Acesse a cobertura fotográfica do evento no Flickr da FIESC.
São Paulo, 25.10.2016 – As áreas de recursos humanos têm papel fundamental nas questões ligadas à saúde do trabalhador, mas o tema precisa subir para a agenda dos presidentes das empresas. A tese foi defendida pelo presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), Glauco José Côrte, nesta terça-feira (25), em evento internacional promovido em São Paulo pela entidade, em parceria com o Instituto Coalizão Saúde (ICOS). O Fórum Internacional Saúde e Competitividade: A saúde como ativo estratégico nas organizações, estimulou o diálogo sobre o tema, destacando a saúde dos trabalhadores como fator essencial para o desenvolvimento humano e a elevação da competitividade das organizações.
“O Brasil vive uma transição epidemiológica e demográfica que merece atenção. E este panorama só mudará se adotarmos medidas de prevenção e hábitos de vida saudáveis. Com o envelhecimento da população temos pessoas economicamente ativas por mais tempo”, salientou o presidente da FIESC, Glauco José Côrte, acrescentando que é preciso garantir que essa longevidade se dê de forma saudável e produtiva. “Um trabalhador saudável é mais produtivo, ampliando suas oportunidades de carreira na empresa. Por outro lado, a empresa se torna mais competitiva. Todos ganham quando se investe em saúde: o trabalhador, a empresa, a família do trabalhador e a sociedade. Uma pessoa que ficará por mais tempo no mercado de trabalho, por conta do aumento da expectativa de vida, deve ser um trabalhador produtivo, disposto e feliz”, enfatizou Côrte, acrescentando que esse trabalhador também se integrará aos serviços comunitários, apoiando boas iniciativas. “Todos ganham com a melhoria da condição de saúde das pessoas”, finalizou.
Para o presidente do ICOS, Claudio Lottenberg, a saúde tem impacto importante na questão da sustentabilidade e no envelhecimento. “Infelizmente, o tema ainda é tratado de forma pontual. Precisamos resgatar mais atores para essa discussão, pois saúde é um problema importante para todos, em diversos aspectos”, frisou. “O mundo do trabalho tem oportunidade de emitir um alerta para esta questão. As pessoas, em geral, procuram o médico quando ficam doentes, mas o ideal é que elas cuidem da sua saúde de forma contínua”, complementou, dizendo ainda que a área corporativa é um segmento que pode mobilizar e sensibilizar as pessoas de maneira mais rápida, favorecendo a discussão sobre essas questões de uma forma madura.
Segundo o superintendente do SESI/SC, Fabrizio Machado Pereira, esta é uma iniciativa do empresariado industrial de Santa Catarina e da FIESC, que a partir desse ano trouxe uma nova bandeira chamada Aliança Saúde Competitividade. “O objetivo é fazer com que o tema seja tratado de forma estratégica pelas organizações e que seja elevado para o nível decisório das empresas”, disse. “Este evento em São Paulo é uma forma de disseminar a bandeira da saúde e segurança em nível nacional. Trabalha-se muito com o contexto da educação, inovação e infraestrutura como gargalos de competitividade, mas a saúde torna-se, cada vez mais, uma questão que também influencia este cenário”, afirmou Pereira.
Programas de saúde diversificados
O gerente dos programas de saúde do Centro de Controle de Doenças e Prevenção do governo americano (Center of Disease Control and Prevention – CDC), Jason Lang, apresentou, por meio da experiência norte-americana, as razões para uma gestão integrada em saúde com foco no ambiente de trabalho. “Programas focados no tema devem ter uma abordagem ampla. Se você trabalha com uma população diversa, várias faixas etárias, homens, mulheres, jovens e pessoas mais idosas, é necessário ter uma abordagem diversificada, justamente pelo fato de se ter uma população diversificada. Da mesma forma que se trabalha no nível individual, com abordagens individuais por conta da população diversa, também é necessário a adoção de programas abrangentes, que mudem o ambiente de trabalho”, explicou Lang, dando como exemplo a implantação de um trajeto para estimular a caminhada no local de trabalho e sala de ginástica.
“Empresas com melhores práticas nesta área promovem conscientização sobre o tema, conduzem seus trabalhadores para exames periódicos, criam ambientes de suporte físico e social, estabelecem conexão com serviços para os colaboradores, além de tornar a saúde parte da missão da organização”, disse Lang, citando o exemplo da Pepsi, que economizou de US $83 a US $103 por pessoa ao ano em custos de assistência médica a partir da redução de 1% no excesso de peso, glicose e colesterol de seus trabalhadores. Nos Estados Unidos, no período de um ano, doenças relacionadas à obesidade e depressão causam o equivalente a 39 milhões de dias e 200 milhões de dias perdidos, respectivamente.
“Em 2010, 86% de todos os gastos com saúde foram com pessoas com uma ou mais condições crônicas”, afirmou Lang, dizendo ainda que a grande maioria das doenças crônicas pode ser prevenida ou retardada por meio da mudança de hábitos de vida como parar de fumar, adotar uma alimentação saudável, ser fisicamente ativo e manter o peso adequado. Nos Estados Unidos, por exemplo, onde as doenças crônicas são a principal causa de morte e incapacidade, um em cada quatro adultos possui essa condição. “Programas de saúde efetivos desenvolvem uma cultura sobre o tema dentro da empresa, contam com liderança comprometida e trabalhadores engajados, desenvolvem metas específicas e mensuráveis, além de boas práticas baseadas em evidências. A tomada de decisão é baseada em dados. Os programas são customizados e muito bem planejados antes de serem implementados”, finalizou Lang.
Na sequência, o presidente da FIESC, Glauco José Côrte, o vice-presidente do ICOS, Giovanni Cerri, e o americano Jason Lang, debateram num talk show, mediado por Alberto Ogata, como tornar a saúde um elemento estratégico para as pessoas, as empresas e o País. “Só há uma maneira de melhorarmos a atenção para a saúde dos nossos trabalhadores: é envolvendo os líderes”, destacou Côrte. Após, Ana Maria Malik, da FGV de São Paulo, Karla Coelho, da ANS, José Cechin, da FENASAUDE, Carla Decotelli, da GSK, João Silvestre da Silva, diretor de relações institucionais da ANAMT, Giovanni Cerri, vice-presidente do ICOS, Hilton Faria, diretor de recursos humanos da WEG e João Mendes, da Tupy, discutiram em um painel os passos que devem ser tomados para avançar no assunto.