Joinville, 20.09.2015 – As empresas de micro, pequeno e médio portes de Santa Catarina representaram no ano passado 73% do total de empresas exportadoras, mas em termos de valor a participação somou 8,4%. “Precisamos fazer um grande esforço para aumentar a participação no comércio internacional. Em tempos de crise, o mercado externo pode se apresentar como um campo profícuo a ser melhor explorado”, afirmou o presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), Glauco José Côrte, neste domingo (20), em Joinville. Ele conduziu o 6º Fórum das Pequenas e Médias Empresas, evento paralelo à programação do Encontro Econômico-Brasil Alemanha (EEBA).
“Normalmente, as empresas de menor porte têm atividades diversificadas e estruturas flexíveis que favorecem respostas rápidas a mudanças. Além disso, podem operar em nichos de mercado que apresentam alta taxa de inovação”, afirmou Côrte, lembrando que o ambiente dessas companhias induz a uma maior motivação para o desenvolvimento da produtividade e da competitividade.
No Brasil o panorama é parecido com Santa Catarina: das 22.320 empresas que exportaram no ano passado, 15.819 eram micro, pequenas e médias empresas, ou seja, 71% do total. Mas no quesito valor, elas embarcaram menos de 5% do total. Dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) de 2014 mostram que no País, micro, pequenas e médias foram responsáveis por 24 milhões de empregos formais no setor privado, sem considerar o setor agrícola. No mesmo período, em Santa Catarina 1,4 milhão de trabalhadores encontravam-se empregados nestas empresas – que geraram 360 mil novos empregos no Estado de 2007 a 2014.
“Os dados demonstram a relevância de incentivar e qualificar ainda mais os empreendimentos de menor porte. Essas empresas são estratégicas para a economia de um País pelos postos de trabalho que geram, uma questão chave para o nível de emprego e redução da pobreza”, disse Côrte, destacando que elas são uma fonte considerável de atividade de inovação, contribuem para o desenvolvimento do empreendedorismo e para a competitividade na exportação.
Aos participantes do Fórum, entre eles alemães e brasileiros de diversos Estados, o presidente da FIESC disse que o cerne da economia alemã são as micro, pequenas e médias, que não necessariamente geram o maior número de postos de trabalho no País, mas proporcionam alta qualidade, eficiência e melhoria contínua.
Em relação à burocracia e as dificuldades que as empresas enfrentam no Brasil, Côrte disse que só valorizam o empresário brasileiro. “Trabalhamos num ambiente que não é favorável aos empreendedores, mesmo assim, a indústria luta para ter competitividade. Mas isso não nos desanima. Vamos continuar lutando e imprimindo força às nossas ações para que o Brasil possa avançar e crescer com sustentabilidade”, concluiu.
O presidente da Iniciativa da Economia Alemã para a América Latina (LAI), Reinhold Festge, disse que as pequenas e médias empresas alemãs são a espinha dorsal da economia do País europeu. “São as pequenas e médias que garantem, principalmente, a estabilidade da economia”, ressaltou.
Festge criticou a burocracia brasileira e disse que no País o custo da exportação é muito elevado. “Nos últimos anos, o Brasil deixou de fazer um esforço para melhorar diversas áreas para ser mais competitivo internacionalmente. Temos que encontrar soluções conjuntas. Há muitas empresas alemãs interessadas em trabalhar mais com as brasileiras. A crise que existe agora vai passar. Já enfrentamos coisas muito piores”, finalizou.
Ensino Dual: Ainda durante o Fórum, Bernd dos Santos Mayer, da Câmara Brasil-Alemanha, falou sobre o ensino dual, projeto que a Alemanha implantará em 11 países, entre os quais, o Brasil. No País, o parceiro é o SENAI. Mayer explicou que o sistema dual da Alemanha é reconhecido por causa da prática. “O aluno aplica na fábrica o que aprende na escola. No primeiro dia de curso o aluno já está na empresa. Em média, o curso dura três anos e meio”, explicou. Segundo ele, no Brasil a lei não permite esse formato, então, as aulas práticas são feitas em laboratório.
Segundo informações apresentadas no fórum, no curso nas escolas da Alemanha, o aluno tem 5.600 horas de aula - sendo 4.580 são práticas na fábrica e 1.020 teóricas. No Brasil, os cursos técnicos têm em média 1.600 horas, das quais 960 horas são de aulas práticas e 640 teóricas.
Durante o Fórum também foram debatidos os temas segurança de máquinas equipamentos no Brasil, sobretudo a Norma Regulamentadora 12, qualificação da cadeia de fornecedores e capacitação profissional.
Ainda neste domingo (20), no âmbito dos eventos paralelos ao EEBA, foram realizados o fórum da inovação e a reunião da iniciativa do agronegócio.
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