Florianópolis, 17.8.2016 – Nos últimos anos, o mercado de trabalho passou por transformações significativas por força das mudanças tecnológicas e do encontro de cinco gerações nesse ambiente: veteranos, baby boomers e as gerações X, Y e Z. Cada qual com suas características, mas com o desafio de interagir e gerar valor. “O impacto dessa mudança é tamanho que o último Fórum Econômico de Davos, realizado em janeiro, escolheu o tema o futuro do emprego. Fizeram uma grande pesquisa e chamaram a atenção para duas transformações que serão os motores da nova economia: uma de ordem socioeconômica e demográfica e outra tecnológica”, afirmou o presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), Glauco José Côrte, durante encontro promovido pela ABRH Florianópolis e Collectivo. O evento foi realizado na noite desta quarta-feira (17), na capital, e debateu a convergência nas gerações de trabalho.
Em sua exposição, Côrte ressaltou que no campo demográfico e socioeconômico há mudanças em curso que devem ficar mais evidentes, como é o caso da natureza do trabalho, que tende a ser mais flexível. “É uma realidade que outros países já estão vivendo e que o Brasil ainda tem muita dificuldade. Nossa legislação trabalhista é rígida. Está fazendo 70 anos e temos muita dificuldade para implementar o que outros países estão implantando, como é o caso da terceirização”, exemplificou.
O presidente da FIESC disse que nos últimos anos cresceu a preocupação de entender a natureza das rupturas tecnológicas que vêm ocorrendo, principalmente na indústria. O tema tem sido aprofundado no Conselho de Política Industrial e Desenvolvimento Tecnológico da Confederação Nacional da Indústria (CNI), presidido por Côrte. “Coordenamos encontros nas principais capitais do País para entender os impactos da indústria 4.0, que começou na Alemanha, Estados Unidos e Coreia do Sul e está chegando ao Brasil. Na nossa avaliação é a oportunidade que o País tem de se aproximar dos mais desenvolvidos”, declarou.
No dia 10 de agosto, a FIESC, a Pollux Automation e a Embraco fundaram em Joinville a Associação Brasileira de Internet Industrial. A iniciativa tem o objetivo de congregar empresas de base tecnológica, indústrias e instituições de ensino fomentando a geração de tecnologias integradas e inovadoras, de maneira a inserir o Brasil na mais recente fase da revolução industrial, também chamada de internet industrial, indústria 4.0 ou manufatura avançada.
A diretora do Grupo Habitasul, de Florianópolis, Andrea Druck, que também participou do evento, elogiou a forma ágil de interação e comunicação das gerações mais novas e concordou que um dos grandes desafios das organizações para acompanhar as mudanças está em encontrar respaldo na legislação trabalhista atual. “O X da questão é como todas essas gerações vão mudar as questões estruturais do País para que consigamos criar uma consciência mais produtiva. Hoje perdemos muita energia administrando a macroestrutura”, disse ela, acrescentando que a geração mais nova deve ser protagonista de muitas mudanças estruturais nos próximos dez anos.
Saindo da zona de conforto: Lucas Schmidt, de 21 anos, é um representante da geração Z. Numa apresentação descontraída, o fotógrafo de moda arrancou gargalhadas da plateia ao relatar sua inquieta trajetória. Estudante de escola pública, aos 13 anos fez trabalhos no teatro e cinema. Aos 14 anos tentou a carreira de modelo, que não prosperou. Aos quinze anos, quando os jovens começam a pensar no vestibular, ele se deu conta que não sabia fazer nada – palavras dele. Então, começou a procurar tutoriais na internet para aprender a tratar imagens e, aos 16 anos, foi trabalhar com isso numa empresa. Passados dois anos, ele agradeceu pela oportunidade, mas foi em busca de novos desafios. Aos 18 anos, foi trabalhar numa outra empresa com fotografia voltada à publicidade. Aos 20 anos, resolveu trabalhar por conta e hoje atende clientes como a Lança Perfume, Riccieri, Korova, Liverpool e Doce Trama. “Estou fora da minha zona de conforto e aprendendo cada dia mais”, afirmou Lucas.
Das cinco gerações que atuam no mercado de trabalho (veteranos, baby boomers, X, Y e Z), os baby boomers, X e Y têm maior participação. Os baby boomers são os nascidos entre 1946 e 1960, filhos do pós-guerra. A geração X, que tem pais baby boomers, iniciou o processo de utilização de recursos tecnológicos. Tem traços conservadores e de funcionamento bastante hierárquico, que estimula o pensamento linear. Foi a geração das “Diretas já” no Brasil.
Os representantes da geração Y podem ser considerados nativos digitais e iniciam um processo de quebra de paradigmas no mercado de trabalho: maior flexibilização, home office, trabalho por demanda, coworkings. Alteram os padrões de linearidade e hierarquias da geração anterior, são multitarefas e o reconhecimento profissional passou a descolar da experiência e se relacionar à meritocracia.
A geração Z ainda está em processo de inserção no mercado de trabalho, mas já apresenta características similares às da geração Y, porém, potencializadas. São hiperconectados, seu conceito de tecnologia é bastante diferenciado, pois sua ampla assimilação pelos representantes desta geração as torna obsoletas rapidamente.
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