Joinville, 21.09.2015 – Durante painel realizado no Encontro Econômico Brasil-Alemanha (EEBA), o CEO da Volkswagen Truck & Bus, Andreas Renschler, disse que o Brasil deve aproveitar o momento de crise para fazer as reformas estruturais, ainda que isso seja doloroso. “O pior para todos seria se as reformas e ajustes não fossem feitos”, afirmou, destacando que a situação não é tão positiva, mas o importante é não esmorecer. “Os empresários alemães não vieram para ver o milagre econômico. Eles vêm ao Brasil há muito tempo e mantêm fidelidade. A indústria alemã aposta no Brasil. Acreditamos na força e no potencial do País. Em algum momento ele deverá avançar”, ressaltou Renschler. O EEBA iniciou oficialmente nesta segunda-feira (21), no Complexo Expoville, em Joinville.
Andreas disse ainda que é importante reduzir a burocracia no Brasil, área que a própria Alemanha pode melhorar. À plateia, ele contou que certa vez um presidente alemão declarou que a Microsoft não existiria se tivesse sido criada na Alemanha, pois lá há uma lei que proíbe a criação de negócios em garagens. Para ele, isso mostra que apesar do protagonismo, o país europeu também tem seus desafios.
O presidente do Conselho Empresarial da América Latina (CEAL), Ingo Plöger, concordou sobre a urgência das reformas, e disse que as prioridades são a tributária e a previdenciária. Na opinião dele, a sociedade brasileira está muito ativa e espera um encaminhamento de medidas estruturantes.
Durante o painel, a mediadora, a jornalista Hildegard Stausberg, perguntou a Ingo se é impossível deixar de lado o Mercosul e construir um acordo entre União Europeia (UE) e Brasil. Ele afirmou que a negociação direta é difícil e desde 1999 busca-se um acordo com o bloco europeu. No dia 18 de outubro próximo o Mercosul deve apresentar envelope com proposta, com isso, há chance de começar, de fato, o processo de negociação.
Plöger defendeu um acordo para resolver a bitributação, que afeta principalmente as pequenas e médias empresas, além das pessoas físicas. Conforme pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), mais de 60% das empresas brasileiras sofrem com a dupla tributação. O presidente da CEAL informou ainda que no fórum sobre agronegócio, evento que antecedeu a abertura oficial do EEBA, realizado neste domingo (20), foi debatida a agenda da segurança alimentar, que inclui o Brasil como protagonista no fornecimento de alimentos para o mundo.
A gerente de estratégia de mercados da Apex Brasil, Ana Paula Repezza, disse que as oportunidades para ampliar o comércio com a Alemanha estão nos nichos de mercado, com produtos de alto valor agregado. Após a crise de 2008, ocorreu a retomada do padrão de consumo alemão, que é alto e deve aumentar nos próximos anos, mais do que o próprio PIB país europeu. “É aí que vejo uma das maiores oportunidades de integração comercial entre os dois países, não apenas na exportação, mas do ponto de vista da integração das cadeias produtivas Brasil-Alemanha”, disse ela.