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Gráfico mostra que o crédito para aquisição de bens é mais sensível à taxa Selic do que as demais formas de crédito
Do gráfico nota-se que o crédito para aquisição de bens é mais sensível à taxa Selic do que as demais formas de crédito agregadas (exclui-se o período da pandemia). Na pandemia, houve mudança no padrão de consumo das famílias, o que privilegiou bens no lugar de serviços. Isso, combinado à SELIC elevada (13,75%) está na raiz da escassez recente da demanda de bens indústrias. É comum ouvir relatos de empresários dos setores têxtil e de confecções, por exemplo, de que estão vendendo 30%, 40% ou até 50% menos do que costumavam vender. Daí vem os apelos para a queda do juro.
No entanto, o Banco Central tem enfatizado que o mercado de crédito tem se comportado de forma “compatível com o atual estágio do ciclo de política monetária”, o que, de fato, se retira da linha amarela do gráfico. Ao mesmo tempo, o BC reconhece que alguns segmentos do mercado de crédito preocupam, pois persiste “uma diminuição mais acentuada da oferta de crédito em modalidades específicas”. A linha laranja certamente é uma delas.
Essa forma sutil de reconhecer a possibilidade de crise em segmentos específicos (tais como varejista e seus fornecedores da indústria) deve ser minimizada à frente, à medida que se combinem os efeitos de (i) início da queda da taxa de juros em agosto com (ii) a reabilitação de demandantes de crédito pessoa física, beneficiados pelo Programa Desenrola.
Enfim, de fato o programa, parece vir em boa hora, uma vez que, o início do ciclo de queda da taxa de juros, esperado para agosto, deverá ocorrer em ritmo lento, provavelmente 0,25 p.p. a cada reunião do COPOM, o que parece insuficiente para uma reversão consistente na tendência do mercado de crédito para o consumo de bens, aquela da linha laranja do gráfico.
