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Empresários estão atentos à necessidade de reinvenção nos negócios

Indústrias do Brasil e SC têm potencial para sair na frente e oferecer soluções para desafios relevantes, mas estudo mostra que reavaliar modelos de negócios e estratégias de geração de valor devem ser agendas constantes

Florianópolis, 03.04.2024 - A capacidade de sobrevivência das empresas diante dos desafios como a transformação digital e as mudanças climáticas está atrelada à capacidade de reinvenção dos negócios. Essa é a mensagem do primeiro painel do evento Radar Reinvenção, evento organizado pela Academia FIESC de Negócios na sede da Federação das Indústria de SC (FIESC) em Florianópolis nesta quarta-feira, dia 3.

“Os desafios e as oportunidades que surgiram ou se intensificaram nos últimos anos exigem de cada um de nós, e da comunidade empresarial como um todo, um movimento de aceleração ainda mais forte e determinado”, afirmou o presidente da entidade, Mario Cezar de Aguiar. Para ele, é necessário estabelecer um pacto para assegurar melhores condições de infraestrutura, formação de mão de obra, exploração de mercados internacionais e acesso a crédito.

A percepção de executivos de empresas do mundo todo é que nos próximos anos, mudanças associadas à tecnologia, às preferências dos consumidores e ao clima, entre outras, terão impacto muito maior na forma como os negócios criam, entregam e capturam valor. A análise faz parte do estudo global com mais de 4,7 mil CEOs organizado pela PwC e apresentado pelo sócio e líder de Mercados e Clientes da PwC Brasil, Marcelo Cioffi.

Entre os CEOs brasileiros que responderam à pesquisa, 41% acreditam que suas organizações correm riscos de sobrevivência nos próximos 10 anos se mantiverem o rumo atual – um aumento de oito pontos percentuais em relação à pesquisa anterior. No mundo, 45% dos entrevistados têm a mesma percepção, um incremento de 6 pontos ante o estudo passado. “O presente é difícil, mas se não pensarmos no futuro, a gente vai morrer na praia”, destacou Cioffi.

A boa notícia, diz Cioffi, é que a maioria já está pensando em modelos de reinvenção e já está trabalhando em ações que mudem o rumo das empresas. “A maioria relata que já avançou em projetos de descarbonização, em eficiência energética”, afirmou.
Para Aguiar, a indústria precisa se mobilizar de forma sintonizada com a nova política industrial brasileira, os megainvestimentos associados a mudanças climáticas, a inteligência artificial e a reestruturação das cadeias de valor globais. 

O economista e diplomata Marcos Troyjo corrobora essa percepção. Para ele, estamos vivendo um momento de tensão global, decorrente ainda dos efeitos da maior crise de saúde pública global desde a gripe espanhola, a Covid-19. As respostas fiscais e monetárias - como aumento do gasto público e a emissão de moeda para fazer frente a esses investimentos -  necessárias para combater os efeitos econômicos da pandemia acabaram trazendo reflexos como inflação e valorização artificial da bolsa de valores e do mercado de imóveis.

Também alimentam esse clima de tensão os riscos geopolíticos, tanto os relacionados aos confrontos no Oriente Médio e a guerra na Ucrânia como os atribuídos à cadeia de suprimentos. Esse cenário de redução do diálogo, combinado com a necessidade de segurança e confiança em seus parceiros negócios, favorece um ambiente de policrise. “Mas um ambiente de policrise também é um ambiente de polioportunidades”, destacou. 

Troyjo afirmou que Santa Catarina e o Brasil têm potencial para atender a futuras demandas globais de energia renovável e alimentos, por exemplo. São áreas em que temos diferenciais competitivos e podemos oferecer soluções para essas questões, que serão cada vez mais relevantes no futuro. 

O executivo da PwC também acredita que o momento é de oportunidades para o Brasil. O país vem caindo em importância como mercado estratégico para empresas globais e hoje ocupa a 14ª posição. “Acreditamos que isso não seja um problema, mas uma oportunidade. O realinhamento das cadeias globais de suprimentos pode beneficiar o país”, avaliou.

Reinvenção

A conscientização das empresas de que terão de se reinventar já é uma realidade. E para isso, Troyjo destaca quais os principais eixos que devem ser levados em conta: 

  • Reposicionamento geográfico (Reshoring): os negócios globais vão reavaliar a localização de suas plantas produtivas, retornando para seus países de origem ou optando por novos investimentos em países com um ambiente de negócios mais adequado à processos de reinvenção
  • Re-capacitação (Reskilling): investimento para aumentar ou ainda reabilitar sua força de trabalho para novas competências. 
  • Reinstrumentalização (Retooling): Investimentos em novas tecnologias, big data, inteligência artificial e robótica
  • Re-arquitetura: Adotar práticas e comportamentos similares aos de empresas de capital aberto, com mais transparência e governança, independentemente do porte da empresa ou se é de base familiar. 

Para o diretor de inovação e competitividade da FIESC, José Eduardo Fiates, essa reinvenção passa também pelas entregas que a entidade oferece à indústria. “Ao longo do tempo temos identificado melhorias que podem ser incorporadas aos nossos produtos para gerar valor efetivo para a indústria e atender melhor suas necessidades e expectativas”, destacou. “A Academia FIESC de Negócios vem aprimorando sua atuação e se preparando para oferecer uma jornada de aprendizado única”, explicou. 

O evento Radar Reinvenção desta quarta-feira, promovido pela Academia, abre a série de encontros que vai ocorrer em outras quatro oportunidades: 

  • 13/6 em Chapecó, com o tema Descarbonização e Transformação Digital
  • 4/7 em Jaraguá do Sul com o tema Infraestrutura e Mobilidade
  • 20/8 em Criciúma, debatendo Transição Energética.
  • 17 e 18 de outubro, encerrando a jornada, ocorre o Fórum Radar Reinvenção em Florianópolis, com o tema Indústria Mais Competitiva.

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