Florianópolis, 14.10.2015 – Durante a Convenção da Contabilidade do Estado de Santa Catarina (Contesc), o presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), Glauco José Côrte, fez um panorama da atual conjuntura e afirmou que pela primeira vez o Brasil enfrenta simultaneamente crises política, econômica, ética e social. “Par usar expressão que um ex-presidente usava muito, ‘nunca antes na história deste País’, nós tivemos a convergência de tantos fatores negativos”, resumiu. O evento se iniciou na noite desta quarta-feira (14) e segue até sexta-feira (16), em Florianópolis.
O cenário apresentado evidenciou queda na produção industrial, nas vendas, no emprego, nas exportações e nas importações. Em debate que também contou com a participação do presidente da Federação do Comércio (Fecomércio), Bruno Breithaupt, Côrte destacou o baixo percentual de investimento do Brasil, que é 19,7% do PIB. A China investe 49% do PIB e a Índia investe 33%. Também chamou a atenção para a falta de confiança do industrial brasileiro na economia: pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que o nível de confiança alcançou 35,7 pontos em setembro. O índice varia de 0 a 100. Acima de 50 pontos indica confiança e abaixo falta.
Aos profissionais da contabilidade, Côrte também apresentou as principais ações da FIESC para fortalecer a educação, ampliar o acesso a mercados e os investimentos em inovação, aumentar a produtividade e a qualidade de vida dos trabalhadores. No caso da educação, a qualificação de trabalhadores em todos os níveis de formação é prioridade para a indústria catarinense. No Estado, o percentual de trabalhadores com escolaridade básica completa é de 55% contra 57,7% na média brasileira.
Nos últimos anos, a produtividade catarinense cresceu 0,4% enquanto que em economias desenvolvidas, como os Estados Unidos, o aumento foi superior a 4%. Em relação à qualidade de vida, a FIESC defende que investir na saúde do trabalhador reduz gastos e custos com afastamentos, além de maximizar a produtividade. Com o aumento da expectativa de vida da população, é estratégico manter os trabalhadores ativos por mais tempo.
Ao encerrar sua apresentação, Côrte exibiu vídeo que exalta a superação do atleta britânico Derek Redmond para concluir uma corrida em que sofre lesão nos jogos olímpicos de 1992. E destacou: “Nós vivemos essa crise aguda, mas não podemos abandonar nossos sonhos. O brasileiro tem que ser forte. Não vamos roubar a esperança de nossos filhos, de nossos jovens. Vamos trabalhar, cada um fazer a sua parte, que nós vamos vencer essa crise. Não vamos deixar que ela nos domine. Pelo contrário: nós somos mais fortes e vamos dominar a crise”, disse.
O presidente da Fecomércio, Bruno Breithaupt, defendeu a redução do tamanho do Estado, argumentando que os Estados Unidos são uma grande nação por não terem não terem estatais como a Petrobrás ou os Correios. Também destacou a urgência de reformas como a trabalhista e investimentos consistentes em inovação e educação. Como exemplo, citou a Coreia do Sul, por ter investido, há 35 anos, em educação, o que deu condições ao país de ser competitivo em segmentos como a indústria automobilística, inclusive com presença no Brasil.
Presidente da FIESC destacou que pela primeira vez o País enfrenta, ao mesmo tempo, crises política, econômica, ética e social; ele defendeu o trabalho para superar os desafios