Florianópolis, 23.9.2020 – A SCGás projeta que a tarifa de gás natural para a indústria deve ter alta de 25% a partir de 1º de janeiro de 2021. A informação foi dada pelo diretor de administração e finanças da companhia, Rafael Antônio Bettini Gomes, durante reunião virtual da Câmara de Assuntos de Energia da Federação das Indústrias (FIESC), nesta quarta-feira, dia 23. Ele explicou que os principais fatores que influenciam a estimativa de aumento são o preço do petróleo Brent, que depois de uma queda significativa em 2020, tende a recuperar o preço até o final do ano, além da oscilação do câmbio. “O reajuste médio esperado para as tarifas industriais é da ordem de 25,6%. As projeções atuais levam a essa expectativa”, afirmou.
O presidente da Câmara, Otmar Müller, salientou que se trata de uma previsão de tarifa, lembrou que o país passa por um momento de incertezas e faltam três meses para o final de 2020. “Existe um fator matemático que é a escala de migração do contrato anterior para o novo contrato, que prevê aumentos definidos ao longo de um ano. Mas há duas variáveis importantes que são o câmbio e o preço do petróleo que influenciam na composição da tarifa. Então, o que se fala aqui hoje não pode ser tomado como garantia de tarifa que vai ocorrer em janeiro”, observou. Ele ressaltou que neste momento as empresas estão fazendo o planejamento orçamentário para 2021 e para parte delas a fatura do gás é a principal conta, por isso, é importante conhecer a projeção de alta no custo do insumo.
O presidente da SCGás, Willian Anderson Lehmkuhl, explicou que houve uma transição do contrato antigo de gás que vinha da Bolívia para um novo modelo de contrato que tende a fazer com que os estados tenham uma certa convergência nos preços. “E isso nos preocupava muito dado que Santa Catarina tinha um diferencial na tarifa. Então, no processo de negociação, a saída encontrada para não ter um salto no preço a partir de março foi o chamado Fator K, que é um fator de transição entre o contrato antigo e o novo. Esse fator faz com que a migração seja gradual e a diferença de preço de molécula que chegava a algo em torno de 30% fosse atenuada ao longo de um ano”, explicou.
O presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar, chamou a atenção para a ampliação do suprimento de gás no estado. “O gás é um insumo fundamental para a indústria catarinense. Sabemos do esforço que a SCGás tem feito no sentido de suprir o estado, mas nas atuais condições, teremos desafios. Além de melhorar a distribuição por meio de aumento da rede de tubulação e de questões técnicas como a pressão, há alternativas como a instalação de usina de regaseificação na Baía da Babitonga. Temos que acelerar esse processo para que possamos receber essa molécula de outras fontes”, declarou.
O diretor técnico comercial da SCGás, Carlos Alberto Chaves Ferro, apresentou as ações da companhia para aumentar a oferta do insumo, especialmente levando em conta o cenário de projeção de demanda até 2025. “Há claramente um déficit em termos de capacidade de saída. Temos uma chamada pública incremental da TBG que seria a solução estruturante de médio e longo prazos de aumento de capacidade, mas, no curto prazo, não temos uma solução. A solução que a SCGás está desenhando é uma chamada pública específica para injeção de gás natural diretamente na nossa rede de distribuição. Vamos apresentar a proposta da chamada para aprovação da ARESC (agência reguladora) e estamos também negociando com a Petrobras eventual cessão de capacidade”, informou.