Florianópolis, 28.10.2015 – A crescente atenção dos consumidores em relação à sustentabilidade vem ganhando força com os eventos climáticos registrados em diversas partes do mundo, com mídia dando atenção ao assunto e com o apoio do Papa Francisco, que lançou uma encíclica sobre aquecimento global. “Logo, não dá para negar mais. A coisa está ficando complicada no planeta Terra para o ser humano e para as outras espécies. A indústria não pode mais negar. Tem uma participação essencial não só no problema, mas na solução dele”, afirmou o diretor de meio ambiente da Tetra Pak, Fernando von Zuben. Ele ministrou palestra no seminário “A indústria e os resíduos sólidos”, promovido pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), nesta quarta-feira (28), em Florianópolis.
Em sua apresentação, ele disse que as pesquisas indicam que o consumidor quer uma atuação mais evidente e mais ativa das indústrias e das empresas de forma geral. “É hora de acordar e fazer sua parte. Investir em questões ambientais exige algum investimento, claro, mas o principal investimento é em pessoas. Precisa de profissionais qualificados para exercer a função ambiental dentro de uma corporação, e não simplesmente pessoas comunicando coisas que não se faz”, disse Fernando. Na opinião dele, há muito tempo as questões ambientais estão inerentes na sociedade. “Só não vê quem não quer. Logo, as empresas e os governos devem tomar atenção cada vez maior e não pensar somente quanto que vou cobrar a mais por um produto verde entre aspas, e sim o que meu consumidor, que paga meu salário, está pensado sobre esse produto”, declarou.
A Tetra Pak, empresa sueca conhecida pelas embalagens longa-vida, está presente em 170 países. No Brasil, tem fábricas em São Paulo e no Paraná e concentra a segunda maior operação no mundo – a primeira é na China.
Zuben disse que a cada dois anos a companhia tem realizado ampla pesquisa, ouvindo consumidores, ONGs, entre outros formadores de opinião de diversos países e tem notado que as pessoas estão cada vez mais interessadas em produtos feitos a partir de fontes renováveis e certificadas. Como exemplo ele citou o plástico verde, fabricado a partir do etanol. “O etanol vem da cana-de-açúcar, que quando cresce absorve o gás carbônico. Hoje todas as embalagens nossas produzidas no Brasil e em alguns outros países já possuem esse polímero verde e a tendência é aumentar, apesar do custo 25% maior do que o polímero que vem do petróleo. Esse custo tivemos que absorver”, garantiu, lembrando que para ser líder tem que investir. “Ninguém é líder se fizer o que todo mundo faz”, concluiu. O projeto é desenvolvido em parceria com a petroquímica Braskem. A colheita nos canaviais é feita de forma automatizada. E não há queima.
Na abertura do encontro, o coordenador do Comitê Estratégico da FIESC para a Logística Reversa, Albano Schmidt, destacou que o seminário faz parte da semana Lixo Zero, iniciativa que ocorre em diversas cidades brasileiras.
Economia circular: O líder de desenvolvimento de negócios da Embraco, Fernando Withers Torres, defendeu a economia circular, modelo em que os resíduos são transformados em insumos para a produção de novos produtos. Assim como na natureza, na qual os restos de frutas consumidas por animais se decompõem e viram adubo para as plantas fechando o ciclo − peças de eletrodomésticos usadas podem ser reprocessadas e reintegradas à cadeia de produção, explicou.
A empresa montou a unidade de negócios Nat.Genius, sistema faz a operação reversa de produtos da linha branca, entre outros. Os produtos descartados são enviados para uma unidade de reciclagem, que separa as partes e reaproveita em novos produtos ou recicla. “Na economia circular tudo pode ser reaproveitado e é possível reduzir a extração de matéria-prima e o descarte de resíduos no meio ambiente”, disse Torres.
Em sua apresentação, o líder da Embraco projetou uma tabela periódica, muito utilizada nas aulas de química, e disse que nos próximos 50 anos elementos como o bromo, zinco e prata devem começar a desaparecer da terra. “O recurso é escasso na Terra. Para extrair um grama de ouro retiramos uma tonelada de minério da natureza. Que modelo vamos seguir no futuro?, perguntou ele à plateia. “O homem vem com esse modelo linear de extração, produção e consumo criando desequilíbrios na natureza”, disse lembrando que 25% de todo o lixo gerado no mundo acaba nos oceanos.
Segundo ele, em 2030 a estimativas apontam para 9 bilhões de habitantes na Terra – dos quais 3 bilhões na classe média, consumindo mais. “Hoje consumimos nove vezes mais do que cem anos atrás. Imagina daqui a 50 anos. Em 2050 estaremos consumindo na ordem de três planetas Terra. Hoje nossa taxa de consumo é de um planeta e meio”, afirmou Torres, defendo a economia circular como uma proposta para minimizar esse quadro.
Durante o evento também foram realizadas as apresentações do diretor da Alcaplas, Alceu Lorenzon, e do diretor do Instituto Lixo Zero Brasil, André Montagna.
Dâmi Cristina Radin
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