Florianópolis, 13.10.2025 - A produção industrial catarinense já reflete os impactos do tarifaço norte-americano sobre as exportações brasileiras. No mês de agosto, o indicador medido pelo IBGE mostrou recuo de 1,8% em relação a julho. “Os números da produção industrial comprovam o que o industrial já vinha sentindo: uma redução no números e pedidos, reflexo principalmente das altas tarifas para os Estados Unidos, mas também uma desaceleração da demanda interna em alguns segmentos”, explica o presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), Gilberto Seleme.
Dados compilados pelo Observatório FIESC mostram que a fabricação de produtos de madeira foi o setor com maior queda em agosto frente ao mês anterior, de 8,4%. O economista-chefe da Federação, Pablo Bittencourt, explica que o resultado reflete uma antecipação de pedidos dos clientes dos EUA - o que elevou estoques - e também a redução da demanda motivada pelo impacto da tarifa nos preços. Santa Catarina é o estado que mais exporta produtos de madeira para os Estados Unidos. Em 2024, foi responsável por 36,7% das exportações brasileiras de produtos de madeira para o mundo, das quais 41% tiveram como destino os EUA.
O setor de metalurgia teve recuo de 7%, também reflexo da política tarifária norte-americana sobre as exportações catarinenses. Já a queda de 7,5% na fabricação de veículos automotores, reboques e carroceria, tem em fatores domésticos sua principal causa. Bittencourt destaca que a alta taxa de juros prejudica o setor de duas formas: encarece o crédito e adia investimentos em bens como caminhões, que representam uma parcela significativa da produção metalúrgica de Santa Catarina. O alto nível de endividamento das famílias também impacta o desempenho, com redução de vendas de veículos leves, exceto os veículos “verdes” incentivados pelo programa Mover.
“O desempenho levemente positivo do setor de móveis, com alta de 0,6%, mascara um processo contínuo de desaceleração que vem ocorrendo desde o final de 2024. Essa tendência reflete a fraqueza da demanda interna, afetada pelo elevado nível de juros”, explica o economista. O setor depende mais do mercado brasileiro do que o de produtos de madeira. Ainda assim, a forte queda nas exportações — especialmente em setembro (-55% para os EUA) — deve continuar impactando a produção nos meses de setembro e outubro. A indústria catarinense de móveis foi responsável por 27,6% das exportações brasileiras do setor, sendo o segundo estado mais relevante. Contudo, na exportação destinada aos EUA, Santa Catarina respondeu por quase metade (46,5%) dos embarques de produtos de móveis.
Também chama a atenção o recuo na fabricação de bens intermediários, como produtos químicos (-1,6%), borracha e plásticos (-1,9%). Esse desempenho sinaliza desaceleração de pedidos de produtos como embalagens, dando uma indicação de que a produção industrial pode manter essa trajetória negativa para os próximos meses.
Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina - FIESC
Gerência de Comunicação
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