Florianópolis, 11.11.2014 - O representante-geral do Mercosul, Ivan Ramalho, informou que 80% da pauta de exportação brasileira ao bloco é composta por produtos manufaturados, o que justifica o esforço do país pelo Mercosul. De janeiro a agosto deste ano, a balança comercial brasileira com o bloco registrou superávit de US$ 4,6 bilhões, ficando atrás apenas da Ásia (US$ 5,5 bilhões), continente para o qual o Brasil exporta apenas 20% de manufaturados. A balança catarinense com o bloco, contudo, registra resultado negativo (veja aqui balança comercial SC e Mercosul). Ramalho, que é ex-secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, participou de reunião da Câmara de Comércio Exterior da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), realizada nesta terça-feira (11), em Florianópolis.
O presidente da FIESC, Glauco José Côrte, falou das questões conjunturais que envolvem os países do Mercosul, sobretudo, a Argentina. "Neste ano temos queda nas exportações para a Argentina e um crescimento das importações. Quer dizer, o saldo comercial hoje é desfavorável para Santa Catarina. O Mercosul não se resume à Argentina, mas o país sempre foi um parceiro importante - era o segundo ou terceiro para o qual o Estado mais exportava e hoje é o quinto", disse, lembrando que enquanto as importações catarinenses vindas da Argentina cresceram 20% no período, as exportações registraram queda de aproximadamente 17%.
O Mercosul foi criado em 1991 e sua sede é em Montevidéu, no Uruguai. Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela são os países integrantes do bloco. Chile, Colômbia, Equador, Peru, Guiana e Suriname são países associados. O Mercosul tem 300 milhões de habitantes e seu PIB é de US$ 3,3 trilhões, equivalente a 83% do PIB da América do Sul. "É um dado de fundamental importância em decisões de investimentos. Quando indústrias e outros setores decidem investir, consideram o mercado consumidor. O do Mercosul é um dos maiores do mundo", afirmou Ramalho, salientando que o comércio intrabloco passou de US$ 5 bilhões em 1991 para US$ 60 bilhões em 2012. "Esse crescimento foi o dobro do registrado no comércio mundial no mesmo período, o que prova, de maneira contundente, a integração regional", concluiu. (Clique aqui e veja a apresentação de Ivan Ramalho)
Em relação às negociações do acordo comercial Mercosul e União Europeia, Ivan disse que é aguardada a finalização de proposta por parte dos europeus. "Tivemos recentemente a troca de comissários da União Europeia e estamos otimistas. Esperamos um avanço no próximo semestre", disse, destacando que a conclusão do acordo favoreceria novos negócios com outros países.
A presidente da Câmara de Comércio Exterior da FIESC, Maria Teresa Bustamente, lembrou que o acordo vem sendo negociado há vinte anos. "Aparentemente as negociações são muito difíceis porque a Argentina tem mantido uma posição bastante defensiva, mas não é só isso. O mais importante é que o Mercosul tem uma estrutura normativa que o engessa", afirmou, ressaltando outros países estão avançando nas negociações de outros acordos como Estados Unidos e União Europeia, Transpacífico e aliança do Pacífico, por exemplo.
Apesar dos obstáculos, ela disse que não se pode abrir mão do Mercosul. "Sou uma defensora intransigente. Somos vizinhos desses países e a melhor maneira é promover a integração. Ninguém quer acabar com o Mercosul. Queremos uma flexibilização das normas permitindo fazer parte de outras negociações que estão abrindo mercados que interessam ao Brasil", disse.
Dâmi Cristina Radin
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