Jaraguá do Sul, 15.04.2015 - Apontada como um setor que pode contribuir para reverter o processo de desindustrialização do Brasil, a indústria catarinense de bens de capital se reuniu nestas terça e quarta (14 e 15) em Jaraguá do Sul. No encontro, os 63 participantes, entre industriais, executivos, pesquisadores e especialistas, concordaram que a crise de expectativas do setor produtivo nacional tem afetado o segmento, e que é preciso investir fortemente em inovação. O encontro integra o Programa de Desenvolvimento Industrial Catarinense (PDIC 2022), desenvolvido pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC).
Para o diretor de desenvolvimento industrial e institucional da FIESC, Carlos Henrique Ramos Fonseca, a inovação aplicada à indústria de bens de capital traz ao menos dois resultados positivos: gera ganhos de produtividade às fábricas dos outros setores, fortalecendo todo o segmento produtivo nacional, e permite que as empresas de máquinas e equipamentos disputem mercados externos, o que poderia reduzir os impactos de crises de confiança como a vivida atualmente no Brasil.
Pesquisas apresentadas no evento apontam como tendências a robotização de linhas de produção e uma maior integração da cadeia produtiva do setor. Além disso, já há casos de substituição da venda pela prestação do serviço de operação de máquinas e equipamentos.
Na opinião do diretor de tecnologia da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), João Alfredo Delgado, é fundamental que as conclusões do painel levem a uma mudança na forma como o poder público vê o segmento. Ele afirma que, no momento em que o setor for considerado estratégico para o país, o acesso às linhas de fomento à inovação será facilitado, viabilizando a sua evolução.
Além de inovar em seus produtos, a indústria catarinense de bens de capital tem para os próximos anos o desafio de recuperar seus índices de produtividade. Pesquisa apresentada no evento mostra que o setor ainda não restabeleceu seus indicadores nos níveis pré-crise de 2008. Atualmente, o valor por trabalhador no Estado está em R$ 81,4 mil, contra R$ 107,9 mil da média nacional.
Estatísticas - Santa Catarina é o terceiro Estado mais exportador, respondendo por 9% dos embarques nacionais. Entre 2007 e 2014 nossas vendas externas cresceram 0,8%, enquanto as brasileiras caíram 1,5%. Os principais compradores dos produtos catarinenses são os Estados Unidos (19%), o México (13%) e a Argentina (7%). Entre os municípios, Joinville se destaca por concentrar 66% das exportações.
Santa Catarina tem 8,8% dos estabelecimentos do setor no Brasil, sendo o quinto colocado. São Paulo lidera, com 37% do total. Dentro do Estado, as empresas estão concentradas no Vale do Itajaí (27%), no Norte 26% e no Oeste (23%).
O Valor Bruto da Produção Industrial (VBPI) de Santa Catarina equivale a 6,4% do total nacional do setor. Já os subsegmentos de bombas compressoras e equipamentos de transmissão e máquinas e equipamentos de uso industrial específico têm participação superior a 10% do VBPI nacional.
Programa - O PDIC vai propor ações futuras e promover, no longo prazo, uma dinâmica de prosperidade industrial. Já foram realizados 16 painéis e consolidadas as rotas de crescimento de 12 setores produtivos do Estado. Ainda em 2015, o programa irá consolidar estas rotas em um Masterplan, com os principais pontos críticos que afetam o desenvolvimento da indústria em Santa Catarina. Este material irá conter um portfolio de projetos estruturantes, que terão sua execução acompanhada pela FIESC.
Fábio Almeida
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