Florianópolis, 01.09.25 - As empresas mais inovadoras do país foram homenageadas na 11ª edição do anuário “Valor Inovação Brasil”, principal premiação nacional no campo de pesquisa, desenvolvimento e inovação do país. Empresas de SC, ou com atuação relevante no estado, foram classificadas entre as mais inovadoras no ranking das 150 identificadas em pesquisa realizada pelo Valor em parceria com a Strategy&, da PwC, com destaque para a WEG, a única indústria catarinense entre as top 10 do país.
Na 10ª posição no anuário, a empresa teve 55% do faturamento do ano passado originado de produtos novos, lançados nos últimos cinco anos. Para manter o ritmo, investiu R$ 1,1 bilhão em pesquisa e desenvolvimento em 2024, o equivalente a aproximadamente 2,8% da receita operacional líquida.
Com 66 fábricas e 144 laboratórios de testes em 13 países, a empresa atua em duas grandes frentes de inovação. A primeira segue uma das principais tendências do setor: a busca de mais sustentabilidade, com redução nas emissões de carbono. O segundo eixo tem foco na inteligência artificial (IA) e digitalização de processos industriais, com criação de sistemas e software usados internamente e vendidos a terceiros. A WEG também é a primeira na categoria eletroeletrônicos, seguida pela Whirlpool.
A fabricante de eletrodomésticos de Joinville abriga o maior centro global de pesquisa e desenvolvimento em refrigeração da vice-campeã da categoria eletroeletrônicos. “Desenvolvemos aqui tecnologias que depois são adotadas em países como Estados Unidos, Índia e México”, afirmou ao Valor Eduardo Vasconcelos, diretor jurídico e de relações governamentais da Whirlpool. A companhia investe de 3% a 4% do faturamento em inovação.
Alimentos e Bebidas
Na categoria Alimentos e Bebidas, a Duas Rodas ficou na 5ª colocação. A posição leva em conta os investimentos de 5% a 6% de sua receita em inovação. “Nosso foco atual são os bioativos, que é tudo o que conseguimos concentrar dentro de uma planta, vegetal, fruta, e que tenha relevância para ser inserida em um alimento”, explicou Rosemeri Francener, CEO da Duas Rodas. Um exemplo de inovação da empresa de Jaraguá do Sul é a vitamina C que é extraída da acerola. “Estávamos querendo substituir completamente a vitamina sintética. Começamos com 5%, 10% e hoje estamos com 40% — o restante é um veículo natural, à base de mandioca. É única no mundo”.
Bens de Capital
A categoria bens de capital tem três empresas com atuação em SC. A Tupy, segunda colocada, destinou R$ 58,5 milhões para investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) em 2024, dos quais 74% foram aplicados em projetos relacionados à sustentabilidade. A solução, já disponível no mercado, mantém até 85% dos componentes originais dos motores, reduz custos operacionais, com uma economia de até 40% nos gastos com combustível, e permite uma queda de até 60% nas emissões de CO2. Neste ano a Tupy também lançou seu motor a etanol para tratores.
A companhia também desenvolveu uma plataforma própria de inteligência artificial (IA) estruturada em três frentes: IA clássica, para prever falhas ainda na etapa inicial da produção; IA embarcada, com reconhecimento de imagem para controle de montagem de moldes; e IA generativa, que atua como assistente interativo para os operadores e técnicos. O sistema foi desenvolvido em parceria com o SENAI/SC e empresas apoiadas pela ShiftT, a aceleradora de startups da companhia.
A Nidec, terceira colocada em bens de capital, que investe entre 3% e 4% de seu faturamento em desenvolvimento tecnológico, registrou entre 2023 e 2024 mais de 40 patentes desenvolvidas por suas equipes no Brasil. Uma das inovações da Nidec é um novo compressor para refrigeradores e freezers de uso doméstico, da linha VES. Os compressores tradicionais trabalham a uma velocidade fixa e desligam quando o refrigerador atinge a temperatura programada, enquanto nos equipamentos da linha VES a velocidade e a capacidade de refrigeração variam de acordo com a demanda, reduzindo o consumo de energia.
Na quarta posição, a Thyssenkrupp se destaca pelo projeto das Fragatas Tamandaré que envolve a construção simultânea de três embarcações em um único estaleiro, o que é inédito no país. Elas estão sendo construídas na TKMS Estaleiro Brasil Sul, em Itajaí, estaleiro que pertence ao grupo alemão, em parceria com a Marinha do Brasil. Entre as inovações do projeto está a solução StandPipe Vision AI, um sistema baseado em IA que realiza inspeções automatizadas em fornos de coque de usinas siderúrgicas.
A empresa usa uma metodologia construtiva totalmente digitalizada e acessível em totens e tablets e que elimina o uso de uma grande quantidade de documentos impressos que precisam ser constantemente atualizados, além de uma ferramenta de realidade aumentada na montagem das fragatas, que permite validações em tempo real de cada etapa.
Materiais de construção
A primeira posição na categoria materiais de construção é da Dexco, detentora de marcas como Deca, Portinari e Hydra. Dos R$ 2,5 bilhões aprovados para o crescimento da empresa entre 2021 e 2026, 10% são voltados à inovação disruptiva. Só o programa Open Dexco alocou, nos últimos três anos, R$ 2,7 milhões em 35 projetos-piloto para resolver “dores” de qualquer natureza do negócio.
Segunda empresa do setor de materiais de construção mais inovadora do Brasil, a Ciser, fabricante de fixadores, aposta no hub Colmeia, que engloba as áreas de P&D avançada, inovação aberta e gestão de projetos. Além disso, desenvolve programas como o HackaCiser (hackaton voltado para solucionar problemas internos) e o Desafix (busca startups para solução de problemas operacionais, de custo etc.) Com investimento entre 1% e 5% da receita operacional líquida em inovação, a empresa desenvolveu uma série de novos produtos, como o Nanotec 45K (revestimento para aplicação em fixadores instalados em ambientes altamente corrosivos por chuva ácida).
Quarta colocada no ranking da categoria, a Tigre, líder em tubos e conexões de PVC, investe cerca de 1% do seu faturamento anual em inovação. A decisão tem mostrado resultados: entre 6% e 7% da receita da indústria de SC vem de produtos lançados nos últimos cinco anos. “Isso demonstra que a inovação não só abre portas em novos mercados, como também gera fidelização de clientes ao entregar soluções mais eficazes, sustentáveis e adaptadas às demandas atuais”, disse ao Valor o head de inovação, Guilherme Lutti. Um exemplo é a Multifam, estação de tratamento com capacidade para atender até duas mil residências e que, segundo a empresa, mantém a eficiência com menor impacto ambiental — consome 45% menos energia e ocupa área 40% menor.
Outros setores
A ArcelorMittal, com atuação em São Francisco do Sul, foi a 3ª colocada na categoria mineração, metalurgia e siderurgia.
Na categoria papel e celulose, três empresas com atuação em SC foram classificadas entre as cinco primeiras: Klabin (2ª), Irani (3ª) e Smurfit Westrock (5ª)
O processo de apuração teve o apoio de três professores especializados: Dora Kaufman, professora do programa Tecnologias da Inteligência e Design Digital da Faculdade de Ciências Exatas e Tecnologia da PUC-SP; Hugo Tadeu, professor e diretor do Núcleo de Inovação e Tecnologias Digitais da Fundação Dom Cabral; e Luiz Serafim, professor na FIA, FGV, Inov, Esalq/USP e O Novo Mercado.
Com informações do Valor Econômico e das assessorias de imprensa das empresas
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