Florianópolis, 12.09.2024 - A importância da suinocultura catarinense não só para o estado como para o país torna o tema da sustentabilidade no setor essencial para a manutenção e a conquista de novos mercados consumidores, diante de um número maior de países adotando regulamentações para a redução de emissões de gases do efeito estufa. “A sustentabilidade tem motivado mais do que discussões, tem sido fator de definição no acesso a mercados, com o produto brasileiro competindo pelas melhores certificações”, explicou o diretor executivo de Agro e Sustentabilidade da Seara, José Antônio Ribas Jr.
O chefe geral da Embrapa Suínos e Aves, Everton Krabbe, afirmou no entanto, que o Brasil, a despeito de sua posição de destaque na suinocultura e na indústria de proteína animal, não conta com métricas e indicadores de sustentabilidade adaptados à realidade do país. Por isso, o órgão está desenvolvendo uma iniciativa para atender essa demanda, o Projeto Suinocultura Sustentável do Brasil, que foi apresentado à agroindústria catarinense durante a reunião da Câmara de Desenvolvimento da Agroindústria da FIESC, na quarta-feira, dia 11.
O Brasil ocupa a 4ª posição entre os produtores e deve alcançar a 3ª posição entre os exportadores em 2024, de acordo com dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Maior exportador de carne suína do Brasil, com 62,5 mil toneladas embarcadas em agosto, Santa Catarina também está entre os maiores produtores do Brasil.
“Precisamos criar todas as condições para que os mercados internacionais que compram nosso produto saibam que o discurso que às vezes ouvimos, de que a nossa produção não é sustentável, não é verdadeiro”, destacou Jorge Luiz de Lima, gerente executivo do Sindicarne.
O executivo da Embrapa salientou que a suinocultura brasileira, embora tenha práticas sustentáveis e de bem estar animal, não conta com reconhecimento internacional pois não possui métricas para poder comprovar os discursos e argumentos. O objetivo do projeto é criar uma certificação de sustentabilidade com indicadores adequados à realidade nacional, já que a produção agropecuária brasileira tem sido penalizada na análise de emissões pelas medições que nos são impostas e que não levam em conta as características regionais.
O projeto deverá abranger indicadores de sustentabilidade em toda a cadeia produtiva, do grão que compõe a ração animal, passando pelos produtores rurais, pelo abate, pelos serviços como medicamentos e embalagens até a comercialização e o transporte.
Para se ter uma ideia, considerando as métricas “emprestadas” usadas hoje, o milho produzido no Brasil geraria 1,05 KgCO2e/kg, enquanto o dos EUA geraria apenas 0,45 KgCO2e/kg. No caso do farelo de soja, a comparação é ainda mais negativa para o Brasil, com 4,29 KgCO2e/kg, contra 2,64 KgCO2e/kg da produção norte-americana. Na visão da Embrapa, essa disparidade coloca o produto brasileiro em desvantagem em relação a outros países, que já fizeram o levantamento adaptando os indicadores ao cenário local.
Krabbe explicou ainda que a iniciativa da Embrapa vai demandar a parceria com a indústria, com os produtores, cooperativas e também com outros órgãos do setor público. A ideia é que o projeto seja gerido por um comitê com a participação de todos os agentes envolvidos na cadeia produtiva, e também um comitê técnico. A expectativa é de que essas definições de governança estejam concluídas até o fim deste ano, e, até o fim do primeiro semestre de 2025 seja possível ter um plano de ação definido, com quantidade de indicadores que serão desenvolvidos e monitorados.
A reunião da Câmara de Desenvolvimento da Agroindústria trouxe ainda uma apresentação do Hub de Descarbonização FIESC, com destaque para o primeiro programa temático desenvolvido pela iniciativa, o Programa Biogás SC, conduzido na cadeia de proteína animal, especificamente para o tratamento de dejetos suínos. O objetivo é ter, em dez anos, 100% dos dejetos suínos sendo aproveitados para a geração de biogás em Santa Catarina.
Outro assunto em pauta foi a necessidade de o setor produtor de aves contar com Planos de Contingência para Emergências, como a Influenza Aviária e a Doença de New Castle. Hoje, tanto o Ministério da Agricultura e Pecuária como os órgãos estaduais de vigilância sanitária contam com planos para conter eventuais casos. De acordo com o consultor em biosseguridade e saúde animal Bruno Pessamilio, as empresas, no entanto, não estão preparadas adequadamente para responder a esse tipo de emergência. “Identificamos que os planos das empresas muitas vezes replicam os dos órgãos de vigilância, estão desatualizados, incompletos e não raras vezes fora do escopo de atuação, já que replicam ações que são da alçada pública”, explicou.
Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina - FIESC
Gerência de Comunicação Institucional e Relações Públicas
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