Florianópolis, 06.08.2025 – O fortalecimento da cadeia produtiva foi o principal tema do primeiro dia do Encontro Nacional das Coordenadoras dos Programas Prioritários do Mobilidade Verde e Inovação (Enacoop), nesta quarta (6), na sede da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), em Florianópolis.
O evento reuniu representantes da indústria automotiva e de instituições de ciência e tecnologia. Discutiu, sobretudo, o programa federal Mover, que estimula investimentos em pesquisa e desenvolvimento para tornar a indústria automotiva brasileira mais competitiva e menos poluente.
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Na abertura, Margarete Maria Gandini, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), afirmou que “a indústria automotiva brasileira só será competitiva se inovar”.
Roberto de Medeiros, do SENAI nacional, destacou que a indústria automotiva é a mais complexa do país, com a cadeia produtiva mais longa e potencial de transbordamento tecnológico para outras áreas. “É uma indústria que deve ser muito respeitada e que gera grande impacto em todas as esferas do país”, disse. Ele ressaltou que os programas prioritários do Mover reuniram academia, indústria e outros atores em prol do desenvolvimento, e que o aprendizado acumulado está sendo aplicado em outras áreas.
Maurício Muramoto, do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), informou que o setor de autopeças é formado por 530 empresas que fornecem para a indústria, o mercado de reposição e a exportação. Segundo ele, os programas de incentivo do governo foram importantes para a inovação e competitividade. “A combinação de inovação e competitividade é condição para uma boa indústria.”
Gilberto Martins, da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), defendeu a ampliação dos programas de apoio, especialmente aqueles que estimulam pesquisa e inovação, para que o setor cresça e ganhe mais escala e alcance.
José Eduardo Fiates (foto acima), diretor de Inovação e Competitividade da FIESC, fez a abertura oficial do evento.
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A Carlos Sakuramoto, diretor de Manufatura e Materiais da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), informou que, entre 2019 e 2024, o primeiro ciclo dos programas Rota 2030 e Mover movimentou R$ 1,8 bilhão, beneficiando 580 projetos, 500 empresas, 200 Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) e sete projetos estruturantes. “Só conseguimos enfrentar a competição com inovação”, afirmou.
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No painel sobre as perspectivas para o 2º ciclo do Mover (2024–2029), entidades demonstraram otimismo em relação aos próximos anos do programa.
Ana Eliza Braga, da Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep), afirmou que a instituição buscará se manter mais próxima da associação que reúne as demandas mais relevantes do setor.
Patrícia Martins, do SENAI, destacou que continuará com as linhas de desenvolvimento de competências, criará novas e apoiará centros de competência. Ela também mencionou novos campos de estudo, como sustentabilidade e inteligência artificial.
Paulo Villarim, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), lembrou que a instituição já realizou três ciclos de captação de projetos, totalizando R$ 116 milhões.
Também participaram do painel Renata Guinther, da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), e Luciano Cunha, da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii).
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O painel Mover: como as empresas estão se preparando para as novas regras, tecnologias e descarbonização reuniu representantes da Stellantis, Scania, General Motors (GM) e Bosch para discutir os impactos do programa Mover e os caminhos para o setor automotivo diante das novas exigências de sustentabilidade.
João Irineu, da Stellantis, destacou que o automóvel é um produto altamente complexo, com mais de 5 mil componentes, e que, por isso, depende de uma cadeia forte e estruturada. Segundo ele, a tecnologia desenvolvida no Brasil tem qualidade suficiente para ser aplicada em outros países.
Gustavo Bonini, da Scania, afirmou que os caminhões exigem tecnologias específicas e que os produtos desenvolvidos no Brasil, país com grande diversidade de relevo e clima, têm potencial de adaptação global. Ele elogiou as políticas públicas de apoio à inovação e disse que o Brasil é referência mundial no desenvolvimento de caminhões pesados.
Fernando de Oliveira Junior, da Bosch, lembrou que as tecnologias da empresa estão presentes em diversas montadoras. Ele afirmou que o programa Mover tem promovido maior integração da cadeia automotiva e destacou que o Brasil tem potencial para se tornar um fornecedor global de autopeças, o que fortalece a indústria local.
Carlos Sakuramoto, da GM, defendeu a união de toda a cadeia produtiva como essencial para o fortalecimento da indústria automotiva nacional.
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Painel - Projetos Estruturantes para a cadeia automotiva:
Para cumprir as metas de descarbonização previstas no Programa MOVER, a cadeia automotiva vai precisar do desenvolvimento de novos materiais. Esse foi um dos pontos trazidos pelo diretor de assuntos regulatórios da Anfavea, Gilberto Martins.
Entre os requisitos obrigatórios do MOVER está a reciclabilidade: até 2027, todos os veículos leves precisam ter no mínimo 80% de material reutilizável ou reciclável e no mínimo 85% de material reutilizável ou recuperável.
Marcos Berton, do Instituto SENAI de Inovação em Eletroquímica, apresentou o projeto estruturante de baterias íons-lítio, que é integrado por 27 empresas, entre elas, Tupy, Petrobras, Stellantis, GM, Moura Baterias e Marcopolo.
Já Erwin Franieck, do movimento Made in Brasil Ilimitado (MiBi), destacou que os projetos estruturantes nascem para resolver gaps nacionais, precisam destravar a cadeia e fazer algo que dê um salto no setor. Um projeto estruturante pode envolver vários setores industriais ou apenas um setor, mas com a participação de diversas empresas.
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Painel - Materiais e processos de fabricação eficientes para o setor de mobilidade
O engenheiro e professor da UFSC Cristiano Binder destacou que serão necessárias soluções em materiais, mas também em revestimentos e peças, lubrificantes e aditivos. Ele explicou que a redução de 10% da massa de um veículo equivale a 8% de economia de combustível num carro com motor a combustão e de 14% de autonomia de bateria num veículo elétrico.
Outra iniciativa apresentada foi o projeto MagBras, que une SENAI-SC e SENAI-MG para desenvolver a cadeia nacional de terras raras. O Brasil detém a 3ª maior jazida mundial dos 17 elementos químicos do grupo de terras raras, estratégicos para setores como o automotivo, o energético e o tecnológico.
No Brasil, o setor automotivo arrecada cerca de R$ 85 bilhões em impostos, fatura aproximadamente R$ 265 bilhões anuais e é responsável por 1,2 milhão de empregos.
Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina - FIESC
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