A decisão do Senado, aprovando o afastamento definitivo da presidente da República, permite que o País comece a sair da grave paralisia em que se encontra há tempo demais. Antes mesmo da palavra final dos senadores, já havia sinais de um ambiente mais favorável à recuperação da economia, embora isso ainda não apareça nas estatísticas da produção ou da balança comercial. Mas um clima de confiança é pré-condição para que esses indicadores possam, num segundo momento, sair do vermelho. Após quase três anos de pessimismo, em agosto, pela primeira vez, desde janeiro de 2014, o setor industrial novamente mostrou-se um pouco mais otimista, conforme pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da FIESC.
Contudo, para que a virada na economia ocorra de fato e seja possível começar a resgatar os quase 12 milhões de empregados jogados para fora do mercado com a crise, o novo governo terá que mostrar competência e habilidade política para transformar em fatos concretos as boas intenções anunciadas no período de interinidade. O setor empresarial aplaude os anúncios feitos nessa fase, como, por exemplo, a fixação de limites para os gastos públicos, a adoção de uma política externa de defesa dos interesses comerciais do país e o compromisso de ampliar a participação da iniciativa privada nas obras de infraestrutura, que pode levar eficiência ao serviço público, elevar a competitividade do Brasil e ser um importante indutor do crescimento econômico.
Mas não é só isso. Chegou a hora de avançar com seriedade no debate, por mais desafiador que seja, de questões estruturais. A CNI propôs como prioridade entre as prioridades para essa nova fase do governo Temer a reforma previdenciária e a modernização das relações do trabalho. Ainda será necessário enfrentar uma série de outras questões de extrema importância, como a reforma tributária, a recomposição das dívidas das empresas, a retomada dos investimentos, a redução da burocracia e a criação de marcos regulatórios favoráveis à produção. Tudo isso, sem deixar de lado as investigações que podem ter caráter transformador no País.
Só dessa forma o Brasil terá condições de crescer de maneira sustentada e duradoura. Se chegarmos lá, embora dolorosa, a crise terá valido a pena.
Confira artigo do presidente da FIESC, Glauco José Côrte, publicado no jornal Notícias do Dia nas cidades de Florianópolis e Joinville nesta segunda-feira, dia 12 de setembro