Confira a cobertura fotográfica completa no Flickr da FIESC
Joinville, 22.09.2015 – A busca por alternativas que aumentem a eficiência e elevem a competitividade do setor produtivo foi defendida de diversas formas pelos integrantes de um fórum sobre infraestrutura e energia, que integrou a programação do Encontro Econômico Brasil-Alemanha. Realizado nesta terça-feira (22), o debate contou com a participação de industriais brasileiros e alemães, além de especialistas da área.
Com mais de 8 mil usinas de biogás, a Alemanha lidera a produção de energia a partir desta fonte que é uma das principais alternativas às usinas nucleares. Hans-Dieter Beuthan, da Câmara Empresarial e Científica Brasil-Alemanha (AHK), destacou que as usinas de biogás no país europeu produzem quase 4 gigawatts de eletricidade. “Essa produção é o equivalente ao gerado por três usinas nucleares”, afirmou Beuthan, que comparou a produção das usinas com as unidades instaladas em Angra dos Reis. Atualmente, operam as usinas Angra 1, com capacidade para geração de 640 megawatts elétricos, e Angra 2, de 1350 megawatts elétricos. A usina Angra 3 está prevista para gerar 1405 megawatts elétricos.
“Temos entraves do ponto de vista jurídico e de apoio financeiro. Precisamos de uma certificação da agência reguladora que desde janeiro deste ano permite produzir biogás a partir de resíduos agrícolas, mas não ainda do lixo urbano. Temos investidores interessados em projetos com Santa Catarina que só podem ser realizados em partes”, lamenta Beuthan. “O potencial dos dois países favorecem cooperação neste sentido, com a troca de experiências. No entanto, a transferência de tecnologia precisa contemplar a formação dos profissionais que serão envolvidos com esse projeto”, alerta. Em parceria com a SCGás, a Alemanha assinou protocolo de intenções para a realização de projetos na área de biogás.
O diretor-presidente da Transnordestina Logística, Ciro Gomes, destacou os projetos que vêm sendo realizados pela melhoria da infraestrutura no país, como a ferrovia que tem mais de 1,1 mil quilômetros de extensão e cortará o semiárido do nordeste. O investimento é de R$ 11,2 bilhões com recursos totalmente nacionais, que ligará o sertão do Piauí aos portos de Pecém, no Ceará, e Suape, em Pernambuco. Ele lembrou ainda que a cabotagem deveria ser a principal matriz para o escoamento da produção. “Temos que investir mais em portos. Se nossa população está no litoral, a produção (especialmente de minério de ferro e de grãos) está no interior”, lembrou Gomes, sugerindo a integração de diversos modais que liberte o setor produtivo das rodovias.
Sobre o atual cenário político-econômico do País, Gomes criticou a carga tributária elevada dos investimentos em infraestrutura e afirmou que os brasileiros têm uma agenda reativa às situações que ocorrem no País. “Negamos a carga tributária, mas não propomos alternativas. Há margens para corrigir este problema. Temos uma matriz de infraestrutura que corresponde ao maior estoque de poupança de investimento que já existiu no mundo. Se conseguirmos resolver nossas questões, nos tornaremos um dos lugares mais interessantes para investir”, frisou.
O gerente-executivo de infraestrutura da CNI e moderador do fórum, Wagner Cardoso, citou importantes avanços em infraestrutura com a implantação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal. Cardoso destacou ainda o crescimento em diversos segmentos de infraestrutura, como o tráfego aéreo (10%) e o tráfego em rodovias pedagiadas (11%).
Para o vice-presidente de negócios internacionais da Camargo Corrêa, André Juliano, esse investimento deve ser ainda maior. Ele alertou que nos próximos meses o mercado de infraestrutura passará por um período muito desafiante, pois faltam recursos e governança de planejamento. Além disso, investimentos internacionais dependem da estabilidade econômica e política. “O governo federal investe 1,47% do orçamento em obras públicas de infraestrutura, enquanto nações como Peru e Paraguai chegam a 11%. O País é atrativo para investimentos nesta área”, afirmou, ao lembrar que diversos setores da economia continuarão a demandar o uso de água, energia, transporte de commodities até os portos, mobilidade urbana. Defendeu ainda a criação de um código de autorregulação do setor de infraestrutura.
Alexandre Siciliano, gerente do BNDES, revelou o aumento da busca por financiamentos de projetos que contemplam fontes alternativas para a geração de energia. Destacou ainda que a energia eólica vem ganhando vantagem competitiva e já representa 10% da matriz energética brasileira. O banco financia até 70% dos projetos de energias renováveis.
O presidente da Concremat, Mauro Viegas Neto, também defendeu a potencialidade do setor de energia. “Temos potencial de geração, transmissão e distribuição. Além disso, o Brasil tem uma das maiores reservas de gás e temos projetos de uma usina térmica de 3 mil metros cúbicos a ser implantada no Sul do País”, adiantou Viegas Neto, que sugere a redução do custo brasil para tornar a indústria mais competitiva.
René Wlach, diretor regional da Hamburg Sud, falou sobre os investimentos da empresa na aquisição de 10 navios com capacidade de 9,7 mil TEUs (unidade equivalente a 20 pés). Ele relatou ainda o bem-sucedido empreendimento realizado no Porto de Itapoá, com investimento superior a R$ 500 milhões. O porto já opera com a capacidade máxima e sua ampliação é analisada por empresas catarinenses com possibilidade de parceria com a Alemanha.
Elida Hack Ruivo
Assessoria de Imprensa
Federação das Indústrias de Santa Catarina
elida.ruivo@fiesc.com.br
(48) 3231 4244 – (48) 9176 2505