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“Não devemos aceitar alta de imposto sem o governo fazer o dever de casa”

Avaliação foi feita sob aplausos da plateia que participa da Jornada Inovação e Competitividade, da FIESC, pelo economista Cláudio Frischtak. O jornalista William Waack afirmou que não há correção rápida de rumo; e o economista Samuel Pessoa declarou que

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Florianópolis, 19.5.2016
– “Não devemos aceitar o aumento de impostos. Não antes do governo fazer o dever de casa. E tem onde cortar. Não devemos nos enganar. Não é verdade que não tem mais onde cortar”, afirmou, sob aplausos da plateia, o economista e presidente da Inter.B Consultoria, Cláudio Frischtak, que ministrou palestra na Jornada Inovação e Competitividade da Indústria Catarinense, evento realizado pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), de 18 a 20 de maio, em Florianópolis. “Nosso País, eu diria, por força das instituições e, sobretudo, da sociedade civil, conseguiu superar um momento muito difícil. Que esse governo consiga ir adiante e implementar as reformas necessárias”, afirmou, alertando que o Brasil está na antessala de uma crise social, com o desemprego alcançando 10,9% em março.

Em seu pronunciamento, o presidente da FIESC, Glauco José Côrte, disse que as turbulências são oriundas, principalmente, do desequilíbrio das contas públicas, da baixa qualidade da governança do setor público e da falta de confiança no governo, que conduziram a economia a um ciclo de baixo crescimento. Ele defendeu medidas para resgatar a confiança dos investidores e dos empresários e, entre elas, a garantia da sustentabilidade fiscal sem aumento da já exorbitante carga tributária, mas pelo controle de qualificação dos seus dispêndios; segurança jurídica nas relações de trabalho, além de acelerar o processo de concessões ao setor privado na infraestrutura.

Segundo Côrte, novos rumos despontam no horizonte do cenário político e econômico. A ação proativa, estratégica e engajada é o que definirá o futuro da estrutura produtiva. “A indústria está disposta a empreender e, nessa ocasião especial, convidamos, através da FIESC, todos os agentes a trabalhar por uma nova realidade e um novo ambiente institucional. O mundo está mudando. Consolida-se um novo paradigma, caracterizado pela maior conectividade e baseado na inovação como vantagem competitiva, identificado pela internet das coisas e manufatura avançada. A indústria catarinense prova, continuamente, com toda sua força, ao superar os desafios e se renova”, disse.

Frischtak, da InterB, disse que a economia internacional está mudando e o super ciclo de commodities vão voltará tão cedo. “Talvez voltará quando a Índia assumir o papel da China, esta que cresceu durante 30 anos consecutivos. “Apesar da redução dos riscos de eventos extremos, o crescimento global nos próximos anos será modesto, com encolhimento de fronteiras de oportunidades e redução da produtividade”, afirmou.

Para Cláudio, os Estados Unidos são a economia com mais oportunidades e vão continuar sendo, impulsionados pela renda das famílias, produtos de propriedade intelectual, dinamismo do mercado imobiliário e baixo desemprego (cerca de 5%). Ele disse que a Zona do Euro “surfa” com o apoio do Banco Central Europeu (BCE), que tem ofertado crédito barato para as empresas, que estão começando a reagir. A taxa de desemprego na Europa (em torno de 10%) está se reduzindo. Na opinião dele, o Brasil, se instituir governança política e econômica, pode receber investimentos de outros países que mantêm as taxas de juro baixas, o que leva os investidores a aplicar dinheiro em países em desenvolvimento. Atualmente, 40% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial vive sob juros negativos.

Outro palestrante, o jornalista William Waack, destacou a dificuldade de fazer previsão diante do cenário político atual. “Estamos, sim, numa crise política sem precedentes que nos faz afirmar que não há correção rápida e abrupta de rumo. Nosso sistema político é disfuncional”, declarou. Segundo ele, é difícil prever se o governo interino de Michel Temer vai dar certo. “Eu adoraria que desse certo, mas sou pouco adepto de responder com um sim sem restrições. Me parece que os principais atores e agentes políticos ainda não se deram conta da natureza da nossa crise. No nosso presidencialismo de coalizão falido, o tempo é um fator essencial e esse tempo está sendo perdido”, afirmou. Para ele, “se a gente tiver sorte, chega em 2018 balançando um pouco, razoavelmente machucados, e aí, talvez, a gente começa a desenhar uma rota”, concluiu.

Na opinião do pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE-FGV), Samuel de Abreu Pessoa, que também participou do encontro, o momento é de muita dúvida e o cenário econômico vai depender da política. “Temos um problema na política fiscal que é estrutural. Temos um Estado que gasta mais do que arrecada e esse excesso de gasto sobre a arrecadação não é fruto da crise econômica. Pelo contrário, a crise econômica se agravou a partir do segundo semestre de 2014 quando começou a ficar claro para os agentes econômicos que tínhamos um problema fiscal estrutural”, explicou, destacando que a existência de um problema fiscal estrutural gera um impacto imenso sobre o investimento.

“Uma sociedade que não consegue se financiar de forma civilizada significa que à frente alguma coisa muito grave vai acontecer. Ou vamos para uma inflação acelerada ou vem um monte de impostos que não estavam previstos. Nessas circunstâncias, é impossível o empresário tirar um projeto do papel. É impossível saber se um projeto é rentável ou não”, afirmou Pessoa, ressaltando que a existência de um problema fiscal estrutural gera uma enorme incerteza sobre a atividade econômica, que faz com que o investimento caia muito.

Estima-se que em 2016 o investimento será 25% menor do que o de 2013. “Esse é o impacto maior de termos um setor fiscal que não consegue se financiar de forma civilizada. Esse problema é a política que tem que resolver. Essa não é uma atribuição dos técnicos. Os técnicos podem apontar caminhos, mas é a política que é o árbitro final de qual o caminho e que dosagem iremos adotar”, declarou o pesquisador.

Segundo ele, para que o futuro seja melhor, é necessário que a política identifique como será resolvido o problema fiscal estrutural. Se a política não encaminhar isso, Samuel acredita que o país volte para as mesmas dificuldades enfrentadas pelo governo de Dilma Rousseff. “Evidentemente, há um certo otimismo porque se imagina que uma parte grande das dificuldades que a presidente Dilma estava enfrentando na política era fruto das dificuldades, da falta de capacidade que a própria presidente tinha de fazer a gestão do nossos sistema político e de um certo cansaço do sistema político como um todo”, completou.

Samuel afirmou ainda que para resolver o problema fiscal brasileiro “vamos ter que mexer em direitos, expectativas de direito, tributos, uma lista de coisas que mexe com a vida das pessoas, mas que se forem implementadas, resolvem a crise, o País volta a crescer e em alguns anos estaremos todos melhor. Mas temos tem que passar por essa turbulência e não está claro que a política vai entregar tudo o que precisa entregar”, concluiu ele.

Portal setorial e aplicativo: Durante as discussões sobre cenário político e econômico, o diretor de desenvolvimento institucional e industrial da FIESC, Carlos Henrique Ramos Fonseca, lançou o Portal Setorial FIESC e aplicativo, que reúne mais de 200 indicadores de áreas como economia, educação, inovação, saúde, monitoramento de macrotendências internacionais e dos recursos disponíveis para fomento, entre outros dados de interesse do setor produtivo. “É um canal exclusivo para relacionamento e para a oferta de soluções e atendimento às demandas da indústria. Nosso compromisso é ofertar informações de valor, que apoie as decisões estratégicas”, concluiu. Conheça o Portal no endereço www.portalsetorialfiesc.com.br. O aplicativo está disponível para smartphones com sistemas Android e IOS.




 


Dâmi Cristina Radin
48 3231-4670
48 8421-4080
damicr@fiesc.com.br

 

 

 

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