Florianópolis, 12.8.2018 – Os óculos grandes preenchem boa parte do rosto miúdo da catarinense Gabriele Raiser, 19 anos. São eles que ajudam a ver melhor o bonito trabalho que ela mesma realiza. Dona de um cérebro atento, o corpo mantém o mesmo ritmo imposto por uma cabeça que fervilha ideias. As mãos obedecem aos comandos e objetos começam a nascer, prontos para montar a vitrine - ela confecciona cada item que será usado na exposição.
Gabriele será a representante brasileira de Vitrinismo, no mundial de profissões, a WorldSkills, que começa no próximo dia 22, em Kazan, na Rússia. “Quando eu digo que faço vitrinismo, as pessoas acham que trabalho com vidro”, comenta.
O ambiente de treino de Gabriele inspira a criação. São materiais de diversas texturas e cores. No canto direito da sala, um painel tem recortes com referências artísticas e as mensagens-chave da prova a ser realizada: que é montar vitrines de diversos tipos de produtos. No Vitrinismo, criatividade e agilidade são essenciais para o bom desempenho.
Para estar nesta categoria, Gabriele fez curso de Desenhista de Produto de Moda - gostou tanto que fez duas vezes, os dois na unidade do SENAI de Blumenau. Ela explica que foi escolhida pela afinidade da moda com o vitrinismo em relação a tendências, desenhos e usos de softwares similares.
A história de Gabriele com a moda começou quando ainda era criança, aos 11 anos. A mãe é costureira de amostra em uma indústria têxtil catarinense. Ela conta que as duas estavam assistindo uma novela que falava sobre moda e a mãe perguntou se ela não teria interesse em ser estilista. Aos 14 anos, fez o primeiro curso. Aos 16, o segundo. “Eu criei muito gosto. Passei a desenhar”, comenta. Aos 17 anos, Gabriele começou a treinar para as seletivas nacionais, até vencer e se tornar a representante brasileira em Kazan.
Nos últimos meses, a competidora se preparou intensamente no Centro de Treinamento da WorldSkills, em Brasília. Gabriele conta que o amor pela capital do Brasil começou quando era adolescente. “Meu sonho era vir para Brasília. Eu era muito viciada no Legião Urbana, aí descobri que eles eram de lá e as músicas tinham referências da cidade. Aí eu dizia: ‘preciso conhecer Brasília e todos os pontos turísticos’”, conta.
FUTURO - Gabriele tem poucas certezas ainda, mas um ensinamento do pai guia suas escolhas. “Meu pai sempre falou: ‘Qualquer coisa que você fizer é aprendizado. Pode não servir para nada, mas é aprendizado’”. Por enquanto, o foco da catarinense está na competição, na Rússia, mas o futuro não está traçado.
“Estou nervosa e empolgada com a Rússia. Fico sonhando como vai ser, criando cenários, me imaginando fazendo a prova, subindo no pódio”. Gabriele conta que essa será a primeira vez que viajará para fora do Brasil. “Antes do SENAI, eu só conhecia uma cidade do lado de Blumenau chamada Armazém. Eu nunca tinha andado de avião”, lembra. “Eu estou em uma vibe que tem muita oportunidade e eu quero conhecer o mundo. Se surgir oportunidade para ir para fora do país, eu vou para fora do país, se não surgir oportunidade para nada, eu vou para algum outro lugar. Meu objetivo é conhecer as coisas”, completa.
Além de Gabriele, integram a delegação brasileira os catarinenses Allan Scholze (São Bento do Sul), Eduardo Hermann, Gabriel Ribeiro (ambos de Blumenau), Gabriel Hoffmann (Palhoça), Raissa Marcon e Jean Carlos Novak (Florianópolis). Duas estudantes do SENAC também integrarão a delegação: Isadora Berti Guedes Pereira (Tubarão) competirá em Estética e Bem-estar e Jéssica Cristina de Campos (Rio do Sul), em floricultura.
SOBRE A WORLDSKILLS - O mundial de profissões técnicas é realizado a cada dois anos e reúne jovens de todo o mundo. Cada ocupação tem provas específicas, que são distribuídas em quatro dias. Os competidores precisam demonstrar habilidades individuais e coletivas para responder aos desafios de suas ocupações dentro de padrões internacionais de qualidade.
A participação na WorldSkills possibilita uma grande troca de experiências e qualificação para os competidores, beneficiando o ensino do SENAI e toda a indústria brasileira.
Com informações da Agência CNI de Notícias
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