Florianópolis, 19.9.2014 - A indústria 4.0, também conhecida como a quarta revolução industrial, tem como principal característica a colaboração entre as diferentes áreas e a participação cada vez maior das pessoas para a resolução de problemas e para a criação de novos produtos. A informação é do engenheiro-chefe do departamento de usinagem a laser do Instituto Fraunhofer, da Alemanha, Kristian Arntz. Ele falou sobre o tema durante reunião de diretoria da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), nesta sexta-feira (19), em Florianópolis.
A inovação aberta e as redes sociais serão fundamentais para o funcionamento desse modelo que valoriza a cooperação. "Com a inovação aberta, as empresas serão capazes de resolver problemas técnicos em colaboração com usuários", afirmou ele, destacando que, muitas vezes, é preciso uma equipe especializada para encontrar determinada solução. "Pessoas, máquinas, peças e sistema. Tudo tem que funcionar junto", salientou. Neste caso, a inovação aberta permite que pessoas de fora da empresa deem sua contribuição.
Segundo o engenheiro, a revolução 4.0 trabalha sob a perspectiva da descentralização. "Não teremos mais um planejamento central de tudo o que vai ocorrer. Vamos trabalhar com sistemas autônomos, com capacidade para reagir durante o processo de produção, independentemente do planejamento central. Essa é a visão por trás dessa nova indústria", disse.
O presidente da FIESC, Glauco José Côrte, afirmou que sem educação não será possível entrar no mundo da quarta revolução. "Temos que nos preparar e capacitar os jovens catarinenses e brasileiros para sermos protagonistas desta revolução, que está transformando o mundo, sobretudo, do trabalho. O que conduz o mundo são as boas ideias, que se traduzem em inovação, que é a aplicação do conhecimento. Queremos que a tecnologia seja utilizada para o bem das pessoas e para o desenvolvimento harmônico do Estado e do País", ressaltou.
O engenheiro alemão disse que a questão da educação, nos países em desenvolvimento, é um problema que precisa ser enfrentado. "O custo da força de trabalho está aumentando. Temos menos postos de trabalho para pessoas com pouca formação e com nível educacional baixo", informou, lembrando que os países considerados desenvolvidos já superaram esse problema com investimentos na área.
Investimentos em educação são, de fato, fundamentais, porque a revolução 4.0 também vai acarretar mudanças na produtividade. "Até agora a produtividade das empresas vinha do trabalho direto com as máquinas. Cada vez mais estamos passando a produtividade das máquinas para os departamentos de engenharia. No futuro isso ganhará mais importância", alertou Kristian.
Arntz também falou da introdução de sistemas cognitivos, que, na prática, ampliam as funções das máquinas. Para exemplificar, ele falou da impressora 3D, que cria diversos produtos a partir de um só equipamento. "Ajustamos o software e a máquina se adapta com um comando", explicou. Essa é a proposta de configuração para a indústria na era 4.0. A ideia é que a máquina responda rapidamente às mudanças sem que sejam feitas intervenções na estrutura.
Resumindo, Kristian disse que a quarta revolução industrial reúne, basicamente, quatro áreas: automação, cooperação e colaboração, fonte de informação e tecnologia da informação. "Ainda temos muito a fazer", finalizou, destacando que existem protótipos de fábricas funcionando no modelo 4.0 e que esta é a tendência.
O SENAI, entidade da FIESC, é parceiro do Instituto Fraunhofer, que dá consultoria para a implantação da Rede SENAI de Inovação e Tecnologia.
Dâmi Cristina Radin
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