A Confederação Nacional da Indústria (CNI) revisou para baixo as estimativas para o crescimento da economia e da indústria brasileiras neste ano. As novas previsões indicam que o Produto Interno Bruto (PIB) crescerá 0,9%, menos do que os 2% estimados em abril. O PIB industrial terá uma expansão de 0,4%, abaixo do 1,1% previsto no primeiro trimestre. “É um resultado decepcionante; a economia mantém-se muito próxima da estagnação desde o fim da crise”, diz o Informe Conjuntural do segundo trimestre, divulgado nesta quinta-feira, 25 de julho, pela CNI.
A indústria também reduziu de 2,2% para 1,5% a previsão de crescimento do consumo das famílias. A estimativa para a expansão do investimento caiu de 4,9% em abril para 2,1% agora. A taxa de desemprego continuará elevada e atingirá 12,1% da força de trabalho. “O marasmo dominou a economia no primeiro semestre”, avalia a CNI. “O consumo não reage, o investimento continua travado e as exportações apresentam dificuldades. Portanto, as fontes privadas de demanda seguem sem capacidade de promover a necessária reativação da economia”, afirma o Informe Conjuntural.
Diante deste cenário, a CNI avalia que a liberação de parte dos recursos das contas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) pode impulsionar o consumo. “A liberação do FGTS não é uma solução única para reativar o consumo, mas irá contribuir no curto prazo enquanto as medidas mais estruturais se materializam", afirma o economista da CNI Marcelo Azevedo. Além disso, a indústria sugere que o governo adote outras medidas para estimular a demanda no curto prazo, como a redução dos juros e o estímulo ao crédito. "A queda dos juros é mais importante no curto prazo, pois seus efeitos já se farão sentir na cadeia de financiamento. Não faz sentido manter a taxa de juros se a economia se encontra estagnada e não há pressões de inflação", completa Azevedo.
No entanto, adverte a CNI, as medidas de curto prazo devem ser complementadas com ações estruturais para que a economia retome o crescimento sustentado. Essa agenda inclui a conclusão da aprovação da reforma da Previdência, a reforma tributária, os avanços nas privatizações e o aperfeiçoamento dos marcos regulatórios. “Não há dívida de que um novo ciclo de crescimento apenas irá ocorrer com o avanço das reformas macro estruturantes, como a da Previdência. Também são críticas e urgentes as medidas que transformem o ambiente de negócios e estimulem o investimento, como a reforma tributária, a desburocratização, as privatizações, as concessões na infraestrutura e a regulação dos mercados. Sem elas não haverá um ciclo virtuoso de crescimento", destaca Azevedo.
Veja outras previsões da CNI:
- Juros básicos da economia fecharão 2019 em 5,25% ao ano – A taxa de juros, que está em 6,5% ao ano, deve ser reduzida na próxima reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), marcada para os dias 30 e 31 de julho. A inflação baixa, o fraco desempenho da economia, a valorização do real frente ao dólar e o movimento global de redução dos juros permitirão um novo ciclo de cortes na taxa Selic.
- Dívida bruta do setor público atingirá 79,2% do PIB – Com estabilidade das despesas do governo, o déficit primário nominal do setor público recuou de 7,14% do PIB em dezembro de 2018 para 6,96% do PIB em maio deste ano. A queda, no entanto, foi insuficiente para estabilizar a relação dívida/PIB, que subiu de 77,2% do PIB em dezembro de 2018 para 78,7% em maio deste ano. A tendência é que aumente ainda mais nos próximos meses ainda que o déficit nominal do setor público caia para 7,08% do PIB até o fim do ano.
- Dólar valerá R$ 3,75 em dezembro – A aprovação da reforma da Previdência em primeiro turno reduziu as incertezas e ajudou a estabilizar o câmbio. No plano externo, o afrouxamento da política monetária em diversos países também contribuiu para desvalorização do dólar diante do real. Caso a agenda de reformas do país continue avançando, a expectativa da CNI é que o real tenha uma leve valorização até o fim do ano.
- Balança comercial terá um saldo positivo de US$ 48 bilhões – A crise na Argentina afetou as exportações brasileiras, sobretudo às de produtos industrializados. Além disso, a redução das perspectivas de crescimento da economia mundial e os conflitos comerciais prejudicam o fluxo comercial do país. Diante deste cenário, o total das exportações será de US$ 238 bilhões. As importações somarão US$ 195 bilhões e o superávit comercial do Brasil será de US$ 48 bilhões, abaixo dos US$ 58,7 bilhões registrados em 2018.