Florianópolis, 25.5.2022 – A participação dos fundos privados de previdência complementar é uma alternativa para investimentos em infraestrutura em Santa Catarina e no Sul do Brasil. A defesa foi feita pelo professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Mario Sergio Ferreira Silva, nesta quarta, 25, durante a reunião conjunta do Conselho de Infraestrutura e da Câmara de Transporte e Logística da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC). Ele observa que cada fundo de pensão tem limites de aplicação definidos pela legislação, pela sua política de investimento e pelas metas atuariais, o que exige que os projetos sejam competitivos e tenham rentabilidade para disputar com outros fundos de investimentos.
O presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar, defendeu a busca de alternativas para aumentar os investimentos em infraestrutura no estado. “Diante da desglobalização, que é uma tendência mundial, Santa Catarina pode substituir parte do que é produzido atualmente na Ásia. Mas precisamos urgentemente de uma infraestrutura mais adequada para dar mais competitividade à nossa indústria”. Aguiar lembrou que o custo logístico catarinense é de 14%, mais elevado que a média brasileira e bem mais alto do que o dos EUA, que é de 8,5%. “50% do custo logístico de Santa Catarina é no transporte”, salientou o presidente da FIESC.
Ferreira Silva defendeu a criação de um grupo multidisciplinar com a participação dos fundos de pensão. Ele considera que os projetos apresentados devem apresentar as condições de risco, retorno, uma boa taxa de participação de risco de alguns projetos que possam ser desenvolvidos. Segundo ele, as 41 entidades de previdência privada dos três estados do Sul totalizam patrimônio de R$ 69,4 bilhões, ou seja, 16,8% do volume nacional. Os fundos de pensão catarinenses possuem um patrimônio de R$ 17,3 bilhões. Ele lembra que a legislação estabelece o limite de 15% do patrimônio em fundos de investimento e participações (FIP) ou 20% em debêntures. Na palestra, o professor apresentou exemplos de projetos de infraestrutura de diversos estados que recebem recursos dos fundos de previdência privada.
Orçamento para rodovias federais em SC
O secretário-executivo da Câmara de Transporte e Logística da FIESC, Egídio Antônio Martorano, fez uma apresentação das ações realizadas pela Câmara nos últimos dois meses. Conforme informou, o estado tem à disposição R$ 901,8 milhões para investimentos este ano em rodovias nas BRs, valor que inclui R$ 254,5 milhões do governo federal, R$ 465 milhões do governo estadual e R$ 169 milhões do Crema, programa de conservação e recuperação das rodovias. Conforme Martorano, embora seja uma previsão melhor do que em outros anos, é muito pouco frente aos R$ 18 bilhões necessários até 2025.
Martorano também anunciou que na próxima reunião dos colegiados serão apresentadas as análises das condições das rodovias do Oeste Catarinense. Segundo ele, de 2011 a 2021, o profissional contratado pela FIESC para realizar essas análises já percorreu 6,8 mil quilômetros das rodovias estaduais e 4,5 mil quilômetros de rodovias federais. O 11,3 mil quilômetros percorridos e analisados superam a quilometragem total de BRs no território catarinense e SCs.
Arcelor Mittal
Marcelo Campos, gerente de logística da ArcelorMittal, de São Francisco do Sul, falou sobre as estratégias e condições de logística da empresa. Ele alertou que no trecho de 35 quilômetros da BR-280, entre o entroncamento com a BR-101 e o Porto de São Francisco do Sul, existem 554 interferências diretas – são 63 indústrias e empresas, 216 estabelecimentos comerciais, 170 residências com acesso direto à rodovia e 105 acessos a avenidas, ruas ou becos.
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