Florianópolis, 22.9.2014 - O Brasil está entre os países que integram os BRICS (grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e que foi beneficiado pelo preço das commodities que se manteve num bom patamar até 2011, muito puxado pela demanda chinesa. Contudo, não aproveitou o momento para fazer as reformas necessárias, disse o conselheiro sênior do Banco Mundial, Otaviano Canuto, durante seminário promovido Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), nesta segunda-feira (22), em Florianópolis. "Houve melhorias substanciais em alguns pontos, mas letargia na agenda das reformas estruturais", afirmou.
Canuto salientou que o Brasil está entre os piores países do mundo para fazer negócios, segundo dados do Doing Business, publicação do Banco Mundial que há dez anos estuda o ambiente de negócios em 160 países. O Brasil transita e entre as posições 110 e 112. Otaviano, que é economista, informou que para obter uma licença de construção no Brasil são necessários em média 400 dias contra 100 dias nos países que integram a OCDE e 200 na Argentina, Chile e Uruguai. "Tem algo de errado aí. É claro que isso é apenas a licença", afirmou, lembrando que essa demora tem um custo e significa menos recursos para investir em máquinas e em qualificação, por exemplo. "É uma espécie de sugador de recursos que impacta a produtividade", concluiu.
Outro exemplo destacado pelo especialista foi o de uma multinacional brasileira que nos Estados Unidos tem cinco advogados para tratar das questões tributárias e trabalhistas enquanto no Brasil precisa de 200 profissionais. O faturamento da empresa nos dois países é praticamente o mesmo. "O clima de negócios no Brasil não é racional. Onde paramos no tempo foi na agenda de reformas. No médio e no longo prazos teremos que passar um pente fino no gasto público. Sem ter uma agenda que cuida do ambiente de negócios e que leve ao investimento, não teremos um País pronto para enfrentar os próximos desafios", afirmou.
Comércio com BRICS: Em 2013, as exportações de Santa Catarina para a África do Sul, Índia, China e Rússia totalizaram aproximadamente US$ 1,2 bilhão, correspondendo a 14% das exportações totais do Estado no período.
O presidente da FIESC, Glauco José Côrte, destacou que quase um terço do que é produzido no mundo é comercializado de país para país. "A globalização é um fato que ocasionou uma transferência brutal e sem precedentes de investimentos e tecnologias de países mais desenvolvidos para outras nações, o que tem sido responsável, em alguns casos, pelo ritmo de desenvolvimento de algumas economias", disse. Côrte salientou ainda que essa tendência tem um preço. "Se olharmos a China, o aumento da produção de bens manufaturados acabou empurrando para fora do mercado fábricas, sobretudo, menos eficientes, localizadas em países em desenvolvimento. Nada é neutro nesse campo. O fato é que a globalização tem ditado a trajetória e os caminhos da economia de muitas sociedades", concluiu.
Dâmi Cristina Radin
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