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Deficiência de infraestrutura ameaça agroindústria em SC

Em reunião na FIESC, nesta quinta-feira (21), representantes do setor também demonstraram preocupação com fornecimento do milho, base da cadeia de produção

Clique aqui e veja a cobertura fotográfica no Flickr da FIESC
 

Florianópolis, 21.6.2018 – “A viabilização do agronegócio é vital para a economia catarinense. Há Estados que têm interesse em sediar as empresas catarinenses desse setor, principalmente os centros produtores de milho. É um dever de Santa Catarina discutir as questões que impactam o segmento. O custo logístico na região oeste é muito impactado pelas condições precárias de infraestrutura”, afirmou o presidente da Câmara de Assuntos de Transporte e Logística da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), Mario Cezar de Aguiar, durante reuniões realizadas nesta quinta-feira (21), em Florianópolis, para debater a logística do milho. “Santa Catarina tem que defender esse patrimônio. Não podemos perdê-lo. Certamente um componente importante é a infraestrutura e temos que ampliá-la para que possamos manter e fortalecer a nossa agroindústria”, completou.

Participaram dos encontros representantes do governo catarinense, da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Sindicarne, ACAV, Polícias Rodoviária Federal e Rodoviária Militar, DNIT e parlamentares. “Temos que definir um eixo para trazer os insumos que nossa indústria precisa e permitir que ela escoe seus produtos. Já que não temos ferrovia e este é um projeto de médio e longo prazo, precisamos melhorar a BR-282, seja com recursos do governo federal ou por concessão para mitigar os gargalos e os pontos críticos”, defendeu, lembrando que o custo logístico em Santa Catarina é superior à média nacional. “Nada justifica a falta de investimentos na região. No caso da BR-282, a interligação com a BR-470 é o eixo que consideramos importante por causa do acesso aos portos. Temos que encontrar um caminho que fixe nossa indústria e favoreça a permanência do agronegócio no oeste catarinense”, concluiu.

O diretor-executivo do Sindicarne, Ricardo Gouvêa, salientou que a grande rota para escoar a produção é a BR-470. “Hoje usamos a BR-470 para tirar a produção que está no oeste. Se dependemos tanto do transporte rodoviário, é um absurdo pensar que as estradas são quase intrafegáveis. É inacreditável”, ressaltou.

Nesta semana, a FIESC apresentou estudo que mostrou que as obras de ampliação de capacidade e restauração da BR-163 na região Oeste de Santa Catarina estão abandonadas. A rodovia é importante para o transporte de milho que de vem do centro-oeste. O levantamento avaliou a situação dos 62,1 quilômetros do segmento entre o entroncamento da BR-282 em São Miguel do Oeste e o entroncamento da BR-280 na divisa com o Paraná, além do acesso ao ponto de fronteira alfandegado, em Dionísio Cerqueira. Conforme o superintendente do DNIT-SC, Ronaldo Carioni Barbosa, o novo edital para a retomada das obras está pronto e aguarda liberação de recursos do governo federal para ser lançado, com expectativa para julho, quando está prevista liberação de dinheiro de emendas parlamentares.

Ainda em sua apresentação, Gouvêa chamou a atenção para o fornecimento do milho. “É a grande preocupação. É a base da nossa cadeia produtiva”, disse, salientando que a produção catarinense do insumo é insuficiente, o que leva Santa Catarina a comprar de outros Estados. Segundo ele, existe a opção de comprar do Paraguai, que fica a cerca de 400 quilômetros do oeste, mas o país vizinho não consegue atender toda a demanda. “Ajuda a diminuir a dependência do centro-oeste, mas não é a solução”, avalia. Outra possibilidade é a compra do insumo da Argentina, mas o alto custo inviabilizaria. Uma terceira opção emergencial é a importação dos Estados Unidos.

O secretário da Agricultura, Airton Spies, informou que Santa Catarina produz 3 milhões de toneladas de milho, mas utiliza 7 milhões do insumo por ano. “Temos um déficit que ultrapassa 55% da demanda, que tem sido suprida com milho que vem de longe. Temos buscado no norte do Mato Grosso, com distâncias que chegam a 2 mil quilômetros e o transporte é feito de caminhão”, disse, lembrando que até pouco tempo o milho era relativamente barato por causa das boas safras dos últimos anos, com recordes de produção.

No entanto, Spies ressaltou que a luz amarela acendeu por dois motivos: primeiro por causa do Arco Norte, corredor de exportação que deu mais competitividade para a saída dos grãos do Mato Grosso pelos portos do Amazonas, Maranhão e Pará. O segundo ponto é que o Mato Grosso está investindo em usinas flex que produzem etanol a partir do milho. As duas situações reduzem a disponibilidade do grão. “Realmente, Santa Catarina tem que se preocupar e agir diante do grande desafio que é o abastecimento do milho”, declarou.

Em sua apresentação, Airton ainda defendeu a adoção de cinco alternativas que devem ser trabalhadas: aumentar a produção do milho no estado através da elevação da produtividade, investir no aumento da capacidade de armazenagem, usar outros grãos para completar a alimentação dos animais, com a inclusão de trigo e cevada, medida já adotada por países do hemisfério norte, além de investir em ferrovia (ação de longo prazo).

O diretor de relações institucionais da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA,) Ariel Mendes, informou que no âmbito da associação há um grupo técnico estudando a questão do milho. “Partimos da avaliação de que se não for resolvido o problema do milho, Santa Catarina vai perder competitividade. Aqui estão as melhores plantas que exportam para os melhores mercados mundiais. Então é um patrimônio que temos que preservar”, disse. Ele informou ainda que está em andamento um estudo para redesenhar a logística catarinense para o setor. O trabalho deve ser entregue aos candidatos ao governo do Estado, à Presidência da República, deputados e senadores.  

 

 

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