Florianópolis, 24.04.2025 – Os impactos da guerra tarifária sobre os acordos de comércio e sobre as políticas comercial, fiscal e monetária nos Estados Unidos e os reflexos disso para o Brasil foram alguns dos pontos discutidos na reunião da Câmara de Assuntos Tributários da FIESC. Os temas foram abordados pela presidente da Câmara de Comércio Exterior da Federação, Maria Teresa Bustamante, e pelo economista-chefe da entidade, Pablo Bittencourt, nesta quinta-feira, dia 24.
Maria Teresa observou que uma das mudanças em curso está nos acordos de comércio. Os Estados Unidos estão discutindo a formalização de acordos setoriais nominais, ou seja, eles serão celebrados por produtos — e não mais por países e por listas de produtos, como se deu até agora. Os EUA também estão restringindo investimentos estrangeiros em tecnologia e energia e devem anunciar aumento nas taxas de uso de portos americanos por navios com bandeira chinesa. “A guerra entre China e Estados Unidos é secular. Estamos lidando com dois países distintos e isso é importante ter presente nas avaliações para tomar decisões de negócios”, disse.
O economista-chefe, por sua vez, chamou a atenção para a perda de poder do dólar como moeda de referência internacional, mas ressaltou que nenhuma moeda hoje tem condições, no curto prazo, de substituir o dólar norte-americano. Diante desse cenário de guerra tarifária, Bittencourt disse que há duas hipóteses: a primeira é o fortalecimento do dólar como moeda de referência internacional no longo prazo. A segunda é o fortalecimento do Renminbi e outras moedas como referência internacional – neste caso, a China pode acelerar a transferência do poder econômico e financeiro global para o oriente.
O presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar, disse que os Estados Unidos querem reindustrializar o país. “O presidente Donald Trump vê a indústria como vetor de desenvolvimento. E isso não é diferente para Santa Catarina. Defender os interesses da indústria é defender o desenvolvimento do estado”, afirmou.
O presidente da Câmara, Thiago Fretta, salientou que existem muitas oportunidades nesse cenário de reorganização do comércio global. Os Estados Unidos são o maior mercado consumidor do mundo, enquanto a China e a própria Ásia têm uma população grande. Diante desses novos movimentos, o Brasil pode aumentar a sua participação no comércio global.
Os temas foram abordados em reunião da Câmara de Assuntos Tributários da FIESC, realizada nesta quinta-feira, dia 24