Florianópolis, 10.10.2024 - O setor metalmecânico catarinense avalia com atenção os movimentos de preços das commodities após o anúncio do pacote de incentivos do governo chinês ao segmento da construção. Isso porque a construção e o setor metalmecânico competem por insumos como cobre, alumínio e minério de ferro. Em reunião da Câmara de Desenvolvimento da Indústria Metalmecânica em Blumenau no último dia 2, o economista Marcelo de Albuquerque, da Federação das Indústrias de SC (FIESC), fez uma apresentação sobre as tendências de preços dos principais insumos e também do cenário econômico doméstico e internacional e seus impactos no ramo.
O pacote econômico chinês prevê injetar US$ 140 bilhões na economia do país por meio da liberação de depósitos compulsórios, incentivar a construção ao reduzir o valor mínimo de entrada na compra de imóveis e a renegociação de hipotecas.
Uma maior demanda decorrente do incentivo da China pode elevar preços desses materiais, afetando a estrutura de custos do metalmecânico, explica o economista. Responsável por 12,4% do PIB catarinense, o ramo emprega cerca de 60 mil pessoas no estado e é responsável por cerca de 5% das exportações de SC. O setor é especialmente relevante porque fornece insumos críticos para a indústria de transformação, como a fabricação de automóveis e de máquinas e equipamentos.
Insumos
“A expectativa é de que preços como o do cobre, que já enfrenta restrição de oferta decorrente de grandes minas enfrentando dificuldades técnicas, países produtores enfrentando sanções e questões regulatórias e trabalhistas, continuem subindo”, estima. A transição global para energias renováveis está aumentando a demanda pelo metal, essencial para tecnologias como paineis solares e turbinas eólicas, e também na fabricação de motores.
No caso do minério de ferro, que vinha sofrendo com a desaceleração da economia chinesa, a expectativa é de recuperação de preços com o aumento da demanda pós pacote de incentivos. “Em relação ao alumínio, a expectativa é de que a redução de oferta devido a sanções sobre a produção russa e aumento de custos de energia possa equilibrar o aumento da demanda”, na avaliação de Albuquerque.
No entanto, destaca o economista, é importante analisarmos com cautela os efeitos do pacote de estímulos. “Políticas econômicas podem levar tempo para surtir efeito, especialmente sobre o nível de atividade econômica. Embora os preços possam apresentar maior volatilidade no curto prazo, conforme os dados mostraram, essas flutuações podem não se sustentar caso a política econômica não tenha o impacto esperado, bem como a presença de outras pressões sobre os preços internacionais podem mudar o direcionamento da tendência”.
Cenário doméstico
No mercado interno, a previsão de um ciclo de alta na taxa de juros iniciado em setembro pode afetar a demanda por produtos do setor. Desde o início do ciclo de queda da Selic em meados de 2023, o segmento vinha observando um bom momento, impulsionado não só por crédito mais acessível, mas também pelo elevado consumo das famílias.
Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina - FIESC
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