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Escrever e fazer cálculos é pouco para um profissional do século XXI

Em conferência internacional de educação, Viviane Senna destacou importância das habilidades socioemocionais

Florianópolis, 23.10.2014 - Escrever e fazer cálculos não é o suficiente para se ter sucesso na vida. Para a presidente do Instituto Ayrton Senna (IAS), Viviane Senna, estudos nos campos da psicologia, neurociência e economia mostram que essas competências cognitivas são a linha de largada, mas não a linha de chegada. "É necessário, além delas, um conjunto de habilidades como iniciativa, flexibilidade, trabalho em equipe, colaboração, disciplina, respeito, responsabilidade, inovação e criatividade para uma pessoa ser bem-sucedida atualmente", esclareceu. Ela ministrou a palestra de abertura do segundo Workshop Internacional de Educação, promovido pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), nesta quinta-feira (26), em Florianópolis.

De acordo com Viviane, essas habilidades devem ser estimuladas e desenvolvidas já no período escolar das crianças. "A educação é o passaporte para as pessoas transitarem de um mundo [pobre] para outro [rico]", afirmou. Para a presidente do IAS, o Brasil mantém disparidades socioeconômicas, ressaltando que parte da população vive em condições semelhantes às do Canadá e outra parte com padrões idênticos à Nigéria - países com elevada diferença nos indicadores de qualidade de vida. "É a educação, e não uma bolsa família, que fará com que as pessoas transitem de um mundo para outro", destacou. "Temos o grande desafio de fazer com que todos os brasileiros morem no mesmo país, de preferência no Brasil de primeiro mundo que estamos construindo", salientou.

Para o presidente da FIESC, Glauco José Côrte, a "educação tem grande poder de transformação e confere, sobretudo, dignidade aos que a ela têm acesso". Em sua avaliação, as pessoas que podem ampliar sua formação educacional têm melhores condições de discernir e de fazer escolhas, o que também representa oportunidades de crescimento e avanços sociais. Ao reforçar o convite para indústrias e entidades ligadas ao setor para o engajamento na causa da educação, Côrte salientou que "este é o melhor legado que podemos deixar às futuras gerações".

No workshop, a FIESC também prestou homenagem ao IAS, pela contribuição à educação no País, em 20 anos de existência. Viviane Senna e o presidente da FIESC, Glauco José Côrte, assinaram termo de cooperação para realizar ações conjuntas de estudos e pesquisas, em especial, relacionadas a competências socioemocionais. A Federação também assinou termo de cooperação com a Universidade HAMK de Ciências Aplicadas, da Finlândia, para a formação de docentes.

Para o embaixador da Polônia no Brasil, Andrzej Maria Braiter, o trabalho do professor deve ser apreciado e valorizado. "Devemos saber como cobrar os conhecimentos dos alunos, e o responsável por isso não é o próprio aluno, mas sim o professor. Por isso devem ser escolhidos os melhores docentes, e isso é questão de espírito, de organização para o trabalho e motivação para o aluno", disse, durante painel que discutiu o tema. Segundo Braiter, os empresários podem atuar também nesse processo. "Se eles tiverem contato com o sistema educativo e captarem talentos no momento certo, estimulando e ajudando os alunos no processo educacional, certamente o retorno será de um cidadão que irá contribuir com o desenvolvimento do Estado e do País", finalizou.

Kauko Hämäläinen, da Universidade de Helsinque, destacou que o modelo educacional da Finlândia prioriza o ensino profissionalizante articulado ao ensino médio e à formação de docentes. No País, que ocupa posições de destaque no Programa Internacional de Avaliação do Estudante (PISA), não há analfabetismo, a taxa de evasão escolar é inferior a 1% e os alunos têm de 7 a 8 horas diárias de aula. "A atração pelo ensino profissionalizante está se desenvolvendo na Finlândia. Pelo menos 95% dos jovens de até 15 anos cursam o ensino médio concomitante com o profissional", explica.

O secretário estadual de Educação, Eduardo Deschamps, participou de painel com os representantes da Polônia e da Finlândia. Ele destacou três fatores essenciais para revolucionar a educação catarinense: currículo, professores capacitados e boa gestão. "Temos feito um grande movimento para atualizar a proposta curricular, incluindo assim o desenvolvimento de habilidades socioemocionais. Também estamos investindo na formação inicial e continuada de docentes, e inovamos o processo de escolha dos diretores para priorizar o atingimento de metas de qualidade", elencou Deschamps. "É um esforço enorme nesse sentido e precisamos contar com o engajamento do setor empresarial", completou.

Pela manhã, Deschamps apresentou informações sobre o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) durante a reunião do Conselho de Governança do Movimento A Indústria pela Educação. Além disso, os conselheiros conheceram detalhes do termo de cooperação assinado com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para desenvolver pesquisas na área educacional. Saiba mais clicando aqui.

Prêmio A Indústria pela Educação

Sincol, BN Papel Catarinense, Nord Eletrixc, Zen, Plasson do Brasil, J.A. Indústria de Máquinas, Portobello, Sopasta e Laticínio Santa Bárbara foram reconhecidas pela FIESC durante o workshop por suas práticas educacionais. Mais de cem projetos foram inscritos no Prêmio FIESC Indústria pela Educação. 

Conheça as práticas vencedoras:

Categoria Elevação da escolaridade básica:

Sincol, de Caçador (grande empresa): criou o programa EducaSin, em parceria com o SESI, para elevação das escolaridade dos trabalhadores. Eles recebem transporte gratuito, alimentação e têm acesso à biblioteca da Sincol. O objetivo da iniciativa é ter 80% dos colaboradores da companhia com o ensino básico completo.

BN Papel Catarinense, de Benedito Novo (média empresa): até 2016, a empresa quer ter 90% dos seus colaboradores com a educação básica completa. A meta foi estabelecida no programa Fundamentando Sonhos, criado para melhorar os índices de escolaridade dos trabalhadores. Entre os incentivos estão o subsídio para consultas oftalmológicas e óculos e a promoção condicionada ao nível de escolaridade. A empresa de médio porte já foi reconhecida duas vezes consecutivas como uma das melhores empresas para trabalhar em Santa Catarina.

Nord Electric, de Chapecó (pequena empresa): em parceria com outras 13 indústrias da região, a Nord Eletric implantou programa de educação básica articulada com o ensino profissionalizante. O programa é aberto ainda a comunidade do entorno e as aulas ocorrem na sede do Programa Viver, que oferece infraestrutura completa para a realização das atividades. A capacitação contínua integra plano de desenvolvimento de pessoas da empresa.

Categoria Qualificação profissional e tecnológica do trabalhador:

Zen, de Brusque (grande empresa): promover o aprendizado contínuo é diretriz estratégica da companhia que, apenas em 2013, realizou quase 55 mil horas de treinamento. Mais de mil bolsas de estudo já foram concedidas aos trabalhadores. Pelo menos 60% das oportunidades profissionais que surgem na Zen são preenchidas por colaboradores. Outro resultado do investimento em educação é um comportamento mais seguro por parte dos trabalhadores, que representou uma redução de 78% no índice de afastamento.

Plasson do Brasil, de Criciúma (média empresa): a empresa desenvolve desde 2008 o Programa Bolsa de Estudo e Treinamento Plasson, que subsidia de 30% a 50% os cursos técnicos e de graduação, além de cursos de idiomas. Colaboradores que frequentam especializações podem ter até 100% de subsídio do programa. Entre os principais resultados desta prática estão a retenção e atração de talentos.

J.A Indústria de Máquinas, de São Miguel do Oeste (pequena empresa): a elevação da produtividade e a inovação são os impactos mais relevantes do investimento que a indústria fez na qualificação dos seus trabalhadores. Cursos oferecidos por meio do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) têm contribuído para o aperfeiçoamento das técnicas de trabalho.

Categoria Programa de Desenvolvimento de Competências:

Portobello, de Tijucas (grande empresa): o Programa de Desenvolvimento e Crescimento criado pela companhia em 2010 gerou, até este ano, um ganho de 31% de produtividade. O resultado se justifica pelos investimentos na capacitação dos colaboradores da Portobello, que em 2013 ofereceu mais de 48,5 mil horas de treinamento.

Sopasta, de Tangará (média empresa): a Sopasta, indústria de papel e embalagem, elaborou um programa para o desenvolvimento de líderes que inclui coaching e capacitações para todos os colaboradores. Entre os resultados, a companhia destaca a redução das faltas ao trabalho e da rotatividade.

Laticínio Santa Bárbara, de Lacerdópolis (pequena empresa): a Laticínios Santa Bárbara relata a queda da rotatividade como um dos principais resultados obtidos com a implantação de um programa de desenvolvimento de competências. O projeto, que ganhou o nome Educar para crescer, possibilita que os 30 trabalhadores empregados pela empresa usufruam de capacitações oferecidas em parceria com o SESI/SC, entidade da FIESC.

 

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