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Joinville, 22.09.2015 – Novas e revolucionárias soluções de mobilidade estão sendo implementadas nos grandes centros urbanos dos países europeus, gerando conforto e economia, além de reduzir a emissão de poluentes. No entanto, a adoção destas tecnologias no Brasil deve ser precedida por obras de infraestrutura e planejamento de longo prazo. As medidas foram defendidas pelos integrantes do painel Mobilidade e Conectividade, que abriu o segundo dia de debates do XXXIII Encontro Econômico Brasil - Alemanha, em Joinville.
Para a vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Gleide Patrizi, é preciso pensar no longo prazo, em planos que tenham continuidade independente dos ciclos políticos. Ela ressaltou que, mesmo com a crise atual, a perspectiva é que em cerca de 20 anos a quantidade de carros por habitante dobre no país. "Em São Paulo é mais complicado, mas nas cidades médias pelo Brasil ainda pode ser feito um planejamento ", defendeu.
Na Alemanha, há planejamento feito com base em pesquisas de origem e destino e nos interesses do Estado e do Município de fomentar o desenvolvimento de regiões específicas. "O Estado toma posição de liderança, influenciado pela demanda real", contou Peter Mirow, diretor executivo da DB International Brasil.
Para o presidente da fábrica da BMW em Araquari, Gerard Degen, o planejamento brasileiro é bom. O que falta é a execução. Ele citou o caso da BR-280, que atravessa o Estado e termina no porto de São Francisco do Sul. "A licença foi dada, agora é preciso executar", cobrou, lembrando que sua duplicação está planejada há tempos e que se trata de uma rodovia sobrecarregada, onde acontecem muitos acidentes fatais.
No lado das montadoras também devem ocorrer mudanças. "As empresas estão preocupadas não apenas com a venda de veículos, mas, cada vez mais, com serviços de mobilidade. Todas caminham nesta direção", afirmou a representante da Anfavea. Neste sentido, o presidente da MAN América Latina e Volkswagen Truck & Bus, Roberto Cortes, relatou que a empresa já obtém hoje a maior parte do seu ganho da venda de serviços, e não de caminhões novos.
No médio prazo, isso deve levar a uma mudança de mentalidade na população. "O automóvel pessoal passará a ser visto como um serviço, não mais como um bem material. Como ocorreu no passado, em relação à linha telefônica", afirmou Ideval Munhoz, presidente da T-Systems do Brasil.
Além do modelo de negócios as mudanças na mobilidade devem afetar o próprio modelo de trabalho das indústrias. "A concentração das pessoas nas grandes cidades impactará fortemente no comportamento das pessoas. Elas terão que ficar cada vez mais em casa. Isso irá impactar no setor produtivo, que terá que rever a forma de se produzir", alertou Mario Cezar de Aguiar, primeiro vice-presidente da FIESC.