Encontro em Itajaí reuniu representantes do Ministério da Defesa, da indústria e da academia para fortalecer a Base Industrial de Defesa catarinense.
CEO do Consórcio Águas Azuis com a Fragata em construção F202 ao fundo. Foto: Luiz Lerner

Nos dias 13 e 14 de outubro, o Conselho de Desenvolvimento da Indústria de Defesa (CONDEFESA/FIESC) esteve em Itajaí em uma série de atividades voltadas à ampliação da Base Industrial de Defesa (BID) e à integração entre indústria, governo e academia.

A agenda — organizada pela Procuradoria-Geral do Município de Itajaí, em parceria com o Ministério da Defesa, CONDEFESA-FIESC e lideranças locais — reuniu autoridades civis e militares, empresários e representantes do setor tecnológico, reafirmando o papel estratégico de Santa Catarina na economia do mar e na consolidação da indústria nacional de defesa.

Durante o encontro, foram debatidas oportunidades de cooperação, inovação e investimentos voltados ao fortalecimento da cadeia produtiva de defesa. As discussões evidenciaram o potencial catarinense em áreas de tecnologia dual, engenharia naval e formação de mão de obra qualificada, destacando Itajaí como polo de convergência entre pesquisa, indústria e poder público. A programação integrou palestras técnicas, painéis de integração e plenária do CONDEFESA/FIESC com a classe produtiva, além de apresentações de instituições de ensino e empresas estratégicas do setor náutico.

Um dos destaques da programação foi a apresentação conduzida pelo Major-Brigadeiro do Ar Claudio Wilson Saturnino Alves, Diretor do Departamento de Produtos de Defesa (DEPROD), que abordou o papel do Ministério da Defesa no fortalecimento da BID e os principais instrumentos de fomento à inovação, como o Termo de Licitação Especial (TLE), o Regime Tributário Especial para a Indústria de Defesa (RETID) e as parcerias em Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I). A apresentação também destacou que o setor de defesa é responsável por cerca de 3,6% do PIB brasileiro e gera 2,9 milhões de empregos diretos e indiretos, sendo um importante vetor de desenvolvimento econômico e tecnológico nacional.

O evento contou ainda com a participação de Daniel Fernandes, Chefe da Divisão de Coordenação da Indústria de Defesa do Ministério da Defesa, que apresentou as diretrizes de incentivo à BID e as ações voltadas à promoção comercial, exportações e financiamento de produtos de defesa.

Fernando Ribeiro de Queiroz, CEO do Consórcio Águas Azuis, compartilhou os avanços do Programa Fragatas Classe Tamandaré, destacando o papel de Itajaí como polo industrial e tecnológico de referência. Também participaram o responsável pela universidade gratuita da UNIVALI, que apresentou as contribuições da instituição em pesquisa aplicada e formação de profissionais para o setor, e Pedro de Castro, da Black Marine, que relatou a experiência da empresa no processo de credenciamento junto ao Ministério da Defesa, culminando em sua classificação como Empresa Estratégica de Defesa (EED) — um marco que reforça o potencial da indústria naval catarinense e demonstra como o setor privado pode se integrar de forma ativa à Base Industrial de Defesa.

No mesmo evento, o CONDEFESA/FIESC apresentou o seu papel no fortalecimento da indústria catarinense, destacando a importância da aproximação entre empresas locais e as Forças Armadas. Foram compartilhados dados sobre o número de empresas de Santa Catarina credenciadas como Empresas de Defesa (ED) e Empresas Estratégicas de Defesa (EED), além de exemplos de fornecimento de produtos e tecnologias desenvolvidas no estado. O Conselho também reforçou a relevância da diversificação da base produtiva e da inovação tecnológica dual, convidando as indústrias catarinenses a conhecer melhor as oportunidades de fornecimento para o setor de defesa — um mercado que combina alta tecnologia, estabilidade contratual e impactos diretos na soberania nacional.

O avanço das Fragatas Classe Tamandaré

A visita técnica ao Estaleiro Brasil Sul, onde são construídas as novas embarcações da Marinha do Brasil, marcou um dos pontos altos da agenda. No local, os participantes puderam acompanhar o avanço do Programa Fragatas Classe Tamandaré, o maior projeto naval da Marinha nas últimas décadas e um marco para a indústria de defesa catarinense.

A Fragata Tamandaré (F200), primeira unidade do programa, concluiu recentemente seus primeiros testes de mar em águas catarinenses, com desempenho acima das expectativas. A embarcação validou todos os sistemas de propulsão, navegação, geração de energia e automação, atingindo velocidade superior a 25 nós e demonstrando elevado grau de integração tecnológica. A previsão é que seja entregue à Marinha do Brasil até dezembro de 2025, consolidando um novo patamar de capacidade operacional e soberania marítima.

O programa, desenvolvido pelo Consórcio Águas Azuis — formado pela thyssenkrupp Marine Systems (TKMS), Embraer Defesa & Segurança e Atech — contempla a construção de quatro fragatas multimissão, equipadas com modernos sistemas de combate, sensores e comunicações integradas. Essas embarcações substituirão navios com mais de quatro décadas de serviço e terão papel essencial na proteção dos 5,7 milhões de km² da Amazônia Azul, área marítima vital para o país.

Além de fortalecer a presença naval do Brasil, o projeto representa um vetor de crescimento econômico e tecnológico para Santa Catarina. A construção das fragatas mobiliza milhares de profissionais, promove transferência de tecnologia e integra fornecedores locais à cadeia global de defesa. É um exemplo concreto de como o investimento em soberania também impulsiona inovação, emprego e competitividade industrial.

Atualmente, as fragatas Tamandaré (F200) e Jerônimo de Albuquerque (F201) avançam em estágios distintos de acabamento e integração de sistemas, consolidando o ritmo acelerado do cronograma e a capacidade técnica do parque naval instalado em Itajaí.

 

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Fragata Tamandaré (F200)
Fragata Tamandaré (F200) em fase de integração de sistemas no thyssenkrupp Estaleiro Brasil Sul, em Itajaí — primeira unidade do Programa Classe Tamandaré, já aprovada nos primeiros testes de mar e marco da modernização da Esquadra Brasileira. Foto: Luiz Lerner.

 

Próximos passos

Após a programação técnica e a visita às fragatas no Estaleiro Brasil Sul, o CONDEFESA/FIESC segue fortalecendo o diálogo com os setores público e privado para ampliar a participação da indústria catarinense na cadeia de defesa nacional.

Como desdobramento das ações realizadas na cidade, está programada a próxima Reunião do CONDEFESA/FIESC, que ocorrerá no dia 22 de outubro, novamente em Itajaí. O encontro reunirá representantes do Ministério da Defesa, da indústria e da academia, dando sequência à agenda de integração e cooperação tecnológica entre as instituições.

👉 As inscrições para a Reunião do CONDEFESA/FIESC em Itajaí estão abertas.
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