Florianópolis, 29.3.2016 – Representantes dos setores de alimentos e têxtil e vestuário de Santa Catarina conheceram as oportunidades de ampliação de fornecimento oferecidas pelo Exército brasileiro. Só a diretoria de abastecimento da instituição, responsável pelas compras de alimentos, fardamento, combustível e munição, tem orçamento anual de cerca de R$ 1 bilhão (sem risco de contingenciamento). O encontro foi promovido pelo Comitê da Indústria de Defesa (Comdefesa), da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), nesta terça-feira (29), em Florianópolis, e contou com a participação de um grupo de militares do comando de Brasília.
“Temos muita tecnologia e empresas com alto poder de produção. As Forças Armadas compram desde o feijão até a munição. O orçamento da União para a área militar é grande. A indústria catarinense tem que ficar atenta. Eles compram e pedem características específicas no produto. Então, a empresa que se habilita tem que ter um mínimo de tecnologia, de organização e certificação, mas não é difícil”, afirmou o coordenador do Comitê, Cesar Augusto Olsen. Segundo ele, uma indústria estruturada consegue manter um cadastro na instituição militar. Ele disse ainda que num segundo momento as indústrias podem fornecer ao Exército produtos com mais tecnologia, inclusive desenvolvendo soluções com o apoio dos Institutos de Tecnologia e Inovação do SENAI.
“São grandes orçamentos, fornecimentos e responsabilidade pelo material que se fornece. Estamos colocando nosso material numa indústria que se preocupa com a defesa do país”, salientou Olsen, ressaltando que as demandas não são regulares, mas em grandes volumes, e que podem representar um adicional ao faturamento da empresa, desde que ela esteja preparada. Atualmente, São Paulo fornece 60% das demandas militares.
Em sua apresentação, o general de brigada, Carlos da Costa, que responde pela diretoria de abastecimento do Exército no país, explicou que a aproximação com a indústria tem o objetivo de “quebrar a barreira do atravessador (empresa que vence a licitação, mas não fabrica o produto) que não tem compromisso com o produto e com o cliente”.
“Todo o ano fazemos processos licitatórios para adquirir produtos de alimentação, fardamento, combustível e munições. Compramos do feijão ao helicóptero dentro do Exército. Pela apresentação que assisti aqui, na minha área, as oportunidades que vejo para Santa Catarina estão na alimentação, principalmente carne, frango e suíno, que têm um grande campo, e os produtos preparados”, ressaltou o general. Em alimentos são gastos R$ 320 milhões por ano. Outro setor que já fornece, mas pode ampliar a participação, é o têxtil. Só de fardamento, a instituição adquire cerca de 3 mil itens, gastando R$ 180 milhões por ano para compra de materiais como uniformes camuflados, coturnos, boinas, camisetas, calção, meias, capacetes, coletes, toalhas e conjuntos de cama.
O diretor de desenvolvimento institucional e industrial da FIESC, Carlos Henrique Ramos Fonseca, destacou a importância de entender as demandas do Exército e aproximar as indústrias. Ele fez um panorama dos principais números da indústria catarinense, destacando as 52 mil empresas e os 812 mil empregos formais. Também apresentou o Programa de Desenvolvimento Industrial Catarinense (PDIC 2022), que reúne 16 setores portadores de futuro. “Fomos às seis mesorregiões catarinenses, identificamos os setores e construímos um planejamento estratégico até 2022, que é bem detalhado e consistente”, afirmou. Em relação aos Institutos do SENAI, Fonseca disse que há um forte trabalho na estruturação de um ecossistema de inovação voltado ao parque fabril.
Durante o encontro, o general de Exército da Reserva, Adhemar da Costa Machado Filho, disse que é interessante começar do simples para o complexo: as áreas mais elementares são a de alimentos e fardamento. As compras de 2016 já foram feitas, mas as de 2017 e 2018 ainda não. “Santa Catarina, sem dúvida, tem potencial. O Exército tem 356 anos de vida e é uma instituição do Estado brasileiro. Futuramente, poderemos trazer produtos de valor agregado, principalmente, de alta tecnologia”, concluiu.
As indústrias interessadas em fornecer às Forças Armadas devem fazer o cadastro aqui.
Dâmi Cristina Radin
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