Confira a cobertura fotográfica completa do evento no Flickr da FIESC
Blumenau, 27.7.2017 – “Sabemos o quanto o estudo impacta positivamente na vida das pessoas. Um ano a mais de escolaridade aumenta em 15% a renda de um brasileiro. Se ele tem o curso de graduação completo, esse impacto é de 47%, como mostra estudo da Fundação Getúlio Vargas. Mais educação é igual a mais renda e, portanto, mais qualidade de vida”, frisou o presidente da FIESC, Glauco José Côrte, ao lançar campanha estadual para escolarizar catarinenses que ainda não concluíram a educação básica, nesta quinta (27), em Blumenau. A iniciativa do Movimento SC pela Educação é inédita no País e reúne as federações da indústria (FIESC), do comércio (Fecomércio), da agricultura (Faesc) e dos transportes (Fetrancesc), em conjunto com a Undime-SC e a Secretaria Estadual de Educação para a oferta em rede de educação para jovens e adultos.
“Ao mesmo tempo, é, também, mais desenvolvimento para as empresas e para o Estado. Por isso, educação é o novo nome do desenvolvimento. Por isso, é preciso olhar para os 725 mil trabalhadores catarinenses que ainda não concluíram a educação básica”, completou Côrte. Ele lembrou ainda que a movimentação de trabalhadores nos últimos anos também reforça a importância dos estudos. Os que possuem escolaridade básica completa encontram emprego antes. Em 2017, de janeiro a maio, do total de novas vagas criadas no Estado, 20.157 foram ocupadas por pessoas com escolaridade básica completa e apenas 2.572 com escolaridade básica incompleta. “Os números confirmam que os trabalhadores qualificados são os últimos a serem desligados e os primeiros a serem admitidos quando a economia volta a aquecer”, destacou Côrte.
O encontro foi realizado no Espaço de Educação Maker do SESI. O vice-presidente regional da FIESC, Ronaldo Baumgarten, destacou que o espaço deve contribuir também com a educação de jovens e adultos. “Ele foi desenhado para promover a autoria, a inventabilidade, a busca de soluções originais para a resolução de situações reais e que pode contribuir com a educação de jovens e adultos. Não é admissível que em pleno século 21, na era do conhecimenro, a sociedade conviva com altos índices de analfabetismo funcional e pouco conhecimento científico, linguístico e tecnológico”, salientou.
Para o Presidente da FECOMÉRCIO, Bruno Breithaupt, “é por meio do ensino que poderemos fazer com que todos os catarinenses tenham acesso aos bancos escolares, melhorando a condição socioeconômica de cada um”. O presidente da Fetrancesc, Ari Rabaioli, reforça essa tese e acrescenta que uma ação como essa contibuirá para superar um dos principais entraves do setor de transportes. “Vamos incentivar os trabalhadores a completar sua formação, estimulando que eles façam graduação e pós-graduação. Nós, do transporte, temos dificuldade muito grande ao fazer o processo seletivo de encontrar pessoas já qualificadas, mesmo com a crise. Conseguimos admitir mesmo não tendo os pré-requisitos, mas com o acordo de que frequentem a sala de aula”, revelou.
Gilmar Antônio Zanluchi, superintendente do SENAR, representou o presidente da entidade, José Zeferino Pedroso, e afirmou que a baixa escolaridade ainda é uma realidade do trabalhador rural que enfrenta os desafios da automação no campo. “Nesse momento atual, onde o nosso trabalhador, seja na indústria, no comércio e, principalmente, na área rural, onde nós atuamos, a necessidade de buscar aperfeiçoamento, elevar o nível de escolaridade para que possa, em curto espaço de tempo, buscar o aprendizado nas novas tecnologias. Hoje nós estamos no processo de automação, de mecanização e nós temos a agricultura de precisão, temos instalações altamente tecnificadas que dependem de informação e de um trabalhador em constante atualização”, falou Zanluchi.
Para o presidente da UNDIME-SC, Roque Mattei, a campanha de elevação da escolaridade tem caráter inédito ao unir tantas entidades em prol de um mesmo tema. “A FIESC está fazendo um grande trabalho com esse movimento. Isso vai fazer com que nós tenhamos muito mais sinergia e com isso nós alinhamos nossos compromissos para que lá no município, no plano municipal de educação, a gente consiga atingir as metas o mais rápido possível, para, aí sim, lá em 2024, chegarmos a 100% dessas metas atingidas”, afirmou.
“Se nós educadores fizessemos nosso papel na idade regular, a EJA não existiria. Em algum momento da sua trajetória, esse estudante se perde no processo de aprendizagem: é quem reprova, quem desiste. Ele evade porque não vê valor naquilo que está aprendendo para a vida dele”, disse o secretário de educação Eduardo Deschamps, que apresentou o Programa EJA Acessível, modelo estudado pela Secretaria de Estado que inclui a oferta de aulas a distância.
Acesso facilitado aos cursos – As entidades envolvidas assinaram termo de cooperação oficializando a parceria para ampliar a oferta de educação de jovens e adultos no Estados. “A assinatura desse termo marca um momento histórico para a educação de jovens e adultos de Santa Catarina. É por meio de iniciativas como esta que alcançaremos resultados mais favoráveis”, afirmou o presidente da FIESC. A partir de uma plataforma de geolocalização disponível no site www.scpelaeducacao.com.br, será possível a qualquer estudante encontrar a escola de educação de jovens e adultos mais próxima. Todas as escolas ofertantes serão indicadas nessa plataforma. São oferecidos cursos em 201 municípios, somando 421 estabelecimentos em que as aulas são realizadas.
A campanha foi lançada durante o Seminário “Educação de Jovens e Adultos: construindo um ecossistema para uma atuação em rede”. Segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), de 2015, Santa Catarina possui mais de 2,2 milhões de trabalhadores formais e 724,8 mil deles não concluíram a educação básica (33%). A volta aos bancos escolares ainda é um desafio no Estado, que registra uma taxa significativa de jovens que não concluíram o ensino médio aos 19 anos (32,3%). São estes jovens que, mais tarde, buscam a educação de jovens e adultos para concluir o ensino básico. Só na indústria, um terço dos trabalhadores tem entre 15 e 29 anos.
No evento, Timothy Ireland, coordenador da Cátedra da Unesco em EJA, reforçou que “o planeta não sobreviverá, a menos que se torne um planeta educador”. Ele tratou de temas como sustentabilidade, inovação e modelos de educação de jovens e adultos. “Nossa atual agenda de EJA é deficitária, pautada por um modelo de educação compensatória, com forte viés escolar, bastante inflexível em relação ao currículo e com conteúdos irrelevantes”, avaliou.
Na contramão desse modelo, o SESI, entidade da FIESC, oferece uma metodologia inovadora que alia conhecimentos à experiência de vida do próprio aluno. Atualmente, a entidade atende 16 mil trabalhadores com cursos de educação básica. Outra proposta da escola é a EJA Profissionalizante, uma nova metodologia que alia a matriz curricular do novo ensino médio (por área do conhecimento e por competências) concomitante com a qualificação profissional do SENAI, que permite ao aluno concluir o ensino médio em até 12 meses. Dentro desta proposta, o SESI vai oferecer 1.680 novas vagas para trabalhadores da indústria.
Conselho de Governança – Integrantes do Conselho de Governaça do Movimento SC pela Educação reuniram-se pela manhã para analisar iniciativas em andamento. Entre os temas abordados, eles conheceram o projeto de formação de professores da rede pública e do Sistema S voltado à Educação Integral para o Século XXI, uma parceria da FIESC com o Instituto Ayrton Senna (IAS), a Fecomércio e a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
O secretário de Educação, Eduardo Deschamps, também destacou que o projeto desenvolvido pela FIESC em parceria com o IAS e as secretarias de educação do Estado e do município de Chapecó será transformado em política pública por meio de lei municipal. O ato ocorre no dia 25 de agosto, quando o município celebra seu centenário e o Governo do Estado transfere sua sede para Chapecó. O evento contará com a presença da presidente do Instituto, Viviane Senna.
Assessoria de Imprensa da FIESC
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