Hamburgo, 1.9.2014 - A corrente comercial de Santa Catarina com a Alemanha deverá aumentar nos próximos anos, porque suas importações e exportações não são concorrentes, mas complementares. A avaliação foi feita em Hamburgo pelo presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), Glauco José Côrte, durante o lançamento da edição 2015 do Encontro Econômico Brasil Alemanha, que será realizado em Joinville. "É importante destacar a complementaridade estratégica do fluxo comercial que envolve a Alemanha e Santa Catarina, resultando em uma interessante pauta de oportunidades a ser trabalhada, que inclui, entre outros, os setores metalúrgico, mecânico e elétrico, que estão entre os principais segmentos de importação da Alemanha e nos quais empresas catarinenses são altamente competitivas internacionalmente", afimou Côrte, que está acompanhado de lideranças políticas e do setor industrial do Estado.
Para o presidente da FIESC, a experiência alemã com as pequenas e médias empresas é uma das grandes referências a ser seguida e que poderá ganhar força em Santa Catarina com a realização do evento do próximo ano em Joinville, entre 20 e 22 de setembro. "As pequenas e médias participam com enorme sucesso do esforço exportador do País da Alemanha. Isso ocorre não só por questões culturais, mas porque existem políticas para isso. A participação em feiras, por exemplo, tem subsidio", disse, acrescentando que a força das empresas desse porte em Santa Catarina representa grande potencial para qualificar cada vez mais a balança comercial catarinense.
Nos últimos cinco anos, a corrente de comércio de Santa Catarina com a Alemanha foi de aproximadamente US$ 918 milhões anuais. Santa Catarina exportou US$ 307 milhões e importou da Alemanha de US$ 611 milhões por ano. Em 2013, a Alemanha foi o décimo maior destino externo de produtos Santa Catarina, com embarques de US$ 278 milhões, e o quinto local do qual o Estado mais comprou, com um total de US$ 875 milhões.
Infraestrutura, energia, especialmente a renovável, o agronegócio e alimentos são alguns dos principais segmentos em que Brasil e Alemanha podem ampliar a cooperação, na avaliação dos participantes do evento. O presidente da confederação alemã da indústria, a BDI, Ulrich Grillo, destacou que a entidade alemã e sua congênere brasileira, a CNI, estão atentas à chamada Indústria 4.0. "É a 4ª revolução industrial, que vai fundir a economia real e a digital e modificar completamente as bases dos processos de produção e os atuais modelos de negócio", afirmou, destacando que os negócios serão cada vez mais virtuais e conectados.
Os alemães destacaram potenciais de cooperação em áreas como as de alimentos e agronegócio, por meio de cadeias globais, e outras que afetam a competitividade dos dois países, como o preço elevado da energia que encarece os custos de produção tanto no Brasil quanto na Alemanha. Energia eólica, solar e a partir de biomassa foram citados como destaques.
Do lado brasileiro existe a preocupação de elevar o conteúdo tecnológico das exportações. Nas palavras do vice-presidente da CNI, Paulo Tigre, o Brasil precisa de uma inserção internacional "mais virtuosa", com itens de maior valor agregado em sua pauta destinada ao mercado internacional. "A participação em cadeias de valor é uma alternativa e a Alemanha pode ser uma parceira para isso", disse. Os dados da balança comercial catarinense são um indicativo nesse sentido. Os principais produtos embarcados em 2013 foram fumo, frango e motores elétricos. Já na no sentido contrário, desembarcaram em Santa Catarina itens como automóveis, reagentes para laboratório e frações de sangue para tratamento de saúde. A estatística também dá consistência ao raciocínio de Côrte sobre a complementariedade da balança comercial entre o Estado e a Alemanha, já que os itens importados citados não são destaque na pauta exportadora catarinense para o país europeu.
Infraestrutura - O déficit de infraestrutura do Brasil foi classificado como desafio e, ao mesmo tempo, oportunidade pelo ministro do Desenvolvimento Indústria e Comércio, Mauro Borges, já que os alemães podem participar dos investimentos necessários ao País. Mas ele admitiu a necessidade de promover as reformas tributária, trabalhista e regulatória para acelerar a atração de recursos. Tigre, lembrou que o Brasil investe menos da metade do que seria necessário na área e citou as regras para a gestão privada dos portos como um exemplo de questão a ser enfrentada para estimular a participação do setor.
Acordo de cooperação - Na segunda-feira também (1º) foi assinado convênio entre a FIESC, o Instituto Euvaldo Lodi e a Fundação Steinbeis, considerada a mais inovadora escola de negócios da Alemanha pela Global Business Education. O objetivo é identificar oportunidades e realizar atividades em áreas como programas de educação executiva para os gestores, líderes e empresários; desenvolvimento conjunto e intercâmbio de conteúdos para educação executiva; visitas técnicas envolvendo as empresas e os centros de conhecimento para o intercâmbio de práticas de negócios, no Brasil e na Europa e o desenvolvimento conjunto de estudos sobre melhores práticas internacionais (benchmarking) em educação executiva, inovação, liderança, estratégia e internacionalização. Pelo lado brasileiro o acordo foi assinado por Côrte e pelo alemão pelo diretor da Associação das Indústrias de Bandenwürtenberg, Wolfgang Wolf.
Nesta quarta-feira o grupo catarinense ainda participa do encerramento do Encontro Econômico Brasil - Alemanha e na quarta realiza seminário em Frankfurt, onde apresentará o Estado como destino para investimentos a empresários alemães.
Elmar Meurer
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