Mario Cezar de Aguiar, presidente da FIESC
Um dos principais diferenciais da economia e fator fundamental para nossa qualidade de vida é a cadeia agroindustrial do estado. Destaque internacional em competitividade, Santa Cataria é o berço das maiores empresas produtoras de carnes de aves e suínos do País, produtos que lideram as exportações estaduais. Na base dessa história de sucesso está a parceria entre agropecuária e indústria, que em nenhum outro lugar tem tamanha sinergia quanto aqui. Só assim conseguimos competir globalmente, apesar das deficiências de infraestrutura e da distância dos centros produtores de grãos.
Por isso, embora reconhecendo como positiva a proposta de estimular a produção orgânica em Santa Catarina, elevar a carga de impostos sobre insumos tradicionais usados no campo é uma estratégia equivocada. Teria repercussões graves, nos colocando em desvantagem relativamente a quem produz nos demais estados, especialmente nos vizinhos.
Por meio do diálogo e com base em dados técnicos, setor produtivo e governo podem construir uma política valorizando a produção orgânica. Isso passa por desenvolver e promover tecnologias para superar desafios como o da escala e dos custos, além de viabilizar os mecanismos de financiamento necessários. A estrutura estadual de pesquisa, com destaque para a Epagri, pode ser protagonista neste processo. Assim como nas questões ambientais, na cadeia agroindustrial faz mais sentido incentivar as melhores práticas do que simplesmente onerar a produção feita no estado com os mesmos defensivos usados no resto do País.
Em vez de fragilizar a indispensável e valorosa produção tradicional, é mais lógico focar na inovação para produzir sem agrotóxicos, um mercado que cresce e no qual a competitividade também será determinante. Assim, sem desconstruir um dos maiores patrimônios de Santa Catarina, seguiremos competitivos na vanguarda, gerando desenvolvimento e empregos de qualidade, tanto no campo quanto na cidade.