A internacionalização da indústria catarinense é um eixo estratégico do Sistema Fiesc sob a gestão do presidente Mario Cezar de Aguiar, com o propósito de aumentar a competitividade da indústria e o fluxo de negócios internacionais, com foco no desenvolvimento de novos produtos, novas tecnologias e novos mercados. A experiência com a implantação do Programa de Internacionalização Intercomp, a aplicação da autoavaliação de maturidade, a entrega de plano customizado de internacionalização e a plataforma digital disponibilizada aos industriais, em conjunto com as outras ações voltadas ao comércio internacional, consolidaram a Fiesc como um hub de soluções inteligentes para o comércio internacional ao alcance de qualquer industrial ou empresário do comércio ou dos serviços.
O ano de 2021 foi de recordes para o comércio exterior catarinense e, certamente, a Fiesc contribuiu positivamente para os resultados alcançados: US$ 10,3 bilhões em exportações e US$ 24,9 bilhões em importações – os maiores valores da série histórica iniciada em 1997. Os números também refletiram o crescimento da inserção de empresas de Santa Catarina no mercado internacional. De acordo com análise do Observatório Fiesc, 800 novas companhias fizeram embarques para o exterior em 2021, quando comparado com o ano anterior. O resultado é animador, mas não é suficiente, nem reflete o potencial que as companhias catarinenses detêm para a realização de negócios internacionais.
A globalização da economia mundial mostrou na pandemia do Covid-19 a dependência de poucas fontes de fornecimento para as indústrias e para o comércio. Para multiplicar essas fontes de fornecimento, é premente a vizinhança geográfica do Brasil em que se identifica uma oportunidade ainda pouco explorada.
Nesse sentido, os acordos comerciais celebrados entre Brasil e os países fronteiriços, além dos realizados com Equador, México e Chile, são significativos já que o imposto de importação se encontra “zerado”, reduzindo na sequência o valor dos tributos cobrados, em cascata, nas importações no Brasil. Igualmente, esses países parceiros podem adquirir bens brasileiros na mesma condição vantajosa de não pagar o imposto de importação, pois são todos países integrantes da Aladi. Falta vontade política de aproveitar esse benefício alargado pela aproximação geográfica e balizado pela facilidade de diálogo e compreensão entre as partes, possibilitando explorar as negociações de forma inteligente e organizada.
De fato, o que falta é o mecanismo da cooperação regional. A cooperação regional, amplamente utilizada na União Europeia, é
um exemplo bem-sucedido de programas, de setores e de benefícios voltados a criar valor nas cadeias de produção, de logística e de comércio. Atraem, assim, organizadamente os empresários para participarem com resultados positivos para a sociedade.
A Aladi detém o acervo de acordos, procedimentos e mecanismos para a implementação de Programas de Cooperação Regional, os governos detêm os instrumentos regulatórios e os industriais e empresários detêm os ambientes associativos próprios para liderar um debate sobre o que deve ser feito. Somente os industriais sabem o que necessitam, apenas falta determinação e vontade política dos representantes oficiais, estaduais e federais para promover a verdadeira integração industrial e comercial, seja pelo aproveitamento do que se tem, seja pelo início do desenvolvimento de insumos faltantes ou bens por meio de alianças estratégicas.
O momento demanda rever e atualizar qual o sentido de o Brasil participar em organismos regionais, como a Aladi, e não os utilizar a fim de ampliar a base de fornecedores e clientes bilateralmente com os países parceiros comerciais, reduzir o Custo Brasil e, de forma transversal, dar passos certos para uma política industrial regional com foco e ênfase na cooperação regional.
Confira artigo assinado pela presidente da Câmara de Comércio Exterior da FIESC, Maria Teresa Bustamante, publicado na edição de julho da revista Liderança Empresarial, da Associação Comercial e Industrial de Criciúma