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SENAI e governo de SC iniciam integração de nanossatélite ao agro

Técnicos da Secretaria da Agricultura do Estado, Epagri, Ciram e Cidasc estiveram no Instituto SENAI de Sistemas Embarcados para conhecer as potenciais aplicações dos dispositivos da Constelação Catarina

Florianópolis, 13.03.2024 - As possibilidades são incontáveis: agricultura de precisão, clima, monitoramento de tempestades, meio ambiente, saúde, indústria 4.0, energia, mídia, educação, aviação, cidades inteligentes. Qualquer um desses e outros segmentos podem ser beneficiados pelos nanossatélites da Constelação Catarina, que estão sendo construídos pelo Instituto SENAI de Inovação em Sistemas Embarcados e pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Nesta quarta-feira (13), técnicos do SENAI e da Secretaria da Agricultura do Estado, Epagri, Ciram e Cidasc iniciaram, no Instituto SENAI, em Florianópolis, a identificação de possíveis aplicações dos dispositivos espaciais no âmbito da agricultura e clima. Nova reunião foi marcada para abril.

O pesquisador-chefe do Instituto, Paulo Violada, explicou que a proposta do Constelação Catarina foi uma resposta ao ciclone-bomba que atingiu o Sul do Brasil em junho de 2020. “Os dois nanossatélites em desenvolvimento [um no SENAI e outro na UFSC] vão integrar o sistema de previsões meteorológicas, que passará a ter mais assertividade e capacidade preditiva para lidar com eventos ambientais extremos”, disse.

Os nanossatélites têm dimensões (em centímetros) de cerca de 10 x 10 X 30, e permanecem em uma órbita de 600 quilômetros do solo terrestre.

Previsões mais certeiras

Conforme Violada, o primeiro satélite deverá ser concluído em outubro e lançado no início de 2025 e estará concentrado no estabelecimento de comunicação com estações de terra. Ele irá coletar informações que se integrarão ao atual arcabouço de dados de órgãos meteorológicos, como o Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina (Ciram), ligado à Secretaria de Estado da Agricultura.

“O maior mix de dados vai aprimorar o sistema e permitir maior assertividade nas previsões e antecipar as ações da defesa civil”, acrescentou Violada.

O projeto não se limita a meteorologia e defesa civil. Ele se constituirá numa plataforma com aplicações em qualquer outro segmento da sociedade, permitindo agilidade na difusão de informações e tomada de decisões. São serviços que podem ser atribuídos aos demais nanossatélites da Constelação Catarina. No total, estão previstas 13 unidades, que devem ser construídas e colocadas em órbita gradativamente.

Agricultura de precisão

No caso da agricultura, os nanossatélites podem resgatar informações para a agricultura de precisão, permitindo um monitoramento mais acurado das condições de solo e climáticas, incluindo regimes de chuvas e de ventos.

Dessa forma, o modelo contribui para a definição de períodos mais propícios para plantio ou colheita, estimativas de produção, comparativos com safras anteriores, identificação de culturas, necessidades de correção de solo (para aumentar a produtividade e gerar produtos mais saudáveis) e a prevenção de pragas e doenças, além da gestão de todo o sistema agrícola, de uma propriedade ou de todo uma região.

Participante da reunião, o gerente de projetos da Secretaria da Agricultura, Jairo Henkes, destacou que os nanossatélites podem contribuir para o desenvolvimento da agricultura de precisão no estado. “Quanto mais tivermos satélites e drones interligados, poderemos poupar recursos, melhorar a produtividade e garantir a produção e a sanidade dela”, afirmou. 

“Por exemplo, podemos monitorar pomares, soja, ferrugem asiática, a influenza aviária. Monitorar, reter, manter o controle. Isso vai fortalecer a posição da nossa agroindústria; vamos oferecer mais garantias aos nossos clientes no exterior. Então, quanto maior a precisão de dados e a cobertura atualizada, melhor será nosso desempenho”, enfatizou Henkes.

Além dos profissionais da Secretaria da Agricultura e do Ciram, participaram técnicos da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI) e Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc).

Novo encontro foi marcado para abril (foto: Ivonei Fazzioni)

Histórico

Depois do ciclone-bomba que atingiu o Sul do Brasil no dia 30 de junho de 2020, foi realizada a primeira reunião para discussão de soluções espaciais com foco em eventos meteorológicos extremos. O ciclone deixou 11 mortes em Santa Catarina, uma no Rio Grande do Sul e outra no Paraná.

Em outubro do mesmo ano, em nova reunião entre a Agência Espacial Brasileira (AEB), Defesa Civil, agências nacionais da Água (ANA) e de Energia Elétrica (ANEEL), Federação das indústrias (FIESC) e SENAI, UFSC, Frente Parlamentar Mista para o Programa Espacial Brasileiro (FPMPEB) foram definidas as diretrizes gerais da Constelação Catarina. 

O projeto, que se tornou efetivo por meio de parceria entre Instituto SENAI de Sistemas Embarcados, UFSC, AEB, Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Defesa Civil. Em fevereiro do ano seguinte, o projeto recebeu a alocação de R$ 5 milhões, por meio de emendas dos parlamentares federais de Santa Catarina.

Os projetos se iniciaram efetivamente em agosto e setembro, quando foram assinados os convênios da AEB com o Instituto SENAI e com a UFSC. Desde então, o projeto já passou por quatro revisões críticas – de missão, sistemas e projeto preliminar. Uma nova revisão crítica de design está prevista para este semestre. Essas revisões são rotineiras e realizadas por especialistas externos, que apontam eventuais inconsistências.

O primeiro nanossatélite da Constelação Catarina produzido pelo SENAI deverá ser entregue em outubro. Ele deverá ser colocado em órbita em 2025, por meio de algum veículo lançador, ainda não definido.

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