Florianópolis, 30.09.2025 - Florianópolis sedia nesta quinta-feira, dia 2, o primeiro encontro regional da Jornada Nacional de Inovação em que mentes inovadoras do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Paraná farão um balanço das experiências e dos depoimentos que foram compartilhados ao longo da passagem da Jornada pela região. O encontro ocorre na sede da Federação de Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC), a partir das 8h.
:: Inscreva-se para participar dos debates.
De inovação, a Região Sul entende: ela abriga 1 a cada 4 deep techs do Brasil, sendo que o Rio Grande do Sul é o 2º estado com mais startups desse tipo (97 no total), PR é o 5º (46) e SC o 6º (45). Os dados são do Deep Tech Radar Brasil 2025, produzido pela Emerge em parceria com o Sebrae.
- Entenda: são consideradas deep techs empresas que desenvolvem tecnologias baseadas em ciência e engenharia com potencial de resolver desafios globais em áreas como biotecnologia, nanotecnologia, inteligência artificial, materiais avançados, cleantech, spacetech, energia renovável, aparelhos médicos e robótica.
De acordo com o relatório, as deep techs dos estados da Região Sul têm perfil fortemente industrial, isso quer dizer que as inovações lá consolidadas são aplicadas, em sua maioria, à produção. No Rio Grande do Sul, por exemplo, 32% da atuação das deep techs estão voltadas para o agro e alimentos, seguida por saúde e bem-estar (28%) e indústria e manufatura (25%).
As inovações no Paraná também são majoritariamente voltadas para o setor do agro e alimentos (35%), enquanto saúde e bem-estar (24%) ocupam o segundo lugar e indústria e manufatura o terceiro (24%). Já no caso de Santa Catarina, saúde e bem-estar configuram 56% da atuação.
A base vem forte
Outro indicador que chancela a Região Sul como um dos principais hubs de inovação do Brasil é o Índice de Inovação dos Estados, que tem o objetivo de mapear, por meio de mensurações quantitativas, os principais aspectos relacionados à inovação nas 27 unidades federativas e nas cinco grandes regiões do Brasil - Centro-Oeste, Nordeste, Norte, Sudeste e Sul.
Desenvolvido pela Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), por meio do Observatório da Indústria Ceará, em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o estudo é uma ferramenta consolidada para o acompanhamento da inovação no país, contando com o apoio da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e do Sebrae Nacional.
Atrás apenas da Região Sudeste, a Sul figura como segunda mais inovadora. Assim como no relatório da Emerge, Santa Catarina (4º), Paraná (5º) e Rio Grande do Sul (3º) também aparecem entre os cinco primeiros.
Para o Índice de Inovação dos Estados, no entanto, a análise se concentra em duas dimensões: as capacidades e os resultados. Isso quer dizer que são avaliados os fatores que possibilitam a ocorrência de inovação, como a disponibilidade de recursos e a criação de soluções de produtos e processos inovadores. Além disso, há uma análise minuciosa especificamente das inovações em si, ou seja, nas consequências do ecossistema inovador.
Nas duas categorias, o Sul ocupou o segundo lugar, embora o desempenho nas capacidades e resultados tenha apresentado diferença. Enquanto o Sudeste obteve 0,889 no índice de capacidades, o Sul se destacou com 0,642. Já em relação ao de resultados, o Sudeste obteve 0,964 e o Sul, 0,587.
Conheça deep techs com DNA 100% sulista:
Hyla Biotech - Curitiba (PR)
A Hyla Biotech é uma deep tech brasileira de biotecnologia dedicada a criar soluções inovadoras para transformar o diagnóstico em saúde. Seu principal produto é um teste de sangue para detecção precoce do câncer de mama utilizando um biossensor, tecnologia que alia precisão, agilidade, menos invasivo e baixo custo. Já validado em conceito e atualmente em validação analítica (TRL 5), o teste está sendo desenvolvido em colaboração com a Fiocruz Paraná, com foco em ampliar o impacto social e reduzir custos para o sistema de saúde. Combinando ciência de ponta, parcerias estratégicas e visão de futuro, a Hyla Biotech busca posicionar-se como referência em deep techs de diagnóstico, moldando o futuro da detecção precoce de doenças.
Altrum - Florianópolis (SC)
Altrum é uma deep tech de Florianópolis, reunindo anos de experiência em Engenharia Biomecânica, que entrega dispositivos médicos personalizados para cada paciente. A partir do exame de imagem de tomografia computadorizada dos pacientes, realizamos planejamento digital e fabricamos — via impressão 3D — implantes, moldes e guias de alta precisão para cranioplastia e reconstrução ou harmonização orofacial. As soluções melhoram os resultados clínicos, reduzem o tempo intraoperatório e aumentam a previsibilidade cirúrgica, tudo isso com uma excelente relação custo-efetividade clínica. Através da solução para cranioplastia, estamos ampliando o acesso à prótese craniana para pacientes que sofreram traumas, AVCs ou câncer e que aguardavam anos por um implante craniano de custo acessível.
Regenera Moléculas - Porto Alegre (RS)
Líder em biotecnologia marinha, a empresa explora a biodiversidade química brasileira de origem marinha, chamada de "Amazônia Azul", para o desenvolvimento de novas moléculas e enzimas com diversas aplicações industriais e biomédicas. Possuem uma plataforma de pesquisa e desenvolvimento, o Banco Regenera, para prospecção de moléculas e microrganismos com atividades biológicas distintas e inovadoras a fim de atender os diferentes setores da economia.
HT Micron - São Leopoldo (RS)
Empresa já consolidada, a HT Micron surgiu em 2009 como uma joint venture entre a empresa sul-coreana Hana Micron e o Grupo Parit (composto por Altus e Teikon), com o objetivo de fabricar semicondutores no Brasil e se tornou um caso único na cadeia de produção brasileira. A empresa produz circuitos integrados, uma competência globalmente rara. Focada em circuitos de memória e componentes para a Internet das Coisas (IoT), tem parcerias globais, públicas e privadas. Como possuem autorização do governo dos Estados Unidos para encapsular chips avançados, são um player pioneiro e estratégico no cenário nacional.
Sobre a Jornada
A Jornada de Inovação da Indústria é um evento itinerante do movimento Juntos pela Indústria, que reúne a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). De julho de 2025 a março de 2026, a caravana passará nos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal para mapear os principais desafios que indústrias, deep techs e startups enfrentam para inovar. Ao fim, os resultados serão apresentados e debatidos no Congresso Nacional de Inovação de 2026.
No Sul, a Jornada de Inovação da Indústria percorreu São Leopoldo, Porto Alegre, Chapecó, Joinville, Criciúma, Caxias do Sul, Curitiba, Londrina, Passo Fundo, Cascavel e Foz do Iguaçu. Foram mais de 1 mil participantes das programações, cerca de 49 especialistas convidados, mais de 500 lideranças da indústria, aproximadamente 420 acadêmicos e mais de 700 indústrias participantes.
Para o superintendente de Projetos de Inovação da Confederação Nacional da Indústria, Carlos Bork, a parada na região Sul foi uma amostra valiosa da capacidade brasileira para inovar.
“Vimos coisas fantásticas, conectamos milhares de pessoas. Sabemos do potencial inovador do Brasil, mas a experiência realmente superou nossas expectativas. Por meio dela, conhecemos iniciativas incríveis e entendemos mais de perto quais são os desafios que as empresas enfrentam”, diz Bork.
O coordenador do Núcleo de Inovação Territorial do Sebrae Nacional, Marcus Bezerra, afirma que o grande foco da Jornada de Inovação da Indústria é a interiorização da inovação. Segundo Bezerra, a passagem pela região mostrou que a escuta aos negócios mais remotos é urgente.
“Com três estados e 11 cidades, a gente já conseguiu conectar micro e pequena empresa, grandes empresas, academia e todo o elo da indústria. Isso apenas em três estados, imagina nos 24 que estão pela frente. O nosso foco é interiorizar a inovação, porque estamos indo em grandes centros, mas também em cidades do interior, onde a CNI e o Sebrae estão escutando as dores dos empreendedores”, afirmou.
Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina - FIESC
Gerência de Comunicação
Quer acesso a mais conteúdos como esse? Assine a newsletter Indústria News e receba direto no seu e-mail, no WhatsApp, ou no LinkedIn.