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Educação está desconectada da produtividade, diz Ricardo Barros

Ao contrário do que ocorre em outros países, no Brasil a escolaridade do trabalhador não está refletindo na produtividade, alertou o economista em palestra na reunião de diretoria da FIESC

Florianópolis, 21.10.2016 – “Estamos produzindo muita educação, mas absolutamente desconectada da produtividade. Sem esse apoio vai ser difícil. Estamos em apuros”, alertou o professor do Insper e economista-chefe do Instituto Ayrton Senna, Ricardo Paes de Barros, durante reunião de diretoria da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), nesta sexta-feira (21), em Florianópolis. “Não existe País rico no longo prazo que não tenha produtividade”, disse.

Ele apresentou diversos dados que relacionam a educação com a produtividade e destacou que em 2004 Santa Catarina era o sexto Estado brasileiro com maior PIB por trabalhador. Contudo, em 2013 caiu para o nono lugar. “Quando olhamos para o que aconteceu, a situação catarinense é preocupante. Barros mostrou que de 2004 a 2013 o salário real cresceu 4% ao ano em Santa Catarina. Enquanto isso, no mesmo período, a produtividade avançou 1,5%. Não estamos conseguindo competir com as taxas de crescimento da África, que na média é 2,5%, comparou ele, salientando que a produtividade africana é menor do que a catarinense, mas vem aumentando numa velocidade mais rápida. “Não estamos nosso crescimento com o da Coreia e Cingapura, mas sim, com a taxa da África. E não estamos conseguindo competir. Ou seja, a locomotiva não está andando”, afirmou.

“Realmente são dados impressionantes e impactantes que mostram a gravidade da questão educacional. Mas, reafirmam a importância do nosso Movimento Santa Catarina pela Educação. Se vínhamos trabalhando nesse sentido, vamos ter que triplicar os esforços para melhorar a qualidade da nossa educação”, afirmou o presidente da FIESC, Glauco José Côrte.

Ricardo disse que há consenso de que a educação melhora a produtividade. Diversos países investiram nesse modelo e colheram os resultados. E citou como exemplo o Chile, onde cada ano de escolaridade gera US$ 3 mil a mais de produtividade por trabalhador; na China US$ 3,5 mil e na Malásia US$ 2,5 mil por série adicional. “No Brasil, esse valor é US$ 0,2 mil por série adicional. A produtividade simplesmente não vem respondendo a aumentos na escolaridade. O Brasil conseguiu designificar a educação para a economia. Ou seja, estamos produzindo muita educação, que até pode ser de muito boa qualidade, mas absolutamente desconectada da produtividade”, declarou.

“Temos que ver se falta resignificar essa educação e nesse momento de expandir o ensino médio é muito importante para fazer isso. Em vez de produzir mais do mesmo, precisamos produzir uma educação com mais significado para as pessoas e para aquilo que elas gostariam de produzir ao longo de sua vida”, concluiu.

Desafios e política: o analista político Carlos Melo fez um panorama do cenário brasileiro e afirmou que o País ainda está no labirinto. “Estamos retornando a governabilidade e isso é positivo, mas ainda estamos muito longe do ideal”, afirmou. Melo destacou que a base do governo é fragmentada e tem problemas de coesão. “Se olharmos para a crise, ainda não foi superada, só a fase aguda dela. Ainda é um mal crônico”, disse, chamando a atenção para o esgotamento estrutural na macroeconomia, para a crise de liderança e para o colapso do financiamento político.

Na opinião de Melo, o Brasil tem desafios para uma década e acredita que o cenário para 2016 e 2017 é neutro. “Deve ter um governo pouco efetivo, com dificuldades para aglutinar a base”, avaliou, lembrando que além da aprovação da PEC do teto dos gastos, o governo precisa fazer a reforma da previdência. Carlos acredita que o próximo presidente da República ainda vai pegar o Brasil em crise, pois os problemas estruturais ainda permanecem intactos, como o modelo político, a crise política e crise de liderança.



 


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