, 17.6.2016 – Na reunião de diretoria da FIESC, o senador Dário Berger disse que passados um ano e cinco meses de seu mandato tem pouco a comemorar e muito a avançar. “Minha opinião é de insegurança, incerteza e até de desesperança. Hoje, percebo, mais do que nunca, um Brasil que não funciona e o quanto o País está atrasado, distante das necessidades e dos nossos sonhos e ideais de construir um Brasil para todos os brasileiros”, afirmou ele, durante encontro, realizado nesta sexta-feira (17), em Florianópolis.

O parlamentar disse que uma das missões mais sublimes de um presidente da República é lutar para reduzir as desigualdades e as diferenças que existem, para construir uma sociedade mais justa e com menos problemas. No entanto, o País anda devagar e não consegue atingir o objetivo no tempo que precisa. “Lamentavelmente, é esse o Brasil que estamos vendo no momento. Infelizmente, a política exerce influência vital nas nossas vidas”, declarou, salientando que o Brasil vive o fim de uma era, para então resumir: “a economia entrou em queda livre, o dinheiro acabou, o sistema faliu e o governo, irresponsavelmente, gastou mais do que arrecadou”, disse Berger. Isso colocou o Brasil numa crise econômica sem precedentes, acrescentou, lembrando que quando o governo vai mal, manda a conta para a sociedade pagar.


Na opinião do senador, a atual taxa básica de juros (14,25% ao ano) é absurda se comparada a de outros países, como os Estados Unidos, que é de 0,25% ao ano, a China, que é de 6%, e Portugal, que é de 0,25%. Dário informou que em 2015 o Brasil pagou R$ 940 bilhões de juros e rolagem da dívida, mas investiu só R$ 9 bilhões em infraestrutura de transporte. Ele também falou da falta de reformas e disse que é um cenário que precisa ser enfrentado, ou o Brasil continuará convivendo com inflação e juros altos, inércia e rombo nas contas públicas.

O presidente da FIESC, Glauco José Côrte, disse que o senador expressou o que está acontecendo no País, e, sem dúvida, uma das causas é a pouca valorização que o governo anterior deu à iniciativa privada. “Pelo contrário. Todas as medidas sempre encontraram uma barreira grande, o que impediu muito os investimentos e uma atuação mais expressiva do setor privado. A gente espera que o novo governo faça esse reconhecimento e deixe a iniciativa privada trabalhar”, afirmou, lembrando que o senador vem do setor privado e sabe como é duro conseguir uma licença ambiental e empreender no País. “Mas isso não abate o ânimo do industrial, que continua trabalhando e se esforçando”, ressaltou. Ele também informou que Santa Catarina registra saldo positivo na geração de empregos. De janeiro a abril, a indústria de transformação abriu 8,9 mil vagas.

Tecnologia e saúde: Avanços tecnológicos e saúde e segurança no trabalho, considerados fundamentais para a competitividade da indústria, também foram temas abordados na reunião de diretoria da FIESC pelos gestores do SENAI e do SESI no Estado. Jefferson de Oliveira Gomes, diretor regional do SENAI, falou aos empresários sobre os desafios do setor diante do fenômeno Indústria 4.0 – também chamado de manufatura avançada ou internet das coisas. Já o superintendente do SESI/SC, Fabrizio Machado Pereira, relatou a missão realizada aos Estados Unidos, onde uma delegação da FIESC participou de eventos e reuniões sobre saúde e segurança no trabalho.

Jefferson de Oliveira Gomes afirmou que vem participando de discussões sobre a quarta onda da revolução industrial que envolvem 700 especialistas de todo o país, 70% representando o setor industrial. Os encontros são promovidos pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), Unesco e os ministérios da Indústria, Comércio Exterior e Serviços e da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. O diretor do SENAI citou setores como o agronegócio e a extração de pré-sal entre os que têm maior potencial de desenvolvimento de cadeias de suprimentos no país. Salientou ainda que a nova tendência de negócios é a customização em massa, na qual “o cliente determina o que a empresa tem que fazer”, com o uso de tecnologias intensivas em digitalização, sensores, softwares com inteligência artificial, robótica colaborativa e manufatura híbrida.

Pereira destacou que a delegação da FIESC, coordenada pelo presidente Glauco José Côrte, manteve contatos com diversas instituições e participou de eventos relacionados com a saúde e segurança no trabalho, nas cidades norte-americanas de Washington (capital), além de Mountain View e Palo Alto (Califórnia). Nas atividades, foram tratados de aspectos relacionados ao assunto, como saúde, nutrição, comportamento, atividades físicas, estresse relacionado a distúrbios psíquicos, entre outros. O presidente da FIESC destacou que há uma “tendência que vem se consolidando nos Estados Unidos e Inglaterra, assim como aconteceu há alguns anos com questões como responsabilidade social e meio ambiente, de que cada vez mais as empresas estão dando valor, nas bolsas de valores ou aquisições, para as que mantém políticas de preservação da saúde do trabalhador”. Outro aspecto observado por Côrte é a proposta que vem se firmando em relação à redução do tempo de afastamento do trabalhador adoecido. “Retirar o trabalhador do ambiente de trabalho não encurta, mas alonga o tratamento”, afirmou. A sugestão, segundo o empresário, em situações possíveis, é manter o trabalhador em tempo parcial no ambiente de trabalho.

Gás natural: Ainda durante a reunião de diretoria, o vice-presidente regional da FIESC, Israel Marcon, apresentou detalhes da missão técnica a Portugal, iniciativa realizada pela SCGás e a FIESC, em maio, com o objetivo de conhecer a logística de distribuição de GNL (Gás Natural Liquefeito) e o sistema de armazenamento e distribuição do GNL no país europeu. O insumo chega a Portugal pelo Terminal Portuário de Sines, ao Sul de Lisboa, vindo, em grande parte, da Nigéria. No terminal, a maior parte do GNL é regaseificado e distribuído via rede de tubulações. O restante é distribuído pelo modal rodoviário. Segundo o diretor-presidente da SCGás, Cosme Polêse, a concessionária catarinense estuda a interiorização do gás natural pelo “modal virtual”, que é o transporte de gás por meio de caminhões ou contêineres. “É uma modalidade nova que vem ganhando espaço no mundo e temos a obrigação de estudar e, eventualmente, apresentar como solução para o Estado”, declarou. Ele também informou aos empresários a redução média de 17% nas tarifas do insumo, influenciada pela retração no preço do barril de petróleo no mercado internacional. “É nossa contribuição nesse momento delicado da economia”, reforçou.

O presidente da FIESC disse que, normalmente, as notícias são de aumento de preço. “É um insumo importante e sabemos que a SCGás poderia não ter tomado essa iniciativa. Cumprimento-o por essa atitude de contribuição nesse momento difícil para a indústria”, declarou.


 


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