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4ª maior do País, indústria criativa de SC reforça integração para ampliar mercado

Estudo revela o perfil do setor e mapeia os desafios para avançar em novos modelos de negócios. Iniciativa é do Programa de Desenvolvimento Industrial Catarinense (PDIC), da FIESC

Clique aqui e veja no Flickr da FIESC a cobertura fotográfica

Florianópolis, 14.9.2018 –
Com foco na criação de novos modelos de negócios, ampliação de mercado e reconhecimento nacional, a indústria criativa catarinense, a quarta maior do País, reforça a integração da cadeia por meio da inovação e do empreendedorismo. O setor realizou o planejamento estratégico, que permite avaliar os desafios e traçar ações de futuro para aumentar o potencial da atividade. A ação integra o Programa de Desenvolvimento Industrial Catarinense (PDIC), da Federação das Indústrias de Santa Catarinense (FIESC), e foi apresentada nesta sexta-feira (14), em Florianópolis. O trabalho dá ênfase aos setores de mídia e entretenimento, que, por sua vez, contemplam expressões culturais, patrimônio e artes, música, artes cênicas, editorial, audiovisual e publicidades. Apoiam a iniciativa a Acate, Sebrae, Fecomércio, Fundação de Cultura, Santacine e Secretaria de Turismo, Cultura e Esporte. Clique aqui e conheça o estudo.


Em relação aos novos negócios, o trabalho destaca que o fortalecimento da indústria criativa em Santa Catarina passa por dois fatores: convergência digital no mercado de mídia e melhor aproveitamento dos investimentos federais. A convergência digital tem mudado a forma e os meios pelos quais a informação chega ao consumidor final. Os serviços Over-The-Top (OTT) são as transmissões de conteúdo audiovisual e música por meio de plataformas IP, como o Netflix, que alcança o consumidor sem precisar de uma operadora de TV por assinatura. Em 2017, o Netflix, que tem 50 milhões de assinantes, superou o número total de assinantes de TV por assinatura nos Estados Unidos (48 milhões). Pesquisa da CVA Solutions, de julho de 2017, sobre consumo de conteúdo on-line no Brasil, informa que: mais de dois terços dos consumidores do país assistem a filmes on-line; 36,2% utilizam Netflix e 24,5% o YouTube. O número de pessoas com smart TVs aumentou de 27,8% em 2016 para 35% em 2017. O trabalho mostra que o consumo de conteúdo on-line já é representativo no Brasil e a tendência é crescer mais. Veja abaixo as principais tendências tecnológicas e de mercado que influenciam a criação de produtos e serviços de mídia e entretenimento.

“Os dados são relevantes. Mas, mais importante do que as estatísticas, é olhar para a indústria criativa pelo potencial que tem de impulsionar também outros segmentos industriais. Em Santa Catarina, particularmente, o setor de tecnologia da informação e a área de design cumprem fortemente este papel. Além disso, no atual cenário de concorrência cada vez mais acirrada, criatividade e inovação passam a ser palavras-chave na busca da diferenciação e de valor para os produtos”, afirma o presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar.

O setor criativo no Brasil é composto por cerca de 239 mil empresas e responde por 2,64% do PIB (dado de 2015). Dentre os estados, a participação no PIB criativo se concentra em São Paulo (3,9%), Rio de Janeiro (3,7%), Distrito Federal (3,1%) e Santa Catarina (2,3%). No estado, o setor é composto por 1.545 empresas e emprega 9.470 trabalhadores (Rais 2016). As companhias que mais empregam são as de pequeno porte, que respondem por 49% das vagas, 32% são microempresas, 6% são de médio porte e 13% são grandes companhias. Dentre os empregos da indústria criativa, 43,7% são de atividades ligadas ao rádio e televisão, 28,3% são publicidade e pesquisa, 11,8% são de edição, 10,9% são de atividade cinematográfica e 5,3% são atividades artísticas. Em relação à distribuição, 27,9% estão na Grande Florianópolis, 22,3% estão no Vale do Itajaí, 19,9% no Oeste, 12,8% no Norte, 11,6% no Sul e 5,6% na região Serrana.

“A Santa Catarina que veio até aqui é largamente reflexo de um planejamento de estado aliado ao empreendedorismo, mas que precisa recuperar sua capacidade de reformular o planejamento de longo prazo em consonância com a sociedade”, disse o ministro do Turismo, Vinicius Lummertz. “Tudo o que está no estudo deve ter uma grande relação com as regiões e mobilizar a população para que compreenda como compartilhar e contribuir para a transformação acontecer. E esse talvez seja um grande desafio”, completou.

Paulo Nakamura, secretário de infraestrutura cultural do Ministério da Cultura, salientou que a indústria criativa está muito atrelada à tecnologia, especialmente no âmbito da indústria 4.0. “Muitos movimentos têm acontecido no mundo todo. E a quarta revolução industrial é muito baseada em conhecimento”, disse, lembrando que nessa área o Brasil tem condições de estar no mesmo patamar que outros países. Ele destacou a característica colaborativa do estudo, com a participação de diversos setores. Governo, setor privado e academia tem que reforçar o trabalho conjunto”, completou.

O estudo revela ainda que Santa Catarina tem vocação para expandir o setor, mas tem atraído uma parcela pequena dos investimentos disponibilizados por meio de mecanismos federais de fomento. O volume de investimentos do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) alcançou R$ 622,8 milhões em 2016. Os estados que mais utilizam recursos do FSA são Rio de Janeiro e São Paulo (70% do total). Santa Catarina encontra-se na 16ª colocação, com a utilização de R$ 1,79 milhão dos recursos disponíveis.

Em outra modalidade, o Patrocínio Cultural, o valor captado nacionalmente em 2015 foi R$ 1,2 bilhão, dos quais Santa Catarina respondeu por 3,1%. Isso mostra que o estado pode aumentar a proporção de recursos oriundos desse modelo. Em Santa Catarina ainda há o Fundo Social, iniciativa da FIESC, por meio do SESI, que oferece gestão de projetos sociais beneficiados por legislações de renúncia fiscal. Mais 2 mil indústrias podem fazer uso de renúncia fiscal. Juntas, somam um potencial de mais de R$ 92 milhões que poderiam ficar no estado para o setor criativo.

O presidente da Acate, Daniel Leipnitz, destacou a aproximação da tecnologia com os demais segmentos da indústria. "Aprendemos e estamos aprendendo muito e tem feito uma diferença brutal em nosso setor. Trabalhando de forma colaborativa e conjunta vamos muito mais longe. Então penso que esse trabalho é fundamental para nosso futuro. A economia criativa vai ser uma das que mais vai empregar no futuro. É uma tremenda alternativa para nossa economia investir no desenvolvimento desse setor. Na tecnologia nada se cria sem a criatividade”, afirmou.  



Principais tendências tecnológicas identificadas no estudo

- Tecnologias alinhadas à Indústria 4.0

Internet das Coisas (IoT): A “Internet das Coisas” propõe conectar à Internet os dispositivos eletrônicos utilizados no dia a dia, permitindo que eles se comuniquem de forma automatizada. A Internet das Coisas cria possibilidades completamente novas para a elaboração de produtos e serviços de mídia e entretenimento, com alto grau de personalização revolucionário.

Inteligência artificial aplicada à mídia: aplicável e praticamente todos os setores da economia. No caso de mídia e entretenimento, a inteligência artificial pode atender as preferências dos consumidores de conteúdo e  entrega inteligente de publicidade. Será cada vez mais comum a presença de assistentes digitais (chatbots), como a Siri (Apple), Amazon Alexa, Google Assistant, entre outros.  

Realidade Virtual Massificada: Alguns fatores estão contribuindo para tornar os dispositivos e conteúdo de realidade virtual um produto de massa: aumento do poder de processamento dos smartphones, aumento da velocidade da internet móvel e barateamento dos óculos e capacetes de realidade virtual.

- Tecnologias que fomentam novos modelos de negócios

Modelo de negócio transmídia: significa criar negócios baseados numa determinada propriedade intelectual autoral que dê origem a diferentes tipos de produtos e receitas. Um exemplo brasileiro é a Turma da Mônica, que começou com histórias em quadrinhos, mas ganhou outras mídias (desenho em TV, filme, produtos licenciados, etc.

OTT Content: Os serviços Over-The-Top (OTT) são as transmissões de conteúdo audiovisual e música por meio de plataformas IP diretamente ao consumidor final, sem o controle dos distribuidores tradicionais desse conteúdo (como as empresas de radiodifusão, operadores de TV por assinatura e empresas de telefonia).

Mídia programática: é a compra e venda de anúncios publicitários de forma automatizada. Os dados sobre o comportamento do consumidor orientam o processo de comercialização dos anúncios, realizada em tempo real ou quase real. Um exemplo é a oferta em tempo real (Real Time Bidding, RTB) – a compra e venda de impressões de anúncios on-line, usando dados para segmentar melhor a audiência. Projeções do instituto Magna Global apontam que nos Estados Unidos a compra programática da TV linear atingirá, em 2019, cerca de 20% do total de investimentos publicitários da TV norte-americana. O percentual deverá atingir os 50% em menos de cinco anos.

Content commerce: Empresas de mídia podem ir além do modelo de negócio de venda de espaço publicitário, avançando para a criação de “marketplaces”. Modelo em que o veículo de mídia passa a fazer a curadoria e venda on-line de produtos associados ao seu conteúdo.

Turismo criativo: oferece aos turistas a participação ativa em experiências de lazer e aprendizado, baseadas em histórias e emoção, que sejam características do destino. A indústria criativa de SC pode fabricar novas atrações turísticas baseadas em conteúdo, eventos e estabelecimentos de entretenimento que fortaleçam ainda mais o setor em SC.

 

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