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Geração distribuída é oportunidade para indústria de SC

Em seminário sobre o assunto na FIESC, presidente da entidade destacou redução de custos com a produção da energia perto dos centros consumidores e a oportunidade de fornecimento de equipamentos ao setor pelo parque fabril de SC

Clique aqui e veja a cobertura fotográfica completa no Flickr da FIESC

Florianópolis, 26.5.2017 – A geração de energia perto dos mercados consumidores, a chamada geração distribuída, representa uma grande oportunidade para indústria de Santa Catarina, tanto pela possibilidade de reduzir custos, quanto pelo potencial de fornecimento de equipamentos e serviços ao setor pelo parque industrial catarinense. A defesa foi feita nesta sexta-feira (26) pelo presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), Glauco José Côrte, na abertura de seminário sobre o tema, em Florianópolis, com a presença de cerca de 400 participantes. A iniciativa é da FIESC em conjunto com a Associação de Produtores de Energia de Santa Catarina (Apesc) e o Governo de SC, por meio do Programa SC+Energia.

O Brasil sempre optou pelos grandes projetos de centrais hidrelétricas, mas cada vez mais a distância entre o local de produção e o de consumo é maior, o que eleva os custos, especialmente de transmissão da energia, lembrou Côrte. “O processo de geração distribuída aproxima fonte de produção do consumidor, barateando substancialmente os custos. Santa Catarina tem um parque industrial com condições de atender as demandas dos produtores. Nós precisamos incentivar isso, com uma legislação que estimule a produção distribuída”, propôs. “Isso reduzirá a necessidade das grandes centrais, diminuirá os preços da energia, dará mais confiabilidade ao sistema elétrico, trará ganhos importantes do ponto de vista ambiental, além de proporcionar ao produtor a oportunidade de vender o excedente, com bom retorno”, completou.

O secretário de Desenvolvimento Econômico Sustentável, Carlos Chiodini, destacou as perspectivas de expansão desse mercado, que exigirá mais inovação e tecnologia. “Esses modelos vão se expandir porque trazem consigo uma melhor sustentabilidade. E, Santa Catarina, definitivamente, não pode ficar de fora. Podemos fazer diferente pelo ambiente aqui colocado: temos instituições de pesquisa, universidades fortes e indústrias de ponta. Temos a necessidade de crescimento em infraestrutura e uma delas é a de geração e distribuição de energia para atender ao crescimento da economia, especialmente após a crise. Sairemos daqui com novas metas e oportunidades”, declarou.

O especialista em geração da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Marco Aurélio Lenzi Castro, explicou os principais pontos da resolução normativa 482/2012, que regulamenta a geração de energia elétrica pelo consumidor brasileiro (produção a partir das casas e prédios) e a colocação do excedente na rede de distribuição. Segundo ele, até 2024 o Brasil terá 886 mil microgeradores. Contudo, alertou para os desafios desse mercado. Entre eles, destacou a produção de equipamentos, que hoje precisa de muitos componentes importados, novas fontes de financiamento, o alto custo inicial de implementação do sistema, as limitações para reduzir impostos, como PIS, Cofins e ICMS, redução das receitas das distribuidoras, além do aumento da complexidade de operação, que precisa de ajustes. Até pouco tempo, as casas só recebiam a energia elétrica. Hoje, muitas residências são geradoras e precisam colocar o excedente na rede, que por sua vez, necessita de adaptação.

Conforme informações da Aneel, pelas novas regras, que começaram a valer em março de 2016, quando a quantidade de energia gerada em determinado mês for superior à energia consumida naquele período, o consumidor fica com créditos que podem ser utilizados para diminuir a fatura dos meses seguintes. Além disso, o prazo de validade dos créditos passou de 36 para 60 meses.

Ainda durante o encontro, o CEO da América Energia, Andrew Frank Storfer, destacou as mudanças pela qual o mercado mundial de energia vem passando e chamou a atenção para o protagonismo dos consumidores nesse cenário. Ele citou como exemplo os Estados Unidos e alguns países europeus, como a Alemanha, que permitem o consumidor comprar sua energia elétrica diretamente na internet. “O novo consumidor tem poder de escolher. Assim como escolhe um plano pré-pago ou pós-pago para o celular, pode fazer o mesmo com a compra de energia. Essa competição provocou redução de custos, beneficiando o próprio consumidor”, explicou.

Andrew ressaltou que no Brasil a geração distribuída cresce, mas num ritmo menor do que o esperado. Isso, segundo ele, se deve à crise, aos custos de implantação e às condições de financiamento. Apesar das transformações em curso, ele lembrou que há desafios para as distribuidoras, que terão que ser remuneradas pelo transporte e ter capacidade estrutural (fios) para atender a demanda nesse novo formato.

O presidente da Associação dos Produtores de Energia de Santa Catarina (Apesc), Gerson Berti, destacou a importância de debater o tema diante do cenário de mudanças e da diversificação das fontes. “Vamos precisar de engenharia e tecnologias para atender a expansão. O tema é relevante e há um público muito interessado”, concluiu.

 

 

 

 

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