Atlas da Competitividade

O Atlas da Competitividade da Indústria Catarinense 2024 foi concebido com o objetivo de fornecer uma análise abrangente e estratégica das principais variáveis que impactam a competitividade industrial de Santa Catarina. Nesta edição, o Observatório FIESC atualiza os indicadores apresentados na primeira versão, incluindo o Índice de Competitividade Industrial (ICI), que posiciona Santa Catarina como o estado mais competitivo do Brasil. Como contribuição inédita, a publicação apresenta o cálculo do Hiato do Produto do Estado, que mede o quanto a economia de Santa Catarina produz em relação ao que poderia produzir em seu potencial máximo. O estudo também inclui um capítulo dedicado ao desempenho industrial de Santa Catarina entre 2022 e 2023, destacando os impactos de fatores econômicos globais e nacionais. Além disso, traz uma análise das competitividades industriais do estado em comparação com os países mais inovadores setorialmente.

Desempenho Industrial

Analisa o desempenho industrial de Santa Catarina entre 2022 e 2023, destacando os impactos de fatores econômicos globais e nacionais. A elevada inflação, os juros altos e a retração do crédito afetaram a indústria brasileira como um todo, com reflexos diretos em Santa Catarina. Setores como têxteis, vestuário e metalurgia foram particularmente impactados, registrando quedas significativas devido ao aumento dos custos de produção e à redução no consumo.

Em 2022, apesar das adversidades enfrentadas pela indústria, o setor de produtos alimentícios destacou-se como um dos principais motores do crescimento industrial em Santa Catarina. As exportações de carnes de aves e suínos desempenharam papel crucial, impulsionando um aumento de 8,3% na atividade industrial ao longo do ano. Além disso, a produção de alimentos registrou a segunda maior expansão entre os estados brasileiros, reforçando sua relevância para a economia estadual. Contudo, a produção industrial de Santa Catarina encerrou 2022 com uma queda de 4,3%, influenciada principalmente pelos setores têxtil e de vestuário, impactados pelos altos custos ao consumidor e ao produtor, especialmente no segmento de roupas para adultos.

Em 2023, a produção industrial de Santa Catarina registrou queda de 1,3%, menor que a de 2022, enquanto a média nacional manteve-se praticamente estável com um crescimento de 0,2%. Essa diferença reflete o impacto do ciclo econômico, com Santa Catarina mais exposta aos efeitos do crédito caro, devido à sua estrutura industrial focada em bens acabados e intermediários, enquanto o Brasil se beneficiou das exportações de bens primários.

Apesar do início da queda na inflação e na Selic, os juros altos restringiram o crédito e os investimentos, mas o consumo aquecido das famílias favoreceu setores como borracha e plástico, que cresceram 10,1%, impulsionados pela demanda por embalagens plásticas para atender a indústria alimentícia.

Em 2023, apesar da desaceleração, a demanda externa impulsionou setores como equipamentos elétricos, que cresceram 7,7%. No mercado interno, a redução da inflação ajudou a reaquecer as vendas de eletrodomésticos, aliviando o segmento.

Hiato do produto

Este é um estudo inédito sobre o Hiato do Produto de Santa Catarina, que analisa as oscilações cíclicas da economia do estado. O Hiato do Produto é a diferença percentual entre o PIB observado e o PIB potencial. O PIB potencial representa o nível de produção que a economia poderia atingir sem sobrecarga ou subutilização dos recursos produtivos. Quando o hiato é negativo, há ociosidade da capacidade produtiva; quando positivo, a economia está operando acima da sua capacidade.

Esse indicador é fundamental para a análise econômica, pois ajuda a entender o estágio do ciclo econômico, o impacto da política fiscal e monetária, e orientar decisões estratégicas em setores como investimento e projeção de demanda. Contudo, o PIB potencial não é observável diretamente e deve ser estimado por métodos específicos.

Para Santa Catarina, utilizou-se o modelo de função de produção, que decompõe o PIB observado em três componentes: trabalho, capital e produtividade total dos fatores (PTF).

O PIB potencial é determinado pela utilização potencial desses fatores. Entre 2012 e 2023, o produto de Santa Catarina teve uma taxa de crescimento médio de 1,7% ao ano, sendo o fator trabalho o maior responsável por esse crescimento. Contudo, o fator capital teve uma contribuição negativa nos últimos dois anos devido à alta das taxas de juros.

O crescimento do PIB potencial de Santa Catarina superou a média brasileira, com uma média de 2,7% ao ano, impulsionado principalmente pelo trabalho e pelo capital. O estudo do hiato do produto catarinense, com base no intervalo de plausibilidade, revela que, em 26 dos 48 trimestres analisados (54,2% do período), o hiato foi igual a zero. Em 9 trimestres (18,8%), o hiato foi positivo, e em 13 trimestres (27,1%), negativo. A análise aponta que o hiato do produto de Santa Catarina permaneceu igual a zero desde o último trimestre de 2021, com um viés negativo observado nos últimos períodos de 2023. Esses resultados refletem um equilíbrio na economia catarinense, embora com indícios de desaceleração nos meses finais de 2023.

Competitividade Industrial

Este capítulo explora o conceito de competitividade industrial, definido pela UNIDO como a capacidade de ampliar presença nos mercados e avançar tecnologicamente, alinhando progresso econômico, qualidade de vida e sustentabilidade ambiental. O Índice de Competitividade Industrial (ICI), adaptado às unidades federativas brasileiras, avalia aspectos essenciais para fortalecer as indústrias estaduais e, consequentemente, a economia nacional.

O ICI baseia-se em duas dimensões e quatro indicadores que avaliam aspectos cruciais da competitividade industrial nas UFs brasileiras:

  • Capacidade de Produção e Exportação de Bens Manufaturados, que analisa a relevância e participação da indústria local no comércio internacional por meio do Valor Adicionado e Exportações da Manufatura per capita.

  • Aprofundamento e Sofisticação Tecnológica Industrial, que mede o avanço tecnológico e a geração de valor agregado na indústria, destacando a importância da inovação, qualificação e P&D.

A Diversificação Industrial Catarinense e sua Liderança no ICI

Santa Catarina lidera o ICI no Brasil, com pontuação de 0,133 em 2021, refletindo sua diversidade produtiva e encadeamentos industriais robustos. O estado combina setores estratégicos, como automotivo e equipamentos elétricos, com tradicionais, como madeira e construção. Suas regiões contribuem com especializações específicas, como agroindústria no Oeste e química no Sul.

Santa Catarina supera estados como São Paulo (0,126), Rio Grande do Sul (0,118) e Paraná (0,112). Essa competitividade reflete fatores históricos, como infraestrutura consolidada, imigração europeia e proximidade com o litoral, que continuam impulsionando inovação e investimentos.

Desempenho Industrial: Análise dos estados brasileiros a partir das dimensões do ICI

Na dimensão Capacidade de Produzir e Exportar Bens Manufaturados, o desempenho industrial é avaliado pelo valor adicionado e pelas exportações per capita da manufatura. Estados como o Amazonas se destacam pela forte base industrial proporcionada pela Zona Franca de Manaus, enquanto Mato Grosso e Mato Grosso do Sul têm alta participação nas exportações industriais. Santa Catarina lidera, mostrando integração nas cadeias globais de valor e um elevado nível de desenvolvimento industrial.

Na dimensão Aprofundamento e Aprimoramento Tecnológico, o progresso em setores de média e alta intensidade tecnológica é essencial para melhorar a competitividade. O Ceará, por exemplo, possui 92,8% de suas exportações originadas na manufatura, sendo grande parte de média-alta intensidade tecnológica. No entanto, a atividade econômica do estado não é fortemente concentrada na manufatura, e a presença de setores tecnológicos mais avançados é limitada.

Competitividade Industrial Global: A posição de SC em relação às economias mundiais

Ao analisar o Índice de Competitividade Industrial (ICI), uma questão relevante é como Santa Catarina se posicionaria no cenário global. Utilizando a técnica de distância euclidiana, medimos a similaridade da competitividade industrial do estado com a de outros países.

A análise da competitividade industrial de Santa Catarina em comparação ao cenário global revela semelhanças com economias emergentes da Europa e Ásia, como Ucrânia, Turquia, Grécia, Índia e Indonésia. Esses países compartilham desafios relacionados à expansão de setores tecnológicos avançados, embora apresentem mercados industriais consolidados em diversos segmentos.

Na Europa, Santa Catarina apresenta afinidades com economias como a Ucrânia, que se destaca na produção de alimentos, e a Grécia, com foco na indústria farmacêutica. Na Ásia, Índia e Indonésia compartilham a relevância da manufatura no desenvolvimento econômico, marcada por mão de obra qualificada e crescente competitividade internacional.

Esses comparativos evidenciam que, apesar das diferenças regionais, Santa Catarina possui características industriais semelhantes a países em crescimento. A necessidade de aprimorar infraestrutura é comum, e a capacidade do estado de se alinhar tanto com mercados emergentes quanto maduros reflete seu potencial competitivo global.

Competitividade Setorial da Indústria Catarinense

O desenvolvimento socioeconômico mundial desde a revolução industrial é impulsionado por ganhos contínuos de produtividade, tecnologia e inovação, fatores que explicam a evolução da economia global. O aumento do capital humano, com investimentos em educação e capacitação, também tem um papel crucial nesse processo, permitindo que cada trabalhador produza mais nas mesmas horas de trabalho.

Santa Catarina se destaca pelo maior valor adicionado da manufatura per capita do Brasil (US$ 1.736,19 por habitante em 2015), embora essa cifra seja significativamente inferior à de países de alta competitividade, como Estados Unidos, Alemanha e Suíça, o que reflete a diferença de produtividade entre o estado e essas economias.

Em 2021, a indústria representou 27,5% do Valor Adicionado Bruto (VAB) do estado, sendo a manufatura o setor predominante, com 78% de participação. A indústria catarinense tem a segunda maior participação no VAB da manufatura do Brasil, atrás apenas do Amazonas, devido à Zona Franca de Manaus.

Os setores mais expressivos no estado incluem Alimentos e Bebidas, com R$ 16,1 bilhões em VAB (16,9%), destacando-se pela forte inserção internacional e exportação de carnes de aves e suínos. O segmento da construção vem em segundo lugar, com R$ 14,5 bilhões (15,2%), seguido por têxtil, confecção, couro e calçados (12,6%), indústria metalmecânica e metalúrgica (8,9%) e fabricação de produtos químicos e plásticos (7,2%).

Este capítulo irá explorar em detalhes os principais setores econômicos da indústria de transformação de Santa Catarina, como Alimentos e Bebidas, Têxtil, Confecção, Couro e Calçados, entre outros. Serão abordadas questões relacionadas à produtividade de cada setor, as tecnologias emergentes que estão sendo desenvolvidas, a participação de Santa Catarina na produção nacional e a sua competitividade global. Além disso, será destacada a evolução de cada segmento, as características históricas, geográficas e culturais que influenciam o seu desenvolvimento e os desafios e oportunidades que o estado enfrenta para manter e expandir sua liderança industrial.

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