Levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) com 589 empresas, que representa um universo de 95% dos exportadores, mostra que duas grandes economias estão no topo da lista das empresas brasileiras para acordos de livre comércio: Estados Unidos e União Europeia. O acordo com a União Europeia foi assinado e depende agora da aprovação nos países do bloco para passar a valer. Com os Estados Unidos, o setor privado entende que existe um espaço político para o lançamento das negociações.
“Os Estados Unidos são o principal parceiro econômico para os bens industrializados do Brasil. Desta forma, os EUA se tornam um candidato potencial a negociações comerciais capazes de gerar impactos significativos para a economia brasileira”, explica o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Abijaodi.
O diretor da CNI explica que cada R$ 1 bilhão exportados para o Estados Unidos geram 32.810 empregos no Brasil, uma massa salarial de R$ 668,3 milhões e outros R$ 4,2 bilhões na produção de bens e serviços em outros setores na economia brasileira. Isso ocorre devido a característica da relação comercial. Esse valor é superior, por exemplo, às exportações para a China.
Além disso, atualmente, China e a União Europeia são os concorrentes relevantes do Brasil no mercado americano e nenhum dos dois tem acordos com os EUA. “Uma negociação que permitisse ao Brasil preferências em relação a estes dois concorrentes contribuiria para melhorar a competitividade dos produtos industrializados brasileiros nos EUA”, explica Abijaodi.
PROPOSTA DA INDÚSTRIA – A CNI, sua congênere americana US Chamber e a Câmara Americana de Comércio (AmCham) já apresentaram aos governos dos dois países um roteiro para um futuro acordo de livre comércio, que, se ocorrer, será Mercosul-Estados Unidos. O documento trata de barreiras que as empresas dos dois países enfrentam para exportar e importar e propõe a eliminação de tarifas em até 10 anos, com a possibilidade de ampliar para 12 ou 15 anos o fim do imposto de importação para produtos mais sensíveis para cada economia.
Além disso, a CNI analisou diversos acordos assinados pelos Estados Unidos com outros países mundo. Nos acordos avaliados, uma grande parte dos produtos em que o Brasil tem competitividade tem suas tarifas zeradas rapidamente. Dos produtos de origem agropecuária, há alguns com longos prazos de desgravação e outros (lácteos, açúcares e outras preparações alimentícias) sujeitos a cotas, mas mesmo entre estes produtos há liberalização.
Desta forma, a CNI defende que o acordo entre Mercosul e EUA reduza as desvantagens geradas por preferências concedidas pelos EUA a países concorrentes do Brasil, em especial México e Canadá. Se isso ocorrer, a expectativa é de ganhos, por exemplo, para produtos alimentícios, químicos, farmacêuticos, veículos automotores e produtos de madeira, além de couro e calçados e produtos de minerais não metálicos e metalurgia. A CNI também entende que é possível liberalizar imediatamente aos produtos brasileiros que hoje fazem parte do interesse ofensivo do Brasil hoje beneficiados pelo Sistema Geral de Preferências (SGP).
Pesquisa com exportadores brasileiros mostra que os EUA são a principal economia para um tratado de livre comércio. Exportações para mercado americano geram mais emprego e renda do que para outros países